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ENTREVISTA A EDMUND HO,
 
Diário Económico 17/5/00

 

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Entrevista a Edmund Ho
Diário Económico
17 de Maio

Macau - Entrevista: Fundação Jorge Álvares é um assunto que está encerrado

Edmund Ho, que chega hoje a Portugal acompanhado de uma delegação de empresários, vai privilegiar o contacto com as empresas de pequena e média dimensão.

«Os empresários portugueses estiveram em Macau, mas não foram encorajados a trabalhar com os empresários locais».

 

por João Francisco Pinto

191060O primeiro chinês a assumir a chefia do território de Macau em mais de 450 anos chega amanhã, a Portugal numa visita de dois dias, que é a sua primeira viagem oficial ao exterior. Edmund Ho, numa entrevista a um grupo de orgãos de comunicação social portugueses considera a visita politicamente importante e espera que sirva para reforçar a cooperação com o Estado português.

O chefe do executivo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) fala da polémica à volta da Fundação Jorge Álvares que considera encerrada e afirma que vai cumprimentar o antigo governador Rocha Vieira como um velho amigo.

 

Cresceu sob administração portuguesa, tem amigos em Portugal. Politicamente, qual o significado desta visita a Lisboa?

Edmund Ho - É muito importante. Em parte por causa de razões históricas, uma vez que a anterior administração era portuguesa, mas também pelo facto de Portugal deter actualmente a presidência da União Europeia (UE). Um dos principais objectivos do governo da RAEM é desenvolver uma melhor cooperação e melhores relações de trabalho com a União Europeia.

Por isso, a visita a Portugal tem um duplo objectivo. Um, é claro, reforçar a cooperação entre Portugal e Macau, mas também pelo facto de Portugal ter actualmente a presidência da UE. Daí também o interesse da visita subsequente, à França. O governo português tem mantido uma atitude amigável e de cooperação quanto ao futuro relacionamento entre Portugal e Macau. Mas eu gostaria de cimentar ainda mais as relações empresariais, especialmente entre empresas de pequena e média dimensão.

Gostava de ter mais empresas portuguesas em Macau?

E.H. - No passado, os empresários portugueses não foram encorajados a trabalhar com os empresários locais para desenvolver a economia da região. Estiveram em Macau, principalmente por causa do mercado local. Sabemos que um pequeno número de empresas portuguesas tem projectos de longo prazo para investir na China. Ainda assim, não acredito que tenham utilizado as oportunidades oferecidas em Macau. Penso que isto é muito importante para as pequenas e médias empresas, uma vez que não podem vir a Macau com regularidade devido ao reduzido volume de negócio. O estabelecimento de relações de trabalho entre as duas comunidades ajudará Macau e Portugal.

Numa altura em correm notícias de alguns desinvestimentos, como a eventual saída da TAP do capital da Air macau. Está preocupado?

E.H. - Não estou muito preocupado com o facto das companhias comprarem ou venderem as suas participações. Este é um mercado livre, por isso as empresas têm liberdade para investir e decidir o que fazem com as suas participações. Claro que, quer eu, quer o governo não só esperamos como encorajamos a vinda para Macau de mais empresários portugueses. Não apenas as grandes empresas, mas também as de menor dimensão, que poderão usar Macau para chegar ao mercado chinês.

Vai conversar com o anterior governador Rocha Vieira?

E.H. - Acredito que teremos oportunidade para nos encontrarmos em Lisboa. Não sei ainda quando, porque a agenda está ainda a ser preparada, mas acredito que nos vamos encontrar.

Despediram-se de forma calorosa minutos depois da entrega de administração em Dezembro. Cinco meses depois como é que vai cumprimentar o antigo governador?

E.H. - Vou certamente cumprimentá-lo como um velho amigo. Não penso que a questão dessa Fundação... como é o nome?

Jorge Álvares.

E.H. - ... desta Fundação Jorge Álvares seja algo que transforme radialmente a relação que vem do passado. Claro que acredito que o general se possa sentir pouco à vontade quanto à forma como eu poderei classificar a fundação, mas eu não direi nada em Lisboa sobre a fundação. Penso que não seria justo.

Espera que seja ele a falar sobre essa questão de forma a explicar as suas razões?

E.H. - Penso que os objectivos são claros, por aquilo que ele disse à imprensa. Penso que ele gostaria de fazer alguma coisa relacionada com o intercâmbio cultural entre Portugal e Macau.

Os objectivos nunca estiveram em questão, mas sim a sua criação...

E.H. - Penso que os objectivos, segundo o general, foram sempre esses. Claro que algumas pessoas podem não aceitar a forma como o dinheiro foi transferido, mas é outra questão. Não quero falar mais sobre a fundação.

O assunto fica arrumado?

E.H. - Pela minha parte pode dizer isso. Não me cabe a mim convencer toda a gente sobre a forma como devem olhar para a fundação. Tratarei sempre o general como um velho amigo. Conhecemo-nos há nove anos e trabalhámos juntos em Macau.

É assim que vai continuar.

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O problema do desemprego

 

Edmund Ho deixa Macau quanto o território enfrenta a mais grave crise, enquanto Região Administrativa Especial da China. A taxa de desemprego atingiu 6,7% no ínicio do ano, um valor que é considerado inferior ao real por alguns economistas. Ho diz compreender bem os problemas dos desempregados. Alerta, no entanto, para as dificuldades de recuperar no curto prazo a economia. «Acreditamos que a maior parte da população de Macau é razoável. Se não tivessemos esta convicção então teríamos de avançar com políticas de curto prazo que não seriam as melhores para o futuro de Macau». E reconhece que o aumento do desemprego é mais do que um problema conjuntural.

 

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