AS DUAS JÓIAS

Narra uma antiga lenda que um homem religioso e dedicado vivia muito feliz com sua família. Esposa admirável e dois filhos queridos. Certa vez, o homem empreendeu longa viagem, ausentando-se do lar por muito tempo. No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados. A mãe das crianças sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura. Todavia, uma preocupação lhe vinha a mente: como dar ao esposo a triste notícia? Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha comoção. Lembrou-se de fazer uma prece . Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão. Alguns dias depois, num final de tarde, o homem retornou ao lar. Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos. Ela pediu para que não se preocupasse, que tomasse o seu banho e, logo depois, ela lhe falaria dos moços. Alguns minutos depois estavam ambos sentados à mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos. A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido: “Deixe os filhos. Primeiro, quero que me ajude a resolver um problema que considero grave”. O marido, já um pouco preocupado perguntou: “O que aconteceu? Notei você abatida! Fale! Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus”. “Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo! O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?”. ”Ora mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!... Por que isso agora?”.”É que nunca havia visto jóias assim! São maravilhosas!”. ”Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las”. “Mas eu não consigo aceitar a idéia de perdê-las!”. E o homem respondeu com firmeza: “Ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!”. “Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo”. “Pois bem, meu amado, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade isso já foi feito. As jóias preciosas eram nossos filhos. Deus os confiou a nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los. Eles se foram”. O homem compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa e, juntos, derramaram muitas lágrimas.

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