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FUNDAÇÃO JORGE ÁLVARES É UM
" PEQUENO PROBLEMA",
  Público, 25/6/00

 

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Dia de Macau juntou representantes das comunidades
Fundação Jorge Álvares É Um "Pequeno Problema"
Por EUNICE LOURENÇO

Público, Domingo, 25 de Junho de 2000

O caso da Fundação Jorge Álvares, fundada pelo último governador de Macau, general Rocha Vieira, é um "pequeno problema" que não põe em causa a comunidade macaense, seja a que vive no território, seja a que está espalhada pelo mundo. Essa é a convicção dos dirigentes da Fundação Casa de Macau, que ontem juntou no Parque das Nações, em Lisboa, os representantes das 12 casas de Macau espalhadas pelo mundo, assim como delegados de várias instituições macaenses.

"Vivemos completamente à parte dessa polémicas e dessas quezílias", disse ao PÚBLICO o presidente da Fundação Casa de Macau, Guimarães Lobato, para quem a polémica que envolve o Presidente da República, Jorge Sampaio, e o ex-governador Rocha Vieira, não passa disso mesmo: uma quezília que "alguns" se interessam em alimentar. "Em linguagem política chinesa, esse não é um grande problema. Não é coisa que vá afectar as nossas comunidades", afirma, por sua vez, Vítor Serra de Almeida, também dirigente da Fundação Casa de Macau, reforçando: "É um pequeno problema que não afecta a identidade macaense."

A Fundação Jorge Álvares foi criada poucos dias antes da passagem de Macau para soberania chinesa, transferindo fundos de uma outra fundação, de que era dirigente, o que motivou a constituição de uma comissão de inquérito pelo governo da Região Autónoma Administrativa de Macau (RAEM), dirigido por Edmund Ho. Esta semana Sampaio, em entrevista ao programa da SIC Esta Semana, disse claramente que aconselhou Rocha Vieira a não avançar com a constituição da Fundação Jorge Álvares, que tem também a oposição de Edmund Ho.

"O que eu espero é que o tempo ajude a apagar esta quezília", conclui o presidente da Fundação Casa de Macau, mais preocupado em manter a língua e a cultura portuguesas vivas em todas as comunidades macaenses. Ontem, no Pavilhão de Macau, no Parque Expo, estavam representadas as 12 Casas de Macau - duas do Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo), quatro no Canadá (duas em Vancôver, duas em Toronto), três nos Estados Unidos da América, uma em Sydney e uma em Portugal - naquele que foi o primeiro encontro destas instituições que congregam os macaenses da diáspora, destinado a debater os problemas comuns.

E o problema mais comum é a manutenção da língua e da cultura portuguesas, numa comunidade como a macaense, que, como diz Vítor Serra de Almeida, é "uma comunidade mista de raiz portuguesa". "A manutenção da língua e da cultura portuguesas em Macau também é um problema, e será maior todos os dias", acrescenta este dirigente da Fundação Casa da Macau.

Neste encontro, foi, então, discutido um programa de acção tendo em vista a preservação da língua portuguesa nessas comunidades. Um programa de acção que aposta, sobretudo, no ensino do português, na utilização da Internet para manter os macaenses informados e no intercâmbio de jovens entre famílias. Ou seja, na possibilidade de jovens de famílias macaenses que residam em países de língua inglesa irem passar férias com famílias que vivam em Portugal ou no Brasil e vice-versa.

Os dirigentes da Fundação Casa de Macau reconhecem que as comunidades macaenses são "voltadas para si próprias" e "não têm grandes relações" com as outras comunidades de portugueses que existentes em países como os EUA ou o Canadá. Quando existe contacto é, sobretudo, com clubes madeirenses ou açorianos. Quanto aos macaenses que permanecem em Macau, Serra de Almeida afirma que não houve o êxodo que muitos diziam que aconteceria com a passagem da soberania para a China. "E até agora não temos indicações de que não estejam satisfeitos", continua, garantindo que não há da parte das autoridades da RAEM indícios de que a situação se vá alterar.

O primeiro encontro das Casas de Macau reuniu cerca de uma centena de pessoas e, além da reunião dos representantes das comunidades macaenses, incluiu uma missa no jardim do pavilhão de Macau, a inauguração da exposição "Macau em Aguarela", de Teresa Mesquitela Cabral, e uma sessão cultural, com exibição de artes marciais e um recital de música de câmara. Esta sessão cultural será repetida hoje à tarde.

Eunice Lourenço

 

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