NA IMPRENSA PORTUGUESA
Fundação
dominou visita de Edmund
in Jornal Tribuna de Macau, 22/5/00
“A Fundação Jorge Álvares pairou sobre
a visita a Lisboa do Chefe do Executivo, Edmund Ho. O assunto foi
propositadamente ignorado nas múltiplas reuniões
de trabalho, para evitar escolhos nas relações entre Portugal e
Macau. Mas a sua sombra nunca deixou de estar presente” salientava
o “Expresso”, no que é uma síntese do sentimento generalizado
surgido na Imprensa portuguesa
RETRATO. Ex-governadores e PR pousam com comitiva
da RAEM
Refere o semanário dirigido por José António
Saraiva que “o jantar oferecido quinta-feira pelo PR em Queluz ilustrou
o distanciamento de Belém relativamente a Rocha Vieira. Para a recepção,
foram convidados todos os sete ex-governadores de Macau vivos - desde o
general Lopes dos Santos (que esteve à frente do Território na primeira
metade dos anos 60) até Rocha Vieira. Este último, porém, não foi alvo
de atenção especial - para além da curiosidade dos jornalistas e de
muitos dos presentes, que não quiseram perder a foto de família dos
ex-governadores com o governante chinês, acompanhados por Sampaio e pela
presidente da Assembleia Legislativa, Susana Chou.
Na mesa da presidência, ao lado de Sampaio e Ho, uma boa dúzia de
personalidades de Portugal e de Macau, da política, da diplomacia e dos
negócios. Ali se sentaram o líder do PSD, Durão Barroso, o patriarca de
Lisboa, D. José Policarpo, e o cônsul de Portugal em Macau, Carlos
Frota.
Significativamente, não houve lugar para Rocha Vieira. Os discursos, de
circunstância, não mencionaram a polémica fundação e silenciaram o
nome de Rocha Vieira. Abordada pelo “Expresso”, fonte de Belém
classificou a forma de constituição da fundação como «um processo
estranho, em que houve manifestamente aspectos não acautelados e que
poderiam ter sido melindrosos para o Estado português». Jorge Sampaio
veio, contudo, desmentir esta posição no dia seguinte (ver caixa).
Diz o “Expresso que “ainda mais vincado foi o distanciamento
que, na véspera, o ministro Jaime Gama fez questão de revelar. É que,
se Rocha Vieira ainda comunicara ao Presidente o projecto de criar a fundação,
não informou do facto o ministro dos Negócios Estrangeiros. Razão pela
qual, desde que o caso rebentou, Jaime Gama, apanhado de surpresa, nunca
escondeu seu agastamento. O ministro, nº 2 do Governo, excluiu
ostensivamente Rocha Vieira do jantar oferecido quarta-feira a Edmund Ho
nas Necessidades. Oficialmente, não foi convidado nenhum dos
ex-governadores. A verdade, porém, é que Carlos Monjardino compareceu ao
banquete, se bem que na qualidade de membro da Fundação Oriente”.
Segundo o semanário, por outro lado, “o Ministério da Administração
Interna, através do secretário de Estado Luís Patrão, está a fazer
depender o registo da fundação de um parecer do Palácio das
Necessidades, para «verificar se a génese desta fundação pode afectar
as relações entre Portugal e outros países». Embora nas múltiplas
conversações de Edmund Ho com as autoridades portuguesas o assunto não
tenha sido abordado, Rocha Vieira foi ostensivamente marginalizado, pois,
no banquete de Queluz, Jorge Sampaio não levou o general para a mesa
principal, e Jaime Gama nem o convidou para o jantar das Necessidades”.
Diz o “Expresso” que Edmund Ho e Rocha Vieira “reencontraram-se no
jantar do Palácio de Queluz. Mas só na sexta-feira é que o Chefe do
Executivo se dispôs a uma conversa com o seu antecessor, à margem do
programa oficial. Foi ao fim da tarde, durante a recepção oferecida no
hotel Ritz. À vista de todos os convidados, Ho e Vieira sentaram-se a um
canto e trocaram impressões, a sós, durante cerca de vinte minutos.
