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               Um Pouco da Minha história

                                            por Maria Alice Costacurta Balbar



                                  A Chegada ao Brasil

                        1891

                                     Meus bisavós Giuseppe e Rosa, meu avô Carlo, seus irmãos e sobrinhos:
                Essa foi a família COSTACURTA que imigrou para o Brasil
              e se propagou até os dias de hoje. NOSSAS RAIZES ITALIANAS.

 Segundo Mércia Costacurta Abrão, filha de Dirceu Costacurta, Amália tinha 2 anos e Fernando apenas 4 meses ao chegarem ao Brasil com seus pais Vitorio e Vitória



                   Meus avós Carlo e Stella, meu pai Virgílio e seus 7 irmãos.



     Na Foto datada de 1918

Meu avô Carlo, aos 45 anos, minha avó Stella com 41, sentados. Da esquerda para direita:
Paschoina e sua filhinha Nize, seu marido Gustavo, de bigode, meu tio Alberto, alto,de cabelos e olhos claros.Meu pai Virgilio,aos 13 anos de pé ao lado do meu avô.De cabelos longos tia Albertina, de pé perto da vovó a tia Fanny,
Sentada com laço no cabelo tia Idalina e sentadinho no cavalinho o tio Irineu.Tio Arthur estava na barriguinha da vovó.Nessa época meu avô e minha avó tinham uma bela casa no conhecido bairro de Campos Elizeos em São Paulo onde residiam muitos dos proprietários de Fazendas de Café.No verso dessa foto existe uma dedicatória em italiano para o seu irmão Ermenegildo (que ele chama pelo apelido familiar de Gildo) e sua esposa Angela Tim, sendo a data é de 1918 citando o local onde foi tirada a foto:bairro de Campos Elízeos, São Paulo.


I-PASCHOINA COSTACURTA SILVEIRA E GUSTAVO DA COSTA SILVEIRA.
FOTO DAS BODAS DE OURO DE AMBOS, EM QUE ESTIVERAM PRESENTES OS FILHOS GENROS NORAS NETOS E DUAS BISNETAS: VERA HELENA E LUCIA HELENA, AMBAS FILHAS DE VERA HELENA(MÃE) E ROBERTO DESSART, MEUS PRIMOS E MAIORES COLABORADORES DESSE RAMO FAMILIAR, A QUEM AGRADEÇO .

Sentados no meio do grupo o casal Paschoina e Gustavo.
Da Esquerda para Direita de pé no primeiro plano:Silvia Helena(filha de Onéa e Silvio Malzoni).Lucianito(filho único de Diva e Dr Luciano),Luiza Helena(filha de Onea e Silvio Malzoni),Dr Luciano de Castro,Diva sua esposa,João Maria e Nize,Alfeu e Iara,Onéa e Silvio Malzoni,Maria Eulália(Lalita) e Gustavo Filho, Aldo e Terezinha,Vera Helena com Lucia Helena ao colo e Roberto Dessart,Sérgio e Cecília Helena, filha de Onéa.
Crianças da Esquerda para a Direita:Luicia Helena (da Onéa)ajoelhada Ana Cristina, da Iara,sentadinha Vera Helena filha de Vera Helena,Aldo filho, Gustavo neto filho do Aldo,ajoelhado o Carlos Alberto filho da Iara,sentadinho Braulio e Renata filhos do Aldo, Beatriz Helena da Onéa e de pé Suzaninha filha do Gustavo Filho. Nesta foto não constam 3 netos que ainda não tinham nascido, todos filhos do Gustavo Filho: Marcelo, Fábio e Luciano.

Tia Paschoina era a filha mais velha do casal Carlo Costacurta e Stella Fiaccadori Costacurta. Casou-se com Gustavo da Costa Silveira em Jardinópois e logo se mudaram para Santos onde viveram pràticamento toda sua vida.Tiveram sete filhos conforme podemos ver nessa árvore. Genny infelizmente faleceu aos dois anos de idade. Os seus filhos se casaram e viveram sempre em Santos  onde ainda moram vários de seus descendentes. Onéa e Silvio Malzoni mudaram-se para São Paulo onde se radicaram com suas cinco filhas. Meu avô tinha uma Exportadora de Café  em Santos que Gustavo geria. Gustavo mais tarde adquiriu também  uma pedreira em Santos onde  trabalharam seus filhos Aldo e Gustavinho, e seu genro João Maria, esposo de Nize. Tiveram 17 netos e vários deles ainda moram em Santos com suas famílias.


