PÉROLAS da "Má língua" Surpreso
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Surpreso in comentários ao artigo Rocha Vieira perturba visita de Ho, Expresso, 20/5/00
Alertado por um amigo aqui vim parar e fiquei
profundamente surpreendido com os comentários aos artigos do Expresso. Até
porque era suposto que os comentários fossem sobre os artigos em causa e
não uma troca de galhardetes entre leitores mais activos. Alguns já devem estar a pensar. – Olha, temos
aqui um defensor do General! – Enganam-se, senhores. Enganam-se
rotundamente. Fui e sou um profundo crítico das políticas e do estilo
autocrático de actuação do General Rocha Vieira enquanto Governador de
Macau. Fui vítima da sua política de perseguição de todos aqueles que
tinham a ousadia de pensar os reais interesses de Macau e de não se
curvarem perante ameaças de ditadores. Fui “corrido” de Macau por um
dos seus ex-secretários adjuntos. Não interessa qual. E contudo, apesar
deste “saneamento político” cobardemente não assumido, e das sua
consequências nefastas na minha vida pessoal e profissional, entendo que
não devo descer ao nível moral e intelectual desses senhores, desatando
a invectivá-los e pondo em causa a sua honra e dignidade. Até porque há
a presunção de inocência até prova e condenação em tribunal próprio.
Passando agora à matéria de facto, e depois de ler
atentamente os longos excertos do relatório da comissão de investigação
publicados no Ponto Final de 12 de Maio, assim como o parecer oposto dos
Dr. Sérvulo Correia e Dr. Rui Medeiros, não me restam quaisquer dúvidas
sobre a condenação do acto praticado pelo ex-governador de Macau. E como
português que me orgulho de ser fico profundamente envergonhado. Partilho
das opiniões manifestadas que a Fundação não deve ser reconhecida
enquanto tal e o PR tem a obrigação moral e política de convencer o
General a devolver os 50 milhões de patacas retirados à FCDM E nada mais
digo quanto a isto. Quanto ao afastamento de Lisboa relativamente a esta
matéria, ao facto de o PR e o Governo “ignorarem” o General,
tentando, deste modo, marcar uma posição de distanciamento relativamente
à tão polémica Fundação, já vivi o suficiente para não me deixar
enganar. Isso é apenas aparência. Há vínculos muito fortes entre o
General e a actual nomenclatura de Lisboa – para bom entendedor meia
palavra basta!. Quando muito o MAI poderá arranjar alguma desculpa para não
reconhecer a Fundação do General. E tudo ficará por aí. E brevemente
teremos a prova disto. O PR prepara-se para condecorar o General no próximo
mês. Espero que o Expresso continue atento e cumpra as
suas obrigações para com os leitores de continuar a praticar um
jornalismo sério, isento, e não se deixe enredar, como já aconteceu no
passado, nas malhas da rede de interesses que rodeiam o General Rocha
Vieira. Sendo notório que há muita gente interessada em
discutir e analisar o que se passou em Macau, particularmente durante o
“reinado” autocrático do General Rocha Vieira, com a conivência
autista do Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, não seria
interessante abrir um espaço de debate próprio? Deixo a sugestão para
quem seja capaz. Leitor
atento
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