Seguidamente, juntaram-se-lhes os outros seis ex-governadores de Macau
vivos”.
“Público” lança o “mote”
O “mote” para a “recepção” dos media portugueses à que foi a
primeira visita do Chefe do Executivo da RAEM a Lisboa surgiu na edição
de terça-feira do “Público”, um dia antes de Edmund Ho desembarcar
no Aeroporto de Lisboa . Sob o título “Chineses Acusam Rocha Vieira”,
o matutino revelava que “o relatório da Comissão Independente nomeada
pelo Governo da Região Administrativa Especial de Macau para avaliar a
legalidade do financiamento da Fundação para a Cooperação e
Desenvolvimento de Macau (FCDM) à Fundação Jorge Álvares (FJA),
presidida pelo general Rocha Vieira, atribuiu a este ex-governador uma
actuação ilegal”.
Através do relatório da comissão, o “Público” diz que ele conclui
que “esse financiamento, no valor de 50 milhões de patacas é “anulável”
e que Rocha Vieira “ultrapassou ilegalmente o seu âmbito de competência
e directamente interferiu no funcionamento de uma entidade dotada de
autonomia administrativa e financeira sem que para tal houvesse fundamento
legal suficiente”, publicando um dos extractos conclusivos: “quer como
Governador de Macau, quer como Presidente do Conselho de Curadores, o sr.
Vasco Rocha Vieira tinha interesse directo, deveria declarar-se impedido e
não intervir no procedimento de apreciação do pedido de subsídio, também
não deveria interferir no procedimento de apreciação do pedido de subsídio
a fazer por parte de outros órgãos da FCDM”, sublinha o relatório,
que sintetiza uma investigação com mais de quatro mil páginas em
documentos e anexos.
O texto do “Público” é extenso e cobre vários pontos do relatório,
referindo nomeadamente que o donativo concedido à FJA “nunca foi
objecto de deliberação por parte do Conselho de Curadores” da FCDM,
“não podendo, como tal, ser entendido como decisão deste órgão” e
que “aliás, o Conselho de Administração da FCDM “não conseguia
distinguir quando o Sr. Vasco da Rocha Vieira intervinha nos assuntos da
Fundação na qualidade de Governador e na qualidade de Presidente do
Conselho de Curadores”.
Adiantava a edição de terça-feira do “Público” que o documento da
comissão recomenda: “Urge modificar” os estatutos da FCDM na parte em
que “se estipula que o Presidente do Conselho de Administração é
representante do Governador”. Relativamente ao Conselho Fiscal da FCDM,
a Comissão Independente também é muito crítica, afirmando que não há
qualquer documento escrito referente ao seu funcionamento, nem actas das
reuniões, acrescentando que “os seus membros prestaram depoimentos
entre si contraditórios”, para considerar que o papel do Conselho
Fiscal foi “demasiado passivo”.
Diz ainda aquele matutino que “na secretaria-geral do Ministério da
Administração Interna deu já entrada o pedido de reconhecimento legal
da FJA. O pedido será apreciado por Luís Patrão, secretário de Estado
da Administração Interna, no qual o ministro Fernando Gomes delegou essa
responsabilidade. Confrontado pelo jornal com as críticas e reservas das
autoridades de Macau, o chefe de gabinete do secretário de Estado
afirmou: “Não temos que apreciar a proveniência do dinheiro, apenas
nos interessa se a fundação tem os meios para cumprir os fins
[necessariamente altruísticos] a que se propõe”, afirmou Marcos
Perestrelo, chefe de gabinete de Luís Patrão.
DN diz que “Macau viola acordo”
No dia da chegada, o “Diário de Notícias” abria o jornal com a
manchete “Macau viola acordo”, baseando-se num artigo do ex-secretário-adjunto
para a Justiça Jorge Silveira, para concluir que “Pequim já começa a
rever leis que se compromete a respeitar durante 50 anos”.
