ARTIGOS O
SILÊNCIO QUE ENVERGONHA,
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19 de Maio O caso Rocha Vieira/Fundação Jorge Álvares é uma vergonha. Em nome da 'real politik', os órgãos de soberania portugueses mantêm-se à distância. O MNE refugia-se no facto de não ter sido previamente informado; e Jorge Sampaio, em vésperas de campanha eleitoral, tenta esvaziar a importância da questão. Uma vergonha nacional. por Raul Vaz O silêncio de Vasco Rocha Vieira é, no mínimo, comprometedor. Com a cumplicidade do Presidente da República e o alheamento do Governo e da generalidade dos responsáveis políticos. As conclusões do inquérito à fundação criada pelo ex-governador de Macau, para o próprio presidir, enxovalham Rocha Vieira, acusado, enquanto primeiro responsável pelo território, de actuação ilegal. E enxovalham Portugal. Sem que se veja indignação, como se a corte esteja a pagar em silêncio as viagens de puro lazer ao fim do império. Uma vergonha. As conclusões - divulgadas pelo Público - do relatório da comissão que investigou o financiamento concedido pela Fundação para a Cooperação e Desenvolvimento de Macau (FCDM), presidida pelo então governador Rocha Vieira, à Fundação Jorge Álvares (FJA), presidida pelo mesmo Rocha Vieira, confirmam a imoralidade: pouco tempo antes de deixar o território, o governador permitiu a transferência de 50 milhões de patacas (1,25 milhões de contos) de um cofre para o outro; ou seja, da fundação que chefiava e ia deixar de liderar, para a fundação que criava e a que iria presidir. Assim, da árvore das patacas saía um implante de estaca para o arbusto dos escudos. Feito nas barbas dos chineses que, apesar do carinho por Rocha Vieira, não cobriram a parada. Na altura, a imagem do homem que se despede do império com a última bandeira ao peito abafou qualquer dúvida. Estava ali o último herói, o governador que tinha levado, com punhos de renda, a missão até ao fim. Percebendo, como ninguém, a realidade chinesa, uma cultura diferente, um país de dois ou mais sistemas. Quem, contra a corrente, expressava alguma indignação, fazia-o porque não gostava do governador, ou não teria sido convidado para uma das muitas pontes aéreas pagas pelo dinheiro do jogo. E, pecado sem perdão, não valorizavam o sentido de Estado de um homem que tinha guardado a última bandeira. Que acto poderia manchar tanto orgulho? Obviamente, nenhum. Só que os chineses, além de supersticiosos, não gostam de ser enganados. O novo governador, Edmund Ho, exigiu um inquérito e as conclusões são devastadoras: «Quer como governador de Macau, quer como presidente do conselho de curadores [da FCDM], o sr. Vasco Rocha Vieira tinha interesse directo, deveria declarar-se impedido e não intervir no procedimento de apreciação do pedido de subsídio [da FJA] (...) O sr. Vasco Rocha Vieira ultrapassou ilegalmente o seu âmbito de competência (...), sem que para tal houvesse fundamento legal suficiente». Em nome da 'real politik', os órgãos de soberania portugueses mantêm-se à distância. O Ministério dos Negócios Estrangeiros refugia-se no facto de não ter sido previamente informado do processo; e Jorge Sampaio - que chegou a chamar Rocha Veira a Belém e fez saber da sua profunda irritação pela forma como o último governador manchou a última saída -, tenta agora, em vésperas de uma campanha eleitoral avessa a polémicas, esvaziar a importância da questão. Formalmente, Portugal não quererá dar trunfos à China. Mais do que aqueles que Rocha Veira foi dando em oito anos de transição tranquila. Oito anos em que soube construir o escudo para um dourado lugar de recuo. Edmund Ho deixa «à consciência» de Rocha Vieira a devolução de 1,25 milhões de contos. Bem pode esperar...
António Guterres entrou no ciclo da convicção. Se tudo correr bem, os combustíveis não voltarão a subir nesta legislatura; se tudo correr como espera, os aumentos da função pública continuarão indexados à inflação do próximo ano. Se nada correr como o primeiro-ministro deseja, os combustíveis voltarão a aumentar e os funcionários públicos serão compensados pelo erro de cálculo. Guterres parece já não ser capaz de enfrentar a própria realidade.
Marcelo Rebelo de Sousa apresentou ontem um projecto de reforma do sistema educativo. Um exemplo do que Durão Barroso deveria fazer e não é capaz. O PSD tem alternativa e Guterres um adversário à altura
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