A PAMPA 4x4

Desprezada por alguns, amada por outros, a Pampa 4x4 deixou sua marca na história dos veículos 4x4. Uma coisa é certa: trata-se de um modelo pioneiro e desbravador, que esteve no mercado muito antes de qualquer concorrente. Aliás, ela nunca teve concorrente, já que foi a única picape leve dotada de tração nas quatro rodas fabricada no Brasil até hoje.

A picape Pampa "normal" (4x2) foi lançada em 1981, com estréia no 12.º do Salão do Automóvel. Sua produção teve início em 1982. Porém, a versão 4x4 foi lançada somente em 1984. Obviamente a Ford havia percebido o filão que perdera com a extinção da família Jeep. Ela teve vários motores, mas o mais conhecido foi o CHT 1.6 quatro cilindros, com potência de 74,6 cavalos a 5.200 rpm na versão gasolina e 73,3 cavalos a 4.800 rpm no modelo álcool. A picape foi equipada com câmbio de quatro marchas, banco inteiriço – ao estilo da antiga Rural – e na versão álcool vinha com um tanque extra de combustível de 40 litros, além do original de 62 litros. Poucos detalhes visuais identificavam o modelo 4x4 em relação ao 4x2: grade frontal quadriculada, pneus cidade-campo, pára-choques reforçado com batentes e rodas traseiras com cubos salientes.

Fatores como preço, falta de informação, entre outros, anteciparam a extinção do veículo em 95, quando ela saiu de linha. Àquela altura sua designação completa era Pampa Jeep "GL 4x4". A linha completa Ford Pampa foi encerrada em 97, para dar lugar à sucessora Courier.

Uma Tração Diferente

O grande destaque da Pampa 4x4 era justamente seu sistema simples de tração nas quatro rodas, que utilizava o câmbio do Corcel adaptado. O eixo traseiro da Pampa 4x4 era equipado com molas semi-elípticas. Entre o eixo traseiro e a caixa de câmbio havia um eixo cardã e uma caixa de transferência. Essa caixa transferia a força do motor para o eixo traseiro, através do eixo cardã. Além dessa atribuição, a caixa tinha a função - problemática e motivo de discórdia entre os proprietários - de igualar o número de rotações entre os dois eixos, já que seus diferenciais eram diferentes: o dianteiro apresentava a relação 4,125:1, enquanto a do traseiro (Dana 30) era de 3,540:1. O Departamento de Engenharia da Ford utilizava uma redução de 1,166:1 na caixa de transferência, tentando compensar a diferença entre os diferenciais. O eixo traseiro era equipado com sistema de roda-livre, pois o peso extra da transmissão, além da relação mais curta, aumentava o consumo de combustível.

 

Para engatar a tração 4x4 era necessário que o carro estivesse parado e as rodas dianteiras alinhadas para frente. Então, bastava destravar a alavanca de acionamento da tração - no lado direito da alavanca de câmbio - puxar a trava para cima e deslocar a alavanca em direção ao banco. O desengate podia ser feito com o veículo em movimento. A fábrica recomendava velocidade máxima de 60 km/h em 4x4 e advertia o uso em terrenos com boa aderência (fora de estrada leve).

A Pampa esbarrou em problemas de confiabilidade e durabilidade do sistema de transmissão, pricipalmente em terrenos com lama. Porém, naquela época, a Pampa 4x4 reinou praticamente sozinha nas trilhas leves desse Brasil.

É bom lembrar que um pouco depois da Pampa, a Ford também disponibilizou a Belina com tração 4x4, mas com molas helicoidais em vez de semi-elípticas na suspensão traseira, pois não tratava-se, como a Pampa, de um veículo de carga.

 

 

 

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