Logo a seguir o DN, contudo, diz que afinal foram “os deputados à
Assembleia Legislativa de Macau” que “aprovaram, em finais de Abril,
propostas de lei de alteração ao Código Comercial, Código do Registo
Comercial e Código do Notariado”, adiantando que “ a decisão
surpreendeu os meios jurídicos em Macau por ter ocorrido escassos cinco
meses após a cerimónia de transferência de soberania de Portugal para a
República Popular da China. E também pelo facto de tal procedimento
contrariar a Declaração Conjunta”.
O artigo de opinião de Jorge Silveira, de teor técnico-político explica
que “nos anos que decorreram entre a assinatura da Declaração Conjunta
e a reassunção pela RPC do exercício da soberania sobre Macau, a
Administração portuguesa recriou o Direito de Macau, modernizando-o,
adequando-o à realidade local e vertendo-o para a língua chinesa. Antes
da sua aprovação pelo governador, todos os grandes Códigos foram
submetidos à apreciação política da Assembleia Legislativa de Macau e
à apreciação técnica dos juristas locais, tendo sido amplamente
divulgados junto da população. E, para garantir a sua continuidade
futura, foram também submetidos a consultas com a RPC no Grupo de Ligação
Conjunto Luso-Chinês.”
No seu artigo de opinião, já transcrito na íntegra pelo JTM, Jorge
Silveira explica que no passado dia 24 de Abril “foram publicadas três
leis acabadas de aprovar pela Assembleia Legislativa, por proposta do
Governo apresentada com carácter de urgência e para entrar imediatamente
em vigor, que introduzem diversas alterações ao Código do Notariado
(Lei n.º 4/2000), ao Código do Registo Comercial (Lei n.º 5/2000) e ao
Código Comercial (Lei n.º 6/2000)” considerando que “as modificações
introduzidas aos dois últimos diplomas são profundas, tendo a intervenção
incidido essencialmente sobre a matéria das sociedades comerciais, com
uma drástica restrição quer dos actos sujeitos a registo, quer dos
actos sujeitos a publicação.”
O ex-secretário adjunto diz que “não está naturalmente em causa a
legitimidade do órgão legislativo da RAEM em introduzir alterações
pontuais ao ordenamento jurídico. Todos sabemos que tais alterações
seriam um dia inevitáveis, não podendo a Declaração Conjunta ser
interpretada no sentido de obrigar a uma cristalização, durante 50 anos,
das leis da sociedade macaense”, e por outro lado que ‘poderá
defender-se que a intervenção operada pelos diplomas mencionados se
situa numa área exclusivamente técnica, não beliscando os valores
fundamentais do ordenamento”, mas Silveira diz que “não é univoco,
porém, que assim seja” defendendo que “é hoje inquestionável que um
direito comercial moderno, para alcançar uma justa tutela dos interesses
das sociedades comerciais, dos interesses de terceiros e do interesse público,
deve reforçar a tendência para a máxima transparência, como condição
da liberdade de organização e funcionamento, e responsabilização dos
titulares dos órgãos e dos sócios, como condição de segurança e
fiabilidade nas relações com terceiros.”
Jorge Silveira acha estranho “o à-vontade com que, passados apenas
quatro meses sobre o estabelecimento da RAEM, se alteram apressadamente
diplomas cuidadosamente preparados e amplamente discutidos na sociedade
macaense durante anos e que obtiveram consenso diplomático entre Portugal
e a China no GLC” e acentua mesmo que não se vislumbram razões sólidas
para tais alterações”
A surpresa de Gama
No mesmo dia, “O Público” diz que o dossier [Fundação] apanhou Gama
de surpresa e apresenta um parecer de Sérvulo Correia sobre a legalidade
da criação da Fundação
Em texto assinado por João Pedro Henriques, o “Público” cita uma
fonte do gabinete do ministro Jaime Gama como tendo afirmado que este
“dossier” é “totalmente desconhecido no MNE e “nunca este sequer
esteve em sede de apreciação na comissão interministerial de Macau ou
foi levantado por qualquer das delegações no âmbito do GLC”, onde se
negociou a transferência da administração”.
