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EDITORIAL DO PONTO FINAL,  Ponto Final, 2/6/00

 

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Editorial do Ponto Final
(2 Junho 2000)

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A decisão, como facilmente se compreenderá, foi mal recebida em Macau, especialmente pela comunidade portuguesa. A sensação dominante é que tudo ficara em torno de dinheiro e isso, manifestamente, é pouco abonatório para a imagem dos portugueses na RAEM.
Daí que já comece a falar-se de recolha de assinaturas para reclamar a devolução do dinheiro, não apenas em sectores políticos chineses, mas também no seio da própria comunidade portuguesa. Por uma questão de dignidade.
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Na imprensa, vários jornais têm-se destacado também pela defesa do último governador, sobressaindo de entre eles o semanário Expresso, onde Rocha Vieira fez publicar a sua “verdade sobre Macau”. Desde logo no editorial, onde se manifesta estranheza por se ter criado uma polémica pública em torno de 50 milhões de patacas, que não são mais, afinal, do que o equivalente a um dia de receitas dos casinos do Território.
È um argumento periogos este – e meio caricato. Se fosse tido como bom, justificaria todo o tipo de ilícitudes desde que as quantias em causa, nem precisavem de ser pequenas, fossem pouco significativas face à riqueza global.
Mas é como argumento deste teor, verdadeiramente surpreendentes, que o Expresso chega à conclusão que Rocha Vieira merece nota positiva pelo conteúdo da carta publicada naquele mesmo jornal. Carta que segundo o Expresso, é reveladora de grande dignidade pessoal e sentido de Estado.
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Dignidade pessoal teria Rocha Vieira demonstrado se, ao invés de estar agora a procurar culpados para uma situação que é da sua responsabilidade, não tivesse jamais concluído que era razoável a atribuição enquanto governador de uma soma avultada a uma instituição a que iria presidir assim que cessasse funções.
Dignidade pessoal teria Rocha Vieira demonstrado se, mesmo tendo concluído pela razoabilidade de tão aberrante prática, tivesse procurado evitar embaraços à comunidade portuguesa local (bem previsíveis depois do que se passou com a Fundação Oriente) desistindo de levar a iniciativa por diante.
Dignidade pessoal teria enfim demonstrado Rocha Vieira se, mesmo uma vez criada a Fundação Jorge Álvares, tivesse agora reconhecido com humildade o erro político (pelo menos) em que enredou ao fazer avançar o projecto.
Ao invés, com uma boa dose de arrogância que lhe terá ficado dos oito anos de supremo poder em Macau, disparou em todas as direcções, insinuou culpados nos mais diversos quadrantes e proclamou-se vitíma de um processo em que será o único sem qualqauer espécie de peso na consciência.
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Pode hoje dizer-se com apreciável grau de certeza que o escândalo à beira de rebentar no próprio dia da transmissão de poderes. Se isso tem acontecido, Portugal ter-se-á coberto de ridículo perante a comunidade internacional. Graças a um homem com sentido de Estado.

Ricardo Pinto

 

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