A TIRA DO AVENTAL

Era uma vez um menino que brincava pela casa toda, ao lado da mãe; como ele era muito pequeno, seus pais resolveram amarrá-lo à tira do avental da mãe. Eles lhe disseram: agora, quando você tropeçar, pode se segurar na tira do avental e se equilibrar; assim você não cai. O menino obedeceu e ficou tudo bem; e a mãe trabalhava cantando. O tempo foi passando e o menino cresceu tanto que já ultrapassava o batente da janela. Olhando para fora, ele via ao longe as verdes arvores acenando, o rio que fluía cintilando ao sol e, acima de tudo isso, os picos azuis das montanhas. - Ah, mamãe dizia ele desamarre a tira do avental e me deixe sair! Porém a mãe dizia: - Ainda não, meu filho! Ontem ,mesmo você tropeçou e teria caído se não fosse a tira do avental. Espere mais um pouquinho até ficar mais forte. Então o menino esperou e tudo ficou como antes; e a mãe trabalhava cantando. Mas, um dia, o menino encontrou a porta da casa aberta; era primavera, e o tempo estava bom. Ficou de pé no batente, olhando o vale; viu as arvores verdes acenando, orio correndo ligeiro, com o sol refletindo nas águas, e as montanhas azuis se erguendo mais além. E, desta vez ouviu a voz do rio chamando: - Venha! O menino deu um impulso à frente e a tira do avental arrebentou - Oh, como a tira do avental da mamãe é fraquinha! - exclamou o menino, correndo pelo mundo afora, com o resto da tira pendendo de lado. A mãe puxou a outra ponta da tira, prendeu-a contra o peito e continuou a trabalhar. O menino correu, correu, radiante com a liberdade, o ar fresco e o sol da manhã. Atravessou o vale e começou a subir a montanha, onde o rio passava ligeiro entre as pedras e barrancos. Bem era fácil subir a montanha; às vezes ficava escarpado e íngreme, mas ele sempre olhava para cima, para os picos azuis mais além. A voz do rio estava sempre em seus ouvidos: - Venha! Acabou chegando à beira de um precipício, onde o rio caía numa catarata, espumando e cintilando, formando nuvens de gotículas prateadas. A nuvem lhe enchia os olhos, e ele não conseguia ver claramente o chão. Ficou tonto, tropeçou e caiu. Mas na queda, alguma coisa o prendeu na ponta de pedra na beira do precipício. Ficou pendurado, balançando sobre o abismo. Quando procurou com as mãos o que o prendia, viu que era a tira do avental. - Oh como a tira do avental da mamãe é forte! -exclamou o menino. Segurou-se nela e subiu, ficando firmemente de pé, e continuou subindo em direção aos picos azuis da montanha.

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