Explica o jornal que “neste órgão, a delegação portuguesa era
chefiada pelo embaixador Santana Carlos. Por inerência, o mesmo diplomata
também coordenava a comissão interministerial, uma estrutura
exclusivamente portuguesa onde tinham assento representantes dos vários
ministérios cujas áreas de tutela tinham influência na transição da
administração de Macau para as mãos da China”, para adiantar que “às
duas estruturas, o então governador - ou um seu representante - nunca
levou a constituição da FJA, cujo financiamento, originário de uma
outra fundação pública macaense (a Fundação para a Cooperação e
Desenvolvimento de Macau), foi considerado “ilegal” por uma comissão
independente nomeada em Janeiro de 2000 por Edmund Ho.
Segundo o “Público”, “a revelação da fonte do gabinete de Gama
indicia, por outro lado, que toda a controvérsia apanhou de surpresa o
ministro.” Segundo Horácio Vale César, porta-voz do ministro Jaime
Gama, “não está previsto” que a questão da FJA seja abordada na
reunião entre o titular dos Negócios Estrangeiros e o Chefe do
Executivo. De resto, diz ainda o porta-voz, há vários factos que tornam
“bem claro” o empenhamento de Edmund Ho na “continuidade e reforço”
das relações entre Portugal e a RAEM. A saber: “O facto de esta visita
ser a primeira deslocação oficial ao estrangeiro do chefe do executivo
macaense”, de a deslocação “ocorrer apenas menos de cinco meses
depois da institucionalização da RAEM” e ainda de “coincidir com a
presidência portuguesa da UE”.
A defesa de Sérvulo Correia
O mesmo jornal português revela, por outro lado, que “a actuação do
general Rocha Vieira na atribuição do subsídio de 50 milhões de
patacas à FJA por si presidida é considerada legal por um parecer do
jurista Sérvulo Correia, professor da Faculdade de Direito de Lisboa, que
sublinha ainda que “o comportamento adoptado pelo general Rocha Vieira não
consubstancia uma verdadeira ordem dada ao conselho de administração”
da Fundação para a Cooperação e Desenvolvimento de Macau. O parecer
foi encomendado pela própria FJA, entidade a quem foi concedida aquela
verba pela FCDM, a que Rocha Vieira também presidia na qualidade de
governador de Macau. Segundo Sérvulo Correia, este subsídio “não
extravasa as atribuições” da FCDM e, por outro lado, a actuação de
Rocha Vieira é plenamente justificada.
No texto assinado por Isabel Braga, o “Público” cita partes do
parecer do professor da Faculdade de Direito de Lisboa nomeadamente
referindo que “não se vislumbra qualquer base legal para (...)
sustentar a incompatibilidade da atribuição do donativo à FJA com os
fins da FCDM”, entre os quais se conta o desenvolvimento das relações
de cooperação com as instituições da China ou de Portugal, porque a
FCDM “atribui o subsídio a uma fundação que ainda não se encontra em
pleno funcionamento” - a FJA.”, e que “o conselho de administração
“tem competência para autorizar a realização de despesas inerentes às
atribuições da fundação e indispensáveis ao seu funcionamento”,
pelo que não há nenhuma disposição legal que “imponha que uma tal
deliberação seja necessariamente precedida de pronúncia do conselho de
curadores”.
Não há, segundo o jurista português, “qualquer base legal” para se
poder afirmar que, sendo o donativo [à FJA] muito elevado, o conselho de
administração “deveria ter pedido a intervenção do conselho de
curadores”. Segundo os autores do relatório pedido pela comissão
independente de Macau o conselho de curadores devia ter sido ouvido
obrigatoriamente. Sérvulo Correia acentua que o antigo governador de
Macau nunca deu por escrito qualquer ordem à FCDM para subsidiar a FJA,
apenas a transmitiu ou mandou transmitir oralmente à presidente do CA da
FCDM, Gabriela César, em duas ocasiões, uma delas através do seu chefe
de gabinete, e , por outro lado que “também não há nada que impeça o
general Rocha Vieira de, “logo após a cessação das suas funções
como governador de Macau”, se tornar “presidente do conselho de
curadores e, por inerência, presidente do conselho de administração da
Fundação Jorge Álvares”.
