Fisioterapia Estática

Há mais de cem anos a fisiologia diferencia as fibras musculares em
estáticas e dinâmicas.

As fibras estáticas são capazes de contrações de longa duração
necessárias para a manutenção postural, são tônicas ou antigravitárias.

As fibras dinâmicas destinam-se a atividades intensas e de curta duração,
são fásicas ou dinâmicas.

Todos os músculos esqueléticos têm ambos os tipos de fibras, mas a
predominância de um dos tipos dará ao músculo as características deste
tipo de fibra. Por isso existem músculos dinâmicos rápidos e músculos
estáticos lentos.

Os desvios posturais podem ter inúmeras causas, mas eles sempre serão
fixados por uma retração das estruturas do músculo estático. A patologia
do músculo estático é a retração ou encurtamento e se manifesta através
destes desvios.

Marcel Bienfait, fisioterapeuta francês, publicou estudos nos quais os
músculos estáticos e dinâmicos são funcionalmente divididos. Partindo
desse estudo analisamos diferentes procedimentos terapêuticos e
determinamos quais são eficientes no tratamento da musculatura estática.

O conjunto destes procedimentos constitui a Fisioterapia Estática. Quais
são eles?

Procedimentos respiratórios relaxantes - ligados ao processo
expiratório, que deve ser estudado, entendido e aplicado para o
abaixamento do tônus muscular nos momentos adequados.
Procedimento de contato - com as próprias mãos ou empregando
materiais adequados realiza-se uma firme pressão sobre a pele.
Conseguem-se espetaculares resultados contra a retração da musculatura
tônica. Esse resultado é inegável pela sensação que se obtém pela
diminuição da dor (quando associada à retração) e pelo aumento da
amplitude articular. Este efeito é provavelmente devido ao órgão tendinoso
de Golgi e suas fibras nervosas aferentes inibidoras. Fontes de material:
Ginástica Holística, Eutonia.
Massagem do tecido conjuntivo - seus efeitos são vários e entre eles
cita-se o da diminuição da tonicidade muscular. As manobras da massagem
do tecido conjuntivo são especialmente eficazes para este fim. Realizadas
sobre a região paravertebral, onde as zonas hipertônicas estão
particularmente concentradas o efeito da diminuição do tônus se evidencia
pela melhoria da flexibilidade. Procedimentos de contato são eficazes pelo
relaxamento em si e pela facilitação da instalação da postura. Pompages
- manobras derivadas da osteopatia de ttensionamento lento e suave das
estruturas músculo-articulares, que resultam em melhora da circulação, da
nutrição articular e da retração muscular. Fonte de material: Terapia
Manual de Marcel Bienfait.
Manobras corretivas - manipulando e movimentando o segmento
desviado com suavidade no sentido da correção pode-se melhorar a
flexibilidade das estruturas retraídas. Fonte de material: Terapia Manual de
Marcel Bienfait que retoma as manobras realizadas nos primórdios da
ortopedia e os trabalhos de Françoise Mezières.
Posturamento - colocar o paciente em postura de tratamento e
posicioná-lo de tal forma que as curvas raquidianas sejam eliminadas, o
que dificulta as compensações quando os desvios posturais são tratados
através de manobras corretivas, pompages, expirações relaxantes. A
postura não é um fim em si, é um meio a mais para obter-se a correção
dos desvios posturais. Fonte de material - Reeducação Postural Global.

Fisioterapia Estática é uma nova área dentro da fisioterapia, visto que
alguns de seus procedimentos são há muito utilizados pela profissão. É
uma nova maneira de realizarmos o tratamento da patologia do músculo
estático, reunindo procedimentos que concorrem para a reeducação do
músculo estático. Observe que isto vai além de uma técnica ou outra, é
mais amplo, é Fisioterapia. Não restringe, não limita; ao contrário, mostra
um campo de ação profissional aberto a receber contribuições de
diferentes procedências.
Leia mais sobre Fisioterapia Estática



MOVIMENTO INTEGRAL

Com o esqueleto alinhado e em boa postura o músculo dinâmico pode
trabalhar de forma eficiente. Mas como fazê-lo? É necessário buscar mais
conhecimento sobre a fibra dinâmica e a biomecânica do esqueleto humano
e sobre estes conhecimentos construir movimentos harmônicos,
econômicos e úteis, que servirão para o aperfeiçoamento, o refinamento
dos efeitos conseguidos através da Fisioterapia Estática ou para a
prevenção dos desvios estáticos neste corpo sedentário, que é o do
homem urbano.

A visão que a anatomia e a fisiologia nos passa até hoje sobre o
movimento humano é centrada na articulação, definindo para isto um eixo,
um plano, um músculo principal, um ou vários músculos acessórios. Apesar
de reconhecerem que os movimentos ocorrem de forma global não propõem
um modelo, uma forma de estudar a unidade mínima de movimento que vá
além da articulação.

Piret e Béziers, psicomotricistas francesas, propõem uma unidade
estrutural mínima capaz de movimento no livro "A Coordenação Motora". A
ela denominam "unidade de coordenação motora".