                        II-ALBERTO COSTACURTA E IRACEMA PANOCCHIA COSTACURTA

Tio Alberto casou-se com tia Lola, apelido pelo qual foi sempre conhecida a sua esposa Iracema.Casaram-se e viveram em Jardinópolis até quando tio Alberto veio a falecer com pouco mais de 40 anos.Moravam, quando os filhos ainda eram pequenos, em sua fazenda Esperança, próxima de Jardinópolis.Depois passaram a morar em Jardinópolis num belo sobrado mas tio Alberto ia sempre à fazenda.Tiveram 3 filhos:
Carlos Alberto Costacurta que veio a estudar medicina depois de ter se formado em Farmácia. Carlos Alberto casou-se com Violeta que também era farmacêutica e que muito o incentivou a estudar medicina. Moraram muitos anos em Manaus onde ele clinicou e montou um laboratório de Análises Clínicas.Voltaram a morar em Jardinópolis onde continuou a clinicar e onde faleceu.
Wanda Thereza Costacurta a segunda filha, casou-se com o Dr Luiz Leite Ribeiro, emérito jurista bem conhecido em Santos que, como o pai de Wanda, veio a falecer com pouco mais de 40 anos.Nessa época o filho mais velho do casal Luiz Alberto tinha menos de 15 anos.Mas Wanda embora tenha ficado viuva tão cedo soube educar seus filhos sendo que Luiz Alberto formou-se em engenharia e trabalhou em cargos de direção na Klabin.Pedro Luiz estudou odontologia e clinicou em Santos durante toda sua vida.Luiza  a filha mais jovem que tinha apenas 9 anos quando seu pai faleceu,optou pela carreira jurídica, como seu pai.Luiz Alberto e Pedro Luiz faleceram bem jovens também e pelo mesmo motivo: infarte do miocárdio, infelizmente.Wanda sobreviveu poucos meses à perda de seu filho Luiz Alberto e Pedro Luiz faleceu pouco tempo depois dela. Luiza é uma jovem corajosa e educa seu filho procurando manter a amizade dele com primos.
João Alberto o filho mais jovem de Alberto e Iracema casou-se com Clarinda Janólio com quem teve 3 filhos. João preferiu ser fazendeiro como seu pai.Morou em Jardinópolis varios anos tendo se mudado para Ribeirão Preto anos depois.

CASAMENTO DE WANDA THERESA COSTACURTA
                  E DR LUIZ LEITE RIBEIRO



O par da daminha Maria da Glória é Rodolfo Chiaverini Neto
A foto foi feita em frente da Igreja Matriz de Jardinópolis após o casamento reliogioso.


                              III-Papai e Mamãe, suas 4 Filhas, Genros, Netos : Foto de Julho de 1957

Da esquerda para a direita Melhem segurando o Fernando e Maria de Lourdes,Jaime e Stella segurando o ombro da Maria Luiza sua filha mais velha.Maria da Glória que era solteira ainda, Maria Alice(eu) segurando a Eliana sua segunda filha nos braços, José seu marido. Sentados Virgilio e Cecilia, ao lado esquerdo de Cecilia de pé o Virgilinho, filho da Stella e Jaime.De pé entre os avós a esquerda a Maria Angela loirinha filha mais nova de Jaume e Stella e a Maria Cecilia com seus olhos de jabuticaba perto do vovô filha mais velha de Maria Alice e José.               