“Público” fala de vingança
Na quinta-feira, o “Público” considera que a notícia do “Diário
de Notícias” segundo a qual a China estaria a violar os acordos com
Portugal (ao proceder em Macau a alterações profundas em alguns códigos
legais) foi vista no MNE e por alguns observadores especializados em questões
do território com uma vingança do general Rocha Vieira sobre as novas
autoridades do território, que o acusaram se ter financiado a sua Fundação
Jorge Álvares (FJA) de forma ilegal.
Sem nomear nenhum dos “observadores especializados”, nem qualquer
fonte do MNE, o matutino explica que “a notícia nasceu de um artigo
assinado naquele jornal pelo último secretário adjunto português para a
Justiça, Jorge Noronha e Silveira. O jurista considerou que devem merecer
“preocupação” do Governo português as alterações profundas que a
autoridades da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) operaram
nos códigos macaenses Comercial, do Notariado e do Registo Comercial.”
Na mesma edição dá-se conta da conferência de Imprensa conjunta entre
Edmund Ho e Jaime Gama, transcrita em todos os jornais portugueses. Porém,
só João Pedro Henriques no “Público” dá conta de declarações de
Edmund Ho que referem que “é um problema da “consciência” do
general devolver ou não o dinheiro que a fundação obteve de forma
“ilegal”, segundo um inquérito conduzido pela nova administração
chinesa do Território”.
Segundo o “Público”, Edmund Ho terá dito que “fica à consciência
do general Rocha Vieira a devolução a Macau dos 50 milhões de patacas
que este obteve de uma fundação pública macaense (que tutelava enquanto
governador do Território) para uma fundação privada sediada em Lisboa a
que agora preside, a Fundação Jorge Álvares (FJA).”
Adianta o jornal que “na conferência de imprensa, Edmund Ho foi
confrontado com a manchete da edição do “DN”, onde é revelado que a
RAEM está a proceder a alterações profundas em alguns códigos legais
macaenses, o que pode ser visto como uma violação dos acordos com
Portugal que regularam a transferência da administração do território
dos portugueses para os chineses. O Chefe do Executivo, que tem previsto
na sua agenda um encontro com o ministro da Justiça, desdramatizou
dizendo que Macau e Portugal estão a fazer um “esforço conjunto” na
“melhoria das leis macaenses”.
O “Diário de Notícias” apresentou no dia seguinte declarações do
ministro da Justiça, António Costa, explicando que “não considera ter
havido nenhuma violação da Declaração Conjunta Luso-Chinesa em consequência
da revisão pontual de códigos comerciais em Macau. António Costa
apoiava, assim, declarações do chefe do Executivo da Região
Administrativa Especial de Macau, Edmund Ho, que disse que as alterações
feitas pela Assembleia Legislativa são pontuais e técnicas apenas com o
objectivo de dar resposta a sugestões de agentes económicos e empresários
do Território”.
Jorge Sampaio diz que
foi informado no início de 1999
O Presidente da República, Jorge Sampaio,
disse no sábado que foi informado no início de 1999 pelo próprio
general Rocha Vieira sobre a existência da iniciativa [da Fundação
Jorge Álvares] e garantiu que “é completamente contrário a frases
imputadas” à Presidência da República sobre o assunto, aludindo à
notícia do “Expresso” que dizia que a Presidência e o Governo se
afastam de Rocha Vieira e que alguém de Belém considerou a criação da
fundação um “estranho processo”.
Entrevistado por Maria João Avillez, Maria José Nogueira Pinto,
Guilherme de Oliveira Martins e João Amaral, no programa Prova dos
Quatro, da Rádio Renascença, Jorge Sampaio considerou, por outro lado,
que Rocha Vieira “vai ter que dizer alguma coisa” sobre a Fundação
Jorge Álvares por causa das críticas que lhe têm sido dirigidas sobre
este assunto.
Salientando que Edmund Ho disse há algum tempo que “o assunto estava
encerrado”, Sampaio afirmou: “Não vamos crucificar pessoas como Rocha
Vieira, que prestaram grandes serviços [a Portugal]”.