Heliocônia
As
helicônias são plantas de origem neotropical, mais precisamente da região
noroeste da América do Sul. Originalmente incluído na família Musaceae (a
família das bananeiras), o gênero Helicônia mais tarde passou a constituir a
família Heliconiaceae, como único representante. O nome do gênero foi
estabelecido por Lineu, em 1771, numa referência ao Monte Helicon, situado na
região da Beócia, na Grécia, local onde, segundo a mitologia, residiam Apolo e
suas Musas.
O gênero Helicônia é ainda muito pouco estudado e ainda é incerto o número de
espécies existentes, ficando na faixa compreendida entre 150 a 250 espécies.
Seis espécies ocorrem nas Ilhas do Sul do Pacífico, Samoa e Indonésia. As demais
estão distribuídas na América Tropical desde o sul do México até o norte de
Santa Catarina, região sul do Brasil. As helicônias, conforme a espécie, ocorrem
em altitudes que variam de 0 a 2.000m, embora poucas sejam aquelas restritas às
regiões mais altas. Ocorrem predominantemente nas bordas das florestas e matas
ciliares e nas clareiras ocupadas por vegetação pioneira. Desenvolvem-se em
locais sombreados ou a pleno sol, de úmidos a levemente secos e em solos
argilo-arenosos.
Aqui no Brasil, cerca de 40 espécies ocorrem naturalmente em nosso país e são
conhecidas por vários nomes, conforme a região: bananeira-de-jardim,
bananeirinha-de-jardim, bico-de-guará, falsa-ave-do-paraíso e paquevira, entre
outros.
As helicônias são utilizadas como plantas de jardim ou flores de corte. Sua
aceitação como flores de corte tem sido crescente, tanto no mercado nacional
como internacional. As razões que favorecem sua aceitação pelo consumidor são a
beleza e exoticidade das brácteas que envolvem e protegem as flores, muito
vistosas, de intenso e exuberante colorido e, na maioria das vezes, com
tonalidades contrastantes; além da rusticidade; da boa resistência ao transporte
e da longa durabilidade após colheita.
Se a finalidade for o uso como flor de corte, as espécies mais indicadas para o
cultivo são aquelas que apresentam inflorescências pequenas, leves, eretas, de
grande durabilidade e com hastes florais de pequeno diâmetro, embora as
inflorescências pendentes, apesar das dificuldades de embalagem, também
apresentem um grande valor de mercado.
Geófitas e ricas em néctar
As helicônias são plantas herbáceas rizomatosas, que medem de 50 cm a 10
metros de altura, conforme a espécie. As folhas apresentam-se em vários
tamanhos. As espécies possuem um rizoma subterrâneo que normalmente é usado na
propagação. As inflorescências podem ser eretas ou pendentes, com as brácteas
distribuídas no eixo num mesmo plano ou planos diferentes.
Uma única espécie, a H. reptans Abalo e Morales apresenta a
inflorescência na posição horizontal, distendendo-se junto ao solo em seu
desenvolvimento.
As flores da helicônia são apreciadas pelos beija-flores pois são ricas em
néctar. O fruto, tipo baga, é de cor verde ou amarelo, quando imaturo, e azul
escuro na maturação completa. Geralmente abriga uma a três sementes, com 1,5 cm
de diâmetro.
Quanto à forma de reprodução, é interessante observar que as helicônias são
consideradas geófitas, ou seja, se reproduzem não somente pelas suas sementes,
mas também por seus órgãos subterrâneos especializados, cuja principal função é
servir como fonte de reservas, nutrientes e água para o desenvolvimento sazonal
e, assim, assegurar a sobrevivência das espécies.
O período de florescimento da planta varia de espécie para espécie e é afetado
pelas condições climáticas. O pico de produção normalmente ocorre no início do
verão, declina no outono e cessa no inverno, quando a temperatura média se
aproxima de 10º.
As helicônias vêm apresentando crescente comercialização no mercado
internacional em função do aumento da área de produção nos países da América
Central e da América do Sul, o que proporciona uma maior oferta do produto e sua
maior divulgação.