                          VIRGILIO E CECILIA FILHAS,GENROS, NETOS E BISNETOS (primeira parte)


                          
                 VIRGILIO E CECILIA FILHAS,GENROS, NETOS E BISNETOS (segunda parte)




                    MARIA ALICE COSTACURTA BALBAR E FAMÍLIA






ALBERTINA COSTACURTA SANTORO E ROQUE SANTORO


Albertina Costacurta casou-se bem jovem com Roque Santoro, italiano de nascimento, de uma família do sul da itália.Não tiveram filhos e viveram grande parte de suas vidas na Fazenda São Carlos, no município de Igarapava, no limite norte do Estado de São Paulo.É dessa época que remontam as mais doces lembranças de minha vida de criança, das férias escolares que lá passávamos minhas irmãs e eu.Talvez por não terem tido filhos concentraram em nós um imenso carinho.Foi deles que aprendemos o que sabemos da lingua e música italiana, como também da cultura do país de nossos avós e bisavós. Mudaram-se para São Paulo onde viveram muitos anos e depois foram para Águas da Prata onde tio Santoro veio a falecer.Tinha Albertina voltou a morar em São Paulo, na companhia de sua irmã Fanny, onde faleceu.



IDALINA COSTACURTA FORTUNATO E NICOLAU FORTUNATO

Idalina Costacurta e Nicolau Fortunato casaram-se e foram morar
em Santos, onde viveram toda a sua vida. Tiveram apenas um casal
de filhos: Domingos Costacurta Fortunato e Vera Maria
Costacurta Fortunato. Domingos era o nosso companheiro de férias
na Fazenda São Carlos, em Igarapava. Vivendo numa cidade bem maior
que Jardinópolis ele se sentia como um pássaro fora da gaiola
sempre que vinha passar as férias na fazenda. Ele estudou medicina
em São Paulo e clinicou em Santos. Era um excelente pediatra.
Casou-se com Daulis e tiveram a Maria Fernanda. Mas Domingos
faleceu ainda muito jovem, para a consternação dos pais e parentes.
Vera Maria tinha um problema de saúde e não estudou. Em poucos anos
faleceram também o tio Nicolau, a tia Idalina e a Vera Maria,
ficando a família reduzida a apenas a nora, Daulis e sua filha Maria Fernanda. Depois disso ambas se mudaram para São Paulo onde Daulis
estudou medicina e se especializou em psiquiatria.


IRINEU COSTACURTA E JAMILA ABDALA COSTACURTA


Tio Irineu com seus cabelos alourados, dourados de sol nas pontas e seus grandes olhos azuis era fisicamente um típico italiano do norte como o tio Alberto. Tinha os traços delicados da familia da vovó Stella.
Depois de uma sólida educação formal básica no Colégio Champagnar e no Colégio Salesiano em São Paulo o tio Irineu resolveu se dedicar à sua fazenda, cuidando das lavouras de café e do gado leiteiro.Casou-se com a tia Jamila Abdala, bonita  jovem descendente de libaneses, com seus cabelos negros e sua pele imaculadamente branca, fazendo contraste. Ela lhe deu um casal de filhos, o Marcos Antonio e a Maria Regina, que passaram a sua primeira infância no saudável clima da fazenda Parnaíba. Na minha lembrança essa fazenda era um pedaço do paraíso.A casa ampla e gostosa, um imenso quintal cheio de árvores frutíferas e os pastos enormes onde colhíamos gabirobas e veludinhas e enterrávamos as colherinhas da tia Jamila quando brincávamos no enorme quintal. Uma imensa jaqueira dominava a paisagem do pátio perto da casa da Fazenda. Minha irmã Cuca e eu adorávamos visitá-los. Tia Jamila tinha mãos de fada na cozinha e sempre nos mimava com  petiscos. Ela sabia fazer e ensinar as empregadas as deliciosas comidas árabes. É dela a melhor receita de massa de sfiha e quibe de forno. Apesar de viverem na fazenda ela tia Jamila mantinha o Marcos Antonio e a Maria Regina impecavelmente vestidos sempre que os visitávamos. Como todos os Costacurtas tio Irineu era muito alegre e risonho porém mais reservado que o tio Arthur e o papai , que adoravam morder a gente e apertar as nossas pobre bochechas rechonchudas. Tio Irineu e a família mudaram-se para São Paulo onde os filhos estudaram e se casaram. Maria Regina estudou Magistério casando-se bem cedo com Jayme Helito, um bem sucedido homem de negócios em São Paulo. Ela foi durante 20 anos uma das diretoras do Hospital do Coração da Associação do Sanatório Sirio, onde trabalha a famosa equipe do Dr Adib Jatene. Marcos estudou medicina e se especializou em Diagnóstico por Imagem e é professor na escola Paulista de Medicina da Universidade Federal do Estado de São Paulo e chefe dessa especialidade no Hospital Sírio Libanez em São Paulo. Sua filha Cristiane também fez medicina e seguiu a mesma especialidade do pai.Casou-se com Pedro Van Langendonck Teixeira de Freitas e tiveram a linda Paulinha. Maria Lucia ainda cursa medicina e Ana Maria estuda Pedagogia.
Maria Regina teve apenas um filho, o Jaymito, Jayme Julio Helito, que estudou Administração de Empresas e Economia na Universidade Mackenzie  e hoje trabalha na área de Informática, com especialidade em publicidade digital, tendo morado nos USA onde fez o Toffel. Ele se casou com Luciana Jabur Helito que é fonoaudióloga.O pai de Luciana é o Professor Doutor Pedro Jabur professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa. Jaymito e Luciana têm um casal de filhos que são a alegria dos pais e dos avós: João Vitor e Izabela.


