A origem das Religiões

 

        "Como pode um homem experimentar como revelação as suas próprias opiniões? Tal é o problema da gênese das religiões: em cada caso, houve um homem no qual este processo foi possível! A condição prévia era que acreditasse inicialmente nas revelações e um belo dia, concebe subitamente o seu novo pensamento, e a euforia que causa uma larga hipótese pessoal abarcando o mundo e a existência invade a sua consciência com uma tal violência que ele não ousa julgar-se o criador de uma tal felicidade, atribuindo a causa ao seu deus, e mesmo a causa da causa deste novo pensamento: ele foi a revelação deste deus. Como poderia um homem estar na origem de uma tal felicidade! - assim se exprime o seu pessimismo cético. Além disso, outras alavancas agem em segredo: por exemplo, uma opinião reforça-se aos seus olhos, ao ser sentida como revelação; elimina-se assim o hipotético, e subtraindo-a à crítica e mesmo à dúvida, ela torna-se sagrada. Humilhamo-nos ao ponto de não ser mais do que um órgão, mas o nosso pensamento obtém sempre a vitória final enquanto pensamento divino, - e o sentimento de ser o último vencedor arranca-o do primeiro sentimento de humilhação. Um outro sentimento funciona ainda num plano secundário; quando as nossas produções se elevam acima de nós, esquecendo-se aparentemente o nosso valor, resulta daí um sentimento exuberante de amor e de orgulho paternais que compensam tudo, indo até além da simples compensação."

Fonte: Aurora

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