Cada unidade de coordenação é formada por dois elementos esféricos, que
podem ser uma extremidade óssea, como é o caso da cabeça umeral ou
femural ou todo um conjunto articular como a mão ou o pé. Estes
elementos são capazes de moverem-se um em relação ao outro, girando
em sentidos opostos graças à ação de um mesmo músculo, denominado
condutor. Da mesma forma que uma peça de roupa acaba por dobrar-se
quando torcida, essa torção gera tensão, causando um movimento de
flexão. A unidade de coordenação se dobra em uma articulação
intermediária, cuja característica principal é a flexo-extensão e assim se
constrói o movimento humano que é essencialmente a flexão, a extensão
sendo o retorno à posição inicial para que o movimento possa recomeçar.

De posse deste conceito, as autoras dividiram o corpo em sete unidades
de coordenação: escápula, braço, mão, tronco, quadril, perna e pé.

Conhecendo cada uma destas unidades e de que forma o movimento
básico ocorre em cada uma, obtemos um vastíssimo material de trabalho
para a construção do movimento ideal, coordenado, econômico. Formas de
realização dos movimentos fluem a partir deste trabalho original. Ele pode
servir para analisar e sistematizar qualquer movimento proposto por
técnicas de dança, esporte, ginástica.

No Projeto Convergências o trabalho corporal proposto para a análise e
sistematização de acordo com estes princípios de Coordenação Motora é a
Ginástica Holística.

A Ginástica Holística propõe movimentos conscientes e atentos a todo o
corpo e não exercícios repetitivos e automáticos. Esses movimentos são
capazes de relaxar. alongar, realinhar e tonificar a musculatura. Essa
seqüência, relaxar-alinhar-tonificar é, aliás, ideal em um trabalho corporal
que respeite a fisiologia muscular.

Este tipo de trabalho corporal tem origens no século passado na França
com François Delsartre, ator preocupado com a expressão vocal e corporal
na interpretação teatral. Um de seus alunos, James Steele MacKaye,
americano, levou suas idéias para o outro lado do oceano e nos Estados
Unidos elas foram apreciadas e fizeram escola a partir de 1870. Estas
idéias evoluíram, inspiraram livros e a criação de diferentes trabalhos, que
acabaram por chegar à Alemanha antes da segunda guerra e à Elza
Gindler, que também respeitando idéias de outros autores que
influenciaram a ginástica alemã, desenvolveu seu trabalho e sua escola.
Entendia que exercícios executados mecanicamente nunca produzem
mudanças definitivas. Seu trabalho não tinha nome específico. Seu centro
de formação era o Instituto para uma Educação Corporal Harmônica. Seu
único artigo, que sobreviveu à guerra é "A ginástica do homem que
trabalha". A partir destes nomes podemos imaginar sua preocupação com o
funcional, com o prático, com o objetivo, com a vida do dia a dia, longe da
idéia competitiva ou desportiva, que hoje permeia o mundo daquilo que se
conhece como "ginástica".

Com ela se formou muita gente, inclusive L. Ehrenfried, médica alemã, que
fugiu do nazismo e instalou-se na França, onde permaneceu até sua morte
e lá introduziu este trabalho, que ao longo dos anos foi conquistando
alunos. Também sem um nome oficial seu trabalho influenciou toda uma
geração de musicistas, bailarinos, cantores, profissionais liberais,
fisioterapeutas. Therèse Bertherat foi sua aluna e com ela seguramente
encontrou a fonte para o seu próprio trabalho que denominou
Antiginástica, o qual divulgou noções e conceitos tão importantes. Nos
anos setenta os alunos de Mme. Ehrenfried decidiram dar ao trabalho o
nome de Ginástica Holística e formaram uma associação com o objetivo de
guardar e passar a futuras gerações todo o material prático conseguido ao
longo dos anos de convívio e aprendizado com ela.

O que hoje constitui a G. Holística foi construído através da passagem
gestual dos movimentos de uma geração para outra de alunos, que
seguramente enriqueceram o trabalho com freqüência de forma anônima.
Chegamos à proposição de movimentos corporais funcionais a partir de um
trabalho centrado sobre a voz e o gesto teatral expressivo.

Assim como os contos têm uma tradição de passagem oral através dos
tempos, a G. Holística se construiu através da passagem gestual de
movimentos de uma geração a outra ao longo deste século. Assim como a
Ginástica Holística, outros trabalhos poderiam ser analisados, criticados e
incorporados ao Movimento Integral, que pretende ser um trabalho tão
amplo e aberto quanto rigoroso em sua base biomecânica, calcada na
Coordenação Motora e em sua base fisiológica calcada na dualidade
muscular, demonstrada pela fisiologia há mais de cem anos e que até hoje
poucos profissionais do movimento, aí incluídos ortopedistas, professores
de educação física, bailarinos e fisioterapeutas parecem ter valorizado de
forma adequada em suas práticas profissionais.



O PROJETO CONVERGÊNCIAS é destinado a fisioterapeutas.

Pré-Requisito: o candidato deve estar realizando um trabalho corporal
pessoal, dentro das linhas abordadas pelo projeto e sempre que possível
com profissionais já formados por ele.

<--Voltar

Hosted by www.Geocities.ws

1