FANNY COSTACURTA ELIAS E JOSÉ ELIAS JUNIOR, FILHOS,NETOS,BISNETOS

Tia Fanny casou-se com tio José Elias Junior em Jardinópolis onde viveram por vários anos.Ela aleitou minha irmã Maria da Glória quando por algum tempo minha mãe não pode amamentá-la.Dizia minha mãe que ela era magrinha e elegante mas tinha leite bastante para sua filhinha Sonia e para a Maria da Gloria. Tornaram-se assim, no dito popular, irmãs de leite. Mudaram-se para São Paulo onde nosso tio Elias se dedicou ao comércio.Seus filhos estudaram e se radicaram em São Paulo onde vieram a se casar e residir com suas famílias.Infelizmente  tio Elias faleceu bem jovem ainda aos 51 anos de idade vítima de um infarto do miocárdio.Tia Fanny teve uma vida longa cercada pelo cuidado e carinho dos seus filhos e acolheu a sua irmã Albertina depois que esta perdeu seu esposo, pois esta não teve filhos.Os filhos da tia Fanny cuidaram da tia Albertina quando esta adoeceu gravemente vindo a falecer cercada pelo carinho deles. Tia Fanny sobreviveu à irmã por poucos anos. Sempre que visitávamos a tia Fanny nós a encontravamos alegre e disposta sempre com um bolinho caseiro e um cafezinho passado na hora. Tenho uma linda foto dela conosco numa dessas visitas pouco tempo antes dela vir a falecer e essas lembranças enchem meu coração de ternura. As filhas do casal Jesé Elias Junior e Fanny Costacurta Elias estudaram o Magistério. Iara estudou também Ingles. Carlos Eduardo estudou Química Industrial e Administração de Empresas dedicando-se à Industria de Tecidos com o tio, Melhem Fahham e posteriormente  à sua própria Indústria de Confecções. O José Elias Filho,o caçula, formou-se em Comércio Exterior.

                    ARTHUR COSTACURTA E LUIZA MENEZES COSTACURTA,
                   FILHOS, NETOS E BISNETOS

Tio Arthur era o filho mais novo do vovô Carlo e da Vovó Stella.Conhecido por sua alegria e índole piadista e amigável.Ele sempre foi adorado pelos seus clientes desde os mais ilustres até os mais humildes clientes da roça, quando morava e clinicava em Jardinópolis. Era um típico médico do interior que fazia de tudo desde resolver problemas de dentes infectados até cirurgias bastante sofisticadas. Estava, como meu pai, sempre se reciclando com cursos e congressos. Casou-se com a nossa meiga e bonita tia Luiza que lhe deu 6 filhos que encheram a sua vida de alegria.Infelizmente o primeiro, um lindo menino, faleceu ao nascer.Eles se mudaram para Ribeirão Preto onde ele clinicou por vários anos e onde veio a falecer.Seus filhos se casaram e se radicaram em Ribeirão Preto.Ricardo infelizmente faleceu num acidente aéreo deixando esposa e filhos ainda bem jovens.

