OS LIMIANOS NA GRANDE GUERRA
POR LUÍS DANTAS Depois de A Arte e a Guerra
(uma homenagem aos artistas (pintores, fotógrafos e
cineastas)que se debruçaram sobre a temática da guerra de
1914-1918, surge agora Os Limianos na Grande Guerra
(uma homenagem aos soldados limianos que morreram e sobreviveram nas
campanhas de África e na linha da frente ocidental).
Luís Dantas trabalhou com várias fontes: registos de arquivos particulares e do Arquivo Histórico Militar, jornais e revistas da época, textos e poemas de combatentes que deixaram o seu testemunho, fotografias, desenhos e pinturas. |
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O DESFILE DA PAZ (extraído do capítulo VII, pp.162-163) A
14 de Julho de 1919, a festa da paz: os soldados portugueses desfilaram
sob o Arco do Triunfo em Paris: «a multidão comprimia-se,
todos queriam beijar os heróicos vencedores duma luta de 51
meses. Veio a engenharia e aclamações frementes recebem a
arma magnífica das ligações, das minas, dos
projectores, dos gases asfixiantes. Desfilam os serviços, entre
eles a Cruz de Génova pondo uma nota de comovida simpatia e de
respeitosa saudação aos que levaram conforto
àqueles gloriosos moribundos da Grande Guerra; surgem baterias
de artilharia, a arma que aumentou consideravelmente o seu poder
durante esses quase cinco anos de combates; os esquadrões de
cavalaria; a arma de outros tempos, a arma resignada e heróica
galopa por entre hurras! quentes e brilhantes dessa multidão
cosmopolita, que de todos os países veio aclamar os seus
magníficos lutadores. Os ares escurecem: são os
aviadores, os heróicos e cavalheirescos combatentes do Ar, que
nas asas da Vitória vêm receber os frenéticos
gritos de alegria, os agradecimentos entusiásticos dessas
Cidades e Vilas, que foram poupadas pelo sacrifício dos Homens
do Ar aos terríveis bombardeamentos duma luta feroz.
Aparece, então a Infantaria. Caminha serena, a Arma suprema dos
Exércitos. Marcha firme a arma dos sacrifícios
máximos, da luta constante, dos primeiros assaltos e dos maiores
rasgos individuais. Vem consciente de ter cumprido a sua gloriosa
tarefa, essa Infantaria, chamada a Rainha das Batalhas e bem merece o
cognome de Rainha das Trincheiras. À frente da Infantaria
Portuguesa, - lugar de honra que lhe compete – vem a Brigada do
Minho.» (1) Fez-se então um silêncio sepulcral e no
mesmo instante sobressai o gesto elevado e emocionante daquela
multidão «serena e sublime, magnífica de amor e de
admiração – mulheres, velhos e crianças
– aqueles que não tinham lutado, de joelhos perante as
façanhas épicas desses soldados.» (2)
NOTAS(1) Monteiro, Henrique Pires, A Brigada do Minho na Grande Guerra, Lisboa, 1922, pp. 21-22. (2) Monteiro, Henrique Pires, A Brigada do Minho na Grande Guerra, Lisboa, 1922, pg.22. |