ARTIGOS 

PSD-MACAU CONTRA ROCHA VIEIRA,
  Público, 19/6/00

Críticas a texto de Ferreira do Amaral
PSD-Macau Contra Rocha Vieira
Por ISABEL BRAGA
^{Público, egunda-feira, 19 de Junho de 2000}

O presidente da Comissão Política do núcleo de Macau do PSD, Nuno Lima Bastos, numa carta a Ferreira do Amaral, manifestou "estupefacção e indignação" pelo texto de apoio ao último governador de Macau, Rocha Vieira, intitulado "Não, o assunto não está encerrado", que aquele candidato à Presidência da República escreveu no jornal PÚBLICO de 4 de Junho.

Nuno Lima Basto manifesta o receio de que tal artigo e outro, "do mesmo teor", da autoria do eurodeputado do PSD, Vasco Graça Moura, publicado no "Diário de Notícias", possam criar "uma imagem de colagem" de Rocha Vieira e "dos seus colaboradores mais directos" ao PSD. "Seria desastroso para o partido", sublinha.

Depois de explicar que a Comissão Política do PSD-Macau tem vindo a alertar há já bastante tempo para "um conjunto de práticas profundamente antidemocráticas" que "caracterizaram a actuação" do último governador de Macau, o signatário da carta, publicada no dia 9 no semanário macaense "Ponto Final", afirma que um "candidato presidencial, com pretensões a ser eleito, não pode escrever e divulgar um artigo de opinião revelador de tão confrangedor desconhecimento do que foi a realidade recente" do território.

Ao manifestar o seu apoio a Rocha Vieira, Ferreira do Amaral não só prestou "um péssimo serviço" à comunidade portuguesa residente em Macau, como "desbaratou um trunfo" que "poderia e deveria ser explorado" na campanha das presidenciais: a "total passividade do dr. Jorge Sampaio em relação ao comportamento autocrático e persecutório de alguns responsáveis do último Governo de Macau", que exerceram o poder "com total desprezo por todos os cidadãos portugueses que lhe recusaram vassalagem".

Nuno Lima acusa ainda o candidato presidencial de "falta de sentido de Estado" e "descortesia" na forma como se dirige, no artigo no PÚBLICO, ao actual chefe do executivo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), Edmund Ho, afirmando que, no caso da polémica levantada no território pela Fundação Jorge Álvares, criada por Rocha Vieira, tem sido Edmund Ho a "pôr água na fervura, decerto para salvaguardar os portugueses" que ainda vivem em Macau.

O presidente do PSD-Macau - que explica que irá dar "conhecimento integral" da carta ao presidente do partido, Durão Barroso - acusa Ferreira do Amaral de adoptar "a cassete da confusão entre a dignidade" de Portugal e a do último governador português de Macau. E termina explicando que as razões apresentadas na carta são "mais do que suficientes" para não votar no candidato do PSD nas eleições presidenciais.

Isabel Braga

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