A divulgação da notícia da existência da fundação e o facto de Rocha Vieira surgir como seu presidente, depois de ter lhe ter atribuído a referida verba, causou polémica em Janeiro passado. Em Macau, afirmava-se que a existência da fundação era desconhecida e que se tratava de mais um organismo que estaria a ser financiado indirectamente pelo dinheiro do jogo. Edmund Ho, chefe do Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), mandou então instaurar um inquérito.

Os resultados foram sumariamente revelados no domingo passado: Ho assumiu que a existência da fundação era do conhecimento das autoridades chinesas e considerou não haver motivo para publicar o relatório. Mas Vasco Fong, o juiz que presidiu ao inquérito, defendeu que o conselho de administração da Fundação para a Cooperação e Desenvolvimento de Macau (entidade que efectuou a transferência da verba em causa, então presidida por Rocha Vieira) só tinha poderes para efectuar transferências até meio milhão de patacas. Além disso, pôs em causa que a ordem de transferência do dinheiro tivesse sido dada verbalmente pelo governador.

Em Lisboa, Rocha Vieira quebrou o silêncio a que se tinha remetido desde Janeiro - alegadamente, para evitar prejudicar as relações entre Portugal e Macau. Segundo o general, a decisão de apoiar a Fundação Jorge Álvares enquadrava-se nas competências do governador de Macau, «teve total transparência e foi comunicada, em tempo, aos futuros responsáveis pela RAEM» .

ANA PAULA AZEVEDO

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