Introdução:
No mundo inteiro o público quer maior qualidade no atendimento,
mesmo na área da saúde. Isso explica o sucesso dos métodos de
tratamento manuais, como a Osteopatia que priorizam uma relação
bastante estreita entre paciente e fisioterapeuta, mais pessoal,
com o contato privilegiado das mãos e do corpo. A osteopatia é
um método de tratamento manual e natural criado nos Estados Unidos
no fim do século XIX por Andrew Taylor Still. Médico famoso, ele
achava que o bom equilíbrio das estruturas (o osteon grego do
aparelho do aparelho locomotor) era crucial para evitar o aparecimento
de disfunções e de doenças (pathos). Ou seja, o corpo tem possibilidades
de se reequilibrar, de autocurar-se. Cabe ao osteopata a tarefa
de normalizar as estruturas e "deixar trabalhar a Natureza".
Praticamente, como se
desenrola uma sessão de Osteopatia?
A primeira sessão de Osteopatia comporta um exame completo: anamnese,
palpação, inspecção, territórios cutâneos nervosos, etc. Depois,
o exame osteopático vai evidenciar todas as alterações mecânicas
do aparelho locomotor, essencialmente na pelve e na coluna vertebral.
Após essa avaliação cuidadosa, precisa, completa e global, o osteopata
tenta estabelecer as cadeias lesionais do paciente. Por exemplo,
da esquecida entorse do tornozelo até a dor do pescoço pode intercalar-se
uma série de desequilíbrios e lesões ostepáticas sedimentadas
pelo tempo. Tratar essas lesões e esses desequilíbrios será, no
caso, a chave do tratamento do pescoço. Uma sessão dura 50 minutos,
com a presença constante do osteopata, tempo necessário para utilizar
todos os recursos terapêuticos, obter um efeito nos tecidos moles
periarticulares, sedar a dor e adaptar-se ao paciente, pois cada
caso é um caso.
Quais são os meios terapêuticos
utilizados?
O osteopata utiliza uma técnica específica para cada tecido (osso,
ligamento, músculo, víscera) a partir das constatações feitas
no exame preliminar. Existem duas grandes famílias de técnicas
manuais: Estruturais: Que, por exemplo, corrigem uma disfunção
vertebral com uma técnica de thrust de pequena amplitude e de
alta velocidade; efetuam decoaptações articulares axiais leves
chamadas pompage,; ou que alongam um músculo espasmado com uma
técnica de stretching rítmico, entre outros. Funcionais: que por
exemplo tratam uma compressão nervosa ou vascular com a técnica
dos pontos- gatilhos de Jones. Além delas, pode-se destacar as
técnicas estruturais de articulação baseadas na construção de
alavancas adaptadas e as neuromusculares de Stanley Lief, muito
úteis para harmonizar as tensões fasciais.
Quais são os campos de
atuação da Osteopatia?
O aparelho locomotor, em particular a coluna vertebral: 70% das
consultas; as vísceras: 15% das consultas; o crânio: 15% das consultas.
Indicações da Osteopatia:
As algias vertebrais são o motivo mais freqüente de consulta,
tais como torcicolos, cervicalgias, dorsalgias, lombalgias agudas
e crônicas, desequilíbrio da pelve, síndrome do piriforme (falsa
ciática), hérnias discais. Também é indicada nas dores do membro
superior, tais como nevralgias cervicobraquiais, periartrites
escapuloumerais, parestesias, cotovelo de tenista, lesões por
esforços repetitivos, síndrome de compressão do desfiladeiro escapulotorácico,
e em algumas dores do membro inferior, como ciáticas, cruralgias,
tendinites, entorses, etc. Vale considerar que as indicações não
se restringem à lista, já que a Osteopatia é, em si, uma maneira
de lidar com a patologia, especialmente com ênfase no aspecto
preventivo.
Entre as contra- indicações estão os reumatismos inflamatórios,
câncer ósseo, fraturas, certas vertigens por insuficiência vértebro-
basilar, e, em caso de osteoporose avançada, somente técnicas
mais específicas podem ser indicadas.
A Osteopatia e o Esporte
Inúmeros atletas de alto nível se beneficiam com o tratamento
de Osteopatia para manterem-se na melhor forma possível (tenistas,
jogadores de futebol, de basquete, maratonistas, etc). Lesões
osteopáticas prejudicam a perfeição dos gestos técnicos, diminuem
a performance e podem criar lesões mais graves a longo prazo.
Tratar as cadeias musculares e normalizar as funções finas articulares
permite restaurar a harmonia e a eficácia dos gestos esportivos.
Certos esportes como tênis, futebol ou as artes marciais provocam
freqüentemente distensões musculares e bloqueios vertebrais, que
podem ser tratados pela Osteopatia, o que ocorre também com as
bailarinas, muito expostas a problemas mecânicos. Nas competições
internacionais, é comum as equipes contratarem um osteopata para
cuidar dos atletas.
Dor e osteopatia:
Na relação entre dor e Osteopatia, a zona dolorida muito raramente
é o nível do problema mecânico, visto que está relacionada com
a hipermobilidade reacional a uma fixação articular localizada
acima ou abaixo da região que apresenta o sintoma. Toda restrição
de mobilidade produz uma hipermobilidade compensadora, que poderá
produzir nas regiões superiores ou inferiores inflamações das
articulações, dos tecidos à sua volta (músculos, ligamentos, discos,
etc). Tendo em vista a ampla gama de recursos terapêuticos disponíveis
na Osteopatia, é de se esperar que esta introdução ao assunto
possa gerar, nos médicos e fisioterapeutas, sobretudo naqueles
que não conhecem a fundo o vasto campo das técnicas manuais, um
foco de interesse no sentido de levar aos pacientes novas formas
de tratamento, mais simples, mais eficazes e muito mais capazes
de tornar ainda mais fascinante o seu cotidiano profissional.