Os principais países produtores são Jamaica, Costa Rica, Estados Unidos (Havaí e
Flórida), Honduras, Porto Rico, Suriname e Venezuela. Existem também cultivos
comerciais na Holanda, Alemanha, Dinamarca e Itália, mas sob condições
protegidas. No Brasil, vêm áreas de cultivo já são encontradas nos Estados do
Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco, com expansão para os
Estados do Amazonas e Ceará.
Entre as espécies e híbridos mais comercializados como flores de corte,
destacam-se: H. psittacorum, H. bihai, H. chartaceae, H. caribaea, H.
wagneriana, H.stricta ,H. rostrata, H. farinosa.
Os principais países importadores são os Estados Unidos, a Holanda, a
Alemanha, a Dinamarca, a Itália, a França e o Japão.
As inflorescências pendentes são mais valiosas no mercado, mas seu cultivo é
mais difícil, a produção é menor e é alto o investimento em manuseio, embalagem
e transporte.
Cultivo
O
espaçamento para o cultivo de helicônias dependerá da espécie utilizada.
Espécies que apresentam inflorescências leves e eretas devem ser plantadas num
espaçamento de 30 cm entre si, com uma densidade de três plantas por metro
linear. O plantio é efetuado no centro de canteiros com largura de 0,9m.
Canteiros muito largos dificultam a colheita das inflorescências, além de
favorecer o desenvolvimento de plantas estioladas na parte central pela
dificuldade de penetração da luz. Entre os canteiros, recomenda-se distâncias
entre 1,0 a 1,5m.
Para espécies que produzem flores pesadas, eretas ou pendentes e que formam
touceiras grandes, com plantas acima de 1,5m de altura, recomenda-se um
espaçamento de 0,8 x 0,8 m ou mais, também em canteiros distanciados entre si
por 1,0 a 1,5 m.
O pseudocaule velho eventualmente morre, mas outros novos se desenvolvem na base
da planta. A brotação e o desenvolvimento de novas raízes normalmente acontece
cerca de 3 a 4 semanas após o plantio.
Luz e temperatura
As helicônias, dependendo da espécie, podem ser cultivadas desde a pleno sol até
em locais sombreados. Deve-se das preferência por espécies de cultivo a pleno
sol, por exigirem um menor investimento. Todas as espécies citadas acima como as
mais procuradas como flores de corte são indicadas para o cultivo a pleno sol.
Em condições de campo, em cultivos muito adensados, pode ocorrer o estiolamento
das plantas, pois há dificuldade de penetração da luz no centro dos canteiros.
A faixa de temperatura ideal para a produção de helicônias situa-se entre 21 e
35 graus C, sendo que quanto mais alta a temperatura, maior é a produção e mais
rápido é o desenvolvimento.
Temperaturas inferiores a 15oC são prejudiciais ao desenvolvimento normal das
plantas. Abaixo de 10 graus C, o crescimento cessa. Recomenda-se evitar locais
onde existam variações superiores a 10 graus C entre as temperaturas diurnas e
noturnas. Além disso, as helicônias exigem alta umidade relativa.
Adubação e irrigação
A adubação influencia bastante o crescimento e a produção de flores,
principalmente sob alta luminosidade. Além disso, as helicônias são plantas que
preferem solo levemente ácido. Se for necessário corrigir o solo para obter o
grau de acidez adequado ao cultivo (pH entre 4,5 e 6,5), recomenda-se a adição
de calcário dolomítico em adição aos macro e micronutrientes, cerca de 30 dias
antes do plantio.
Já por ocasião do plantio, o ideal é fazer uma adubação orgânica,
incorporando-se ao solo folhas decompostas e esterco de curral curtido (40
l/metro de canteiro). Adubações parceladas em duas a três vezes ao ano com 3 kg/m2
da fórmula NPK 18-6-12 resultam num rápido desenvolvimento e florescimento.
A irrigação deve ser abundante, principalmente após a emissão das folhas,
mantendo a umidade do solo. Em locais secos, é recomendável realizar irrigações
duas a três vezes por semana, evitando-se encharcar o solo. Os métodos mais
indicados são o gotejamento e a aspersão baixa. Por outro lado, a aspersão alta
não deve ser empregada, pois as gotas de água podem atingir as inflorescências
ou mesmo se depositar no interior da brácteas das inflorescências eretas,
causando o apodrecimento das flores e favorecendo a proliferação de insetos.
Floricultura Normanda