PÉROLAS da "Má língua" 

VIEIRA EM SITUAÇÃO HUMILHANTE 

 

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Vieira em Situação Humilhante

in comentários ao artigo "Rocha Vieira continua na Fundação"
Expresso, 3/6/00

3/6/2000
O General Rocha Vieira está numa situação de humilhação grave e que é incontornável. Porém, ao contrário do que se propala no pequeno círculo de amigos que ainda o apoiam, não foram os maus portugueses que criaram tal situação, nem se trata de uma campanha para o impedir de ser candidato à Presidência da República (pois nunca o exercício que fez do poder em Macau lhe permitiria uma tal ambição). Não. Foi o General Rocha Vieira que se virou contra si mesmo, colocando-se no centro de uma polémica que, como Homem de Estado, teria podido evitar não fosse o alto conceito que tinha de si próprio e o convencimento de que o apoio institucional que imerecidamente sempre teve do poder central em Lisboa, alguma vez, desaparecesse. 

É impensável que um homem que - durante cerca de 9 anos - exerceu um poder concentrado e absoluto não tivesse tido oportunidade de conduzir um processo de financimanto para uma Fundação privada, de forma legal (mesmo que para tal tivesse que mudar as leis existentes pois isso esteve sempre ao seu alcance), transparente e sem restrições financeiras. 

Porém, o General Rocha Vieira, mais preocupado, nos últimos tempos da sua governação, em aproveitar conhecer esta parte do Mundo (pois melhores condições jamais poderia reunir: viagens em 1ª. classe, hóteis de luxo e tratamento diferenciado em função do cargo que exercia)raramente se encontrava em Macau, deixando o tempo correr e com alguma distracção concentrando nos últimos momentos alguns assuntos que gostaria de ver resolvidos.Só isso poderá justificar que um financiamento na ordem dos cinquenta milhões de patacas tivesse tido um processo tão simples quanto aqueles que seguem uma tramitação com base em meras ordens verbais e que esse montante tenha sido transferido de Macau para Lisboa, quatro ou cinco dias antes da data da transferência de poderes. Não sendo aquela a razão (distracção e tratamento tardio dos assuntos), teria que se aceitar uma explicação que corre em certos sectores das comunidades de Macau: a de que a razão deste financiamento por parte da FCDM surgiu porque o Sr. Stanley Ho não cumprira compromisso inicialmente assumido de financiar exclusivamente a Fundação J.A. (com 150 milhões) pois, na oportunidade da entrega do financiamento, apenas doara 100 milhões de patacas.

Incorreu em sucessivos erros o Sr. General:
Errou quando,em meados de Janeiro, vinda a público a questão do financiamento da Fundação JA (a parte proveniente da FCDM), se calou, preparando e fazendo depender a reacção em função do desenvolvimento que o caso viesse a ter. Se estivesse num quadro transparente teria tomado logo posição. Mas não, o General Rocha Vieira sabia que tinha errado na forma como conduzira o processo de financiamento e desconhecia que iria perder o apoio institucional de Lisboa. Porém, tal silêncio poderia ter sido benéfico para a sua pessoa, se tivesse permanecido nessa atitude quando teve conhecimento (confidencial) das conclusões do relatório da Comissão Independente.

 O General Rocha Vieira, convicto de que o seu "poder" era vitalício,menosprezou todos quantos sabiam de tais conclusões e agarrou-se de forma escandalosamente errada à correcta atitude do Chefe do Executivo de Macau em não fazer publicar as conclusões do relatório e cometeu dois erros monumentais. (Incrível num homem de Estado!) Um:fez circular pela imprensa uma carta através da qual tentou passar a ideia de que as conclusões lhe eram favoráveis e teriam sido no sentido de que a sua actuação fôra legal e transparente; Dois: permitiu que a Fundação J.A. tivesse solicitado a dois conhecidos Professores de Direito (Administrativo) um Parecer para contrariar as conclusões da Comissão Independente da RAEM. Ora estas duas atitudes tiveram como consequência inevitável reacções em cadeia que conduziram à divulgação do Relatório.


Mas não ficou por aqui o Sr. General Rocha Vieira. Contrariando uma vez mais um propósito do Chefe do Executivo de encerrar definitivamente a questão da Fundação e tendo conhecimento de que este não tinha a menor intenção de abordar o assunto no decurso da primeira visita oficial a Portugal naquela qualidade, o General provocou a abordagem deste polémico tema, pedindo a um Homem de Estado que fizesse uma "coisa" que em parte alguma do mundo poderia ser feita, sem ter tido a capacidade de discernir que uma tal abordagem lhe seria totalmente prejudicial como veio a acontecer.


Apesar de tudo e numa situação já de completo desastre pessoal comete a imprudência de fazer publicar no semanário "Expresso" a sua pequenina verdade sobre Macau, com a qual, num acto de descontrolo, dá o golpe final na sua carreira política. Não só toma uma atitude condenável em termos diplomáticos - atacando ferozmente o Chefe do Executivo da RAEM - como, ignorando de todo o posicionamento sobre a questão das instâncias do poder em Lisboa, dá-se ao luxo de fazer um apelo à honra e dignidade do Estado português que passavam completamente incólumes às diatribes do Sr. General que viu, dois dias depois, ser publicado na imprensa o desprezo que mereceu esse seu apelo ao Presidente da República que, se apressou, a separar as águas.


O Sr. General Rocha Vieira cometeu erros consecutivos bem reveladores da pobre (ou quem sabe maldosa!) assistência política e legal de que tem estado rodeado. Mas persiste no erro: após ter dito publicamente que a Fundação J.A. perdera de todo o sentido para si, acabou por se desmentir a si próprio, ao permanecer afinal na dita Fundação como curador. E que não se justifique tal atitude com o facto de estar prevista nos Estatutos da dita Fundação a integração dos Ex-governadores de Macau como Curadores. Tal previsão admite mas não obriga.


Sobressai ainda um facto significativo para qualquer pessoa minimamente atenta ao desenvolvimento deste processo: o Sr. General Rocha Vieira fez introduzir uma alteração de última hora no livro "Sem Dias de Macau",do Sr. Dinis Abreu, adaptando um discurso anterior ao desenvolvimento da polémica da Fundação.


Sr. General:
Que falta de jeito essa, a de vir "a posteriori" dar a entender que previra "polémica" na concretização da sua iniciativa privada de criar uma fundação!

Maria do Rosário Antunes Russo Redinha

-- Maria do Rosário Antunes Russo Redinha, [email protected]

 

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