O CORAÇÃO FELIZ DO PRÍNCIPE
Era uma vez um pequeno príncipe
que morava em um país muito distante. Era um dos príncipes mais felizes que já
existiram; ria, cantava e brincava o dia inteiro. Sua voz era doce como música,
seus passos levavam alegria aonde quer que fosse. Todos pensavam que era alguma
magia. O príncipe levava ao pescoço uma corrente de ouro com um maravilhoso
coração, feito de ouro e enfeitado com pedras preciosas. A madrinha do pequeno
príncipe lhe dera de presente esse coração quando ele era bem pequenininho...
Lhe avisando: - Usando esse coração, serás sempre feliz. Cuidado para que não
o percas! Todas as pessoas que cuidavam do príncipe vigiavam muito para que a
corrente estivesse sempre segura. Mas, um dia, encontraram o príncipe no seu
jardim muito triste e lacrimoso, franzindo o rosto numa careta feia. - Vejam! -
disse ele, apontando para o pescoço. E todos viram o que tinha acontecido. O
coração feliz havia sumido! Ninguém conseguiu encontrá-lo, e a cada dia o príncipe
ficava mais triste. Um dia, perderem-no de vista. Ele havia partido, sozinho,
para procurar o coração feliz de que tanto precisava. O pequeno príncipe
procurou o dia todo, pelas ruas da cidade e pelas estradas do campo. Procurou
nas lojas, nas portas das casas onde moravam os ricos. O coração feliz que ele
havia perdido não estava em lugar algum. Finalmente, veio chegando a noite. Ele
estava muito cansado e com fome. Nunca havia andado para tão longe, nem se
sentido tão infeliz. Quando o Sol estava quase morrendo, o pequeno príncipe
chegou a uma casinha pequenina. Muito pobrezinha e marcada pelo tempo, ficava na
beira da floresta. Mas pela janela passava uma luz muito brilhante. Assim, ele
abriu a porta, como faziam os príncipes, e entrou. Viu uma mãe alimentando um
bebê... Um pai lendo historinhas em voz alta... A filhinha arrumava a mesa para
o jantar... Um menino da idade dele estava cuidando do fogo. O vestido da mãe
era velho, o jantar seria mingau com batatas e a lareira era muito pequena. Mas
a família estava feliz... Tanto quanto o pequeno príncipe queria estar. Como
os rostos eram risonhos! E os pezinhos tão lépidos! Como era doce a voz da mãe!
- Quer jantar conosco? - convidaram. - Onde estão os corações felizes de vocês?
perguntou o príncipe. - Não entendemos o que estás dizendo - disseram o
menino e a menina. - Ora - disse o príncipe - para rir e ser feliz como vocês,
é preciso usar uma corrente de ouro no pescoço. Onde está a de vocês? Ah...
como as crianças riram! - Nós não precisamos usar corações de ouro -
disseram - nós todos nos amamos muito e brincamos que esta casa é um castelo e
que vamos ter peru e sorvete para jantar. Depois mamãe conta histórias. Só
precisamos disso para sermos felizes. Assim, ele jantou na casa pequenina que
era um castelo. Brincou que o mingau com batatas era peru e sorvete. Ajudou a
lavar os pratos e depois todos se sentaram perto da lareira. Logo o pequeno príncipe
começou a sorrir. Era o mesmo riso feliz de sempre. Sua voz voltou a ser doce
como música. Ele passou horas bem agradáveis, e depois o menino acompanhou-o
uma parte do caminho de volta. Quando estavam chegando aos portões do palácio,
o príncipe disse: - É muito estranho, mas eu me sinto exatamente como se
tivesse encontrado meu coração feliz. O menino riu. - Ora essa, você
encontrou sim! - disse ele - só que agora você o está usando por dentro.
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