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DEVOLVER O DINHEIRO SERIA CORRECTO,
  Macau Hoje, 5/6/00

 

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Devolver o dinheiro da FJA seria o correcto

 

Entrevista de Rui Afonso à TDM

 

A população de Macau, tanto portuguesa como chinesa, não acha que seja necessária a Fundação Jorge Álvares (FJA) para o propósito com que foi criada, afirmou Rui Afonso, o primeiro director dos Serviços de Administração e Função Pública, ex-deputado nomeado da Assembleia Legislativa e advogado, ao programa TDM-Entrevista. Quanto ao dinheiro, Rui Afonso é da opinião que deveria ser devolvido a Macau. Instado a comentar o artigo publicado no Diário de Notícias, assinado pelo ex-secretário-adjunto Jorge Silveira, o advogado afirma não entender como é que ele pôde aceitar aquele "frete".
"A Fundação Jorge Álvares é causa de embaraço para os portugueses que estão no território. Não posso aceitar que os propósitos da criação da fundação do general Rocha Vieira não sejam bons", adiantou o advogado, "o que não é claro é a matriz do seu nascimento."


Relativamente à devolução do dinheiro a Macau, Rui Afonso afirma que "seria o mais indicado", sendo essa a forma certa para afastar todas as suspeitas, pois o objectivo da fundação está comprometido. Rui Afonso, a este propósito, relembrou ainda as afirmações do ex-governador Carlos Melancia, quando afirmou a um jornal, há alguns dias atrás, que "cerca de cinco por cento do dinheiro já foi gasto".


"Não me parece natural que, por parte de quem fiscaliza uma entidade com o peso da STDM, possa aceitar um donativo de 100 milhões de patacas para uma instituição da qual mais tarde, mesmo que após um processo de nomeação, vem a ser presidente. E, por outro lado, também não é natural receber um donativo de uma instituição da qual era presidente. É um processo estranho. Se tudo fosse claro, o que seria natural era serem estas duas insituições, a Fundação para Cooperação e Desenvolvimento e a STDM, a aparecerem como instituidoras da FJA, o que não acontece", explicou o ex-deputado da Assembleia Legislativa, afirmando mais tarde que, em sua opinião, a "FJA deveria ser extinta". Também o general Rocha Vieira, segundo Rui Afonso, em coerência com as suas afirmações no semanário Expresso, devia ter deixado a Fundação.


Relativamente ao pré-conhecimento da criação da FJA por parte do chefe do executivo Edmund Ho, "é irrelevante", disse Rui Afonso, afirmando que o seu comportamento "foi o mais correcto".


"Num processo muito semelhante foi criado o Instiuto Internacional de Macau (IIM), em que o chefe de gabinete de um secretário-adjunto pediu que fosse feita uma dotação a essa instituição. E, quando é necessário fazer a nomeação do presidente, a pessoa nomeada é a mesma que fez a dotação. O presidente do IIM, Jorge Rangel, é também um dos curadores da FJA. Se olharmos para outra fundação, criada há pouco tempo em Portugal, a Fundação Casa de Macau, vemos que a maior parte dos seus membros são os mesmos", explicou Rui Afonso.


"Existe um propósito de um grupo de pessoas, quase sempre as mesmas, que eram da mesma área política antes do 25 de Abril, que aparecem agora envolvidas em todas estas instuições", adiantou ainda o ex-deputado, afirmando que isto "deixa antever uma certa estratégia". E esta é, na sua opinião, a explicação para a existência de forças que querem a continuidade da Fundação.

O frete de Jorge Silveira


Comentando o artigo do ex-secretário-adjunto Jorge Silveira, publicado no DN, no qual se dizia que a RAEM está a violar os acordos, Rui Afonso afirmou que grande parte do texto é abonatória, nomeadamente a parte em que é descrita a obra feita. No entanto, sente pena que a legislação aprovada só tenha entrado em vigor a 1 de Novembro passado, o que deu origem a várias contradições. O advogado afirmou também ter interpelado o ex-secretário-adjunto, após a publicação do artigo, para lhe perguntar porque é que tinha acedido a fazer aquele "frete". "Das leis que li, e achando que não existem leis inalteráveis, e relativamente às alterações no Código Comercial, já na altura em que estava na Assembleia Legislativa tinha chamado a atenção para incorrecções de alguns artigos", comentou o ex-deputado relativamente às afirmações de Jorge Silveira quanto às alterações efectuadas no Código Comercial após a transferência de soberania e que o levaram a afirmar que o novo governo estaria a violar os acordos.

 

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  Forum Macau - Lisboa, Macau - Maio 2000

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