Tio Arthur depois que se formou em medicina, morou em Jardinópolis na casa de minha avó e sua mãe Stella Fiaccadori Costacurta. Eu pude conviver com eles durante alguns meses quando morei com a minha querida avó. Ela me levava todos os dias de manhã para a missa com ela e  eu dormia, ao lado dela, no banco da igreja a missa toda.Ela e tio Arthur ficavam apavorados com as minhas travessuras. Eu atravessava a rua e ia pra casa de Dona Isabel Marasco que tinha filhas de minha idade e com as quais eu adorava brincar.Voltava com os joelhos ralados e vez ou outra o tio Arthur tinha que fazer curativos ou dar pontos.Era difícil me tirar de lá, vovó não conseguia me persuadir a voltar pra casa.Quando ficava em casa sumia no imenso quintal e me encarapitava nos galhos mais altos das mangueiras, abacateiros e cajueiros. Mas o tio Arthur quando voltava do hospital ia me buscar no qintal ou na casa dos Marascos, e com argumentos brincalhões, mas enérgicos, me fazia voltar pra casa pra tomar banho e dormir.No dia seguinte começava tudo de novo. Foi nessa época que meus laços de afeto por ambos se estreitaram mais e mais. Eu adorava o tio Arthur, e quem não o adorava? Falando com as pessoas que tiveram o privilégio de o conhecer têm sempre uma palavra de carinho sobre ele.



            Um pouco da minha história

Meus bisavós, Giuseppe Costacurta e Angela Pesce chegaram ao Brasil em 1891.Meu avô tinha 18 anos quando da chegada deles.O navio no qual chegaram segundo informações teve uma avaria na costa do Estado do Espírito Santo e os passageiros foram transportados para terra por barcos menores. Moraram por quase um ano segundo o primo Dirceu, neto de Victório e filho de Antonio Costacurta.Dai foram para Amparo onde meu avô se casou ainda bem jovem com minha avó Stella Fiaccadori (a certidão de casamento de ambos é de Mogi Mirim a sede da comarca).A Família toda se mudou para Jardinópolis Meus avós moraram em Jardinópolis pràticamente a vida toda, tendo mantido uma casa em São Paulo, nos Campos Elíseos, na época em que os filhos estudaram nessa cidade, no Colégio Salesiano e no Champagnar. Os fazendeiros de café do interior do Estado de São Paulo, que eram bem sucedidos, mantinham sempre uma casa em São Paulo para que os filhos e filhas pudessem estudar.

A Família da minha avó materna, os Fiaccadori, também se radicou em Jardinópolis por muitas gerações mas ao invés de se dedicarem ao plantio de café, preferiram plantar frutas como a manga, o abacate e o limão, que mandavam para o Mercado Municipal de São Paulo. Um dos filhos dos Fiaccadori, o Joanim morava em São Paulo e tinha um comercio  no Mercado Municipal para servir de ponto de venda das frutas que a família Fiaccadori produzia.

Minha mãe, Cecilia Martins Costacurta, descendente de família de militares, brasileiros de muitas gerações, apesar de não ter nenhuma experiência em plantação ajudava meu pai, que pouco tempo tinha para esses emprendimentos, a gerir nossa pequena fazenda, a Fazenda da Glória onde se plantavam frutas que o primo Fiaccadori vendia em São Paulo também. Temos boas lembranças de nossas viagens , de charrete, puxada pelo "Pirata" nosso forte cavalo de trote, de Jardinópolis até a fazenda. Uma frase que ouvimos relatada muitas vezes por mamãe  que era dita pela nossa irmã pequena, a Glorinha: - Anda dabagá Piata... (anda devagar Pirata). Papai preferia, sempre que podia, ir a Fazenda da Glória de motocicleta, rara na época.
Essas lembranças da infância são cheias de colorido e emoção. Transportam-nos para o passado como se as estivéssemos vivenso no presente. Gostos e cheiros tornan-se vívidos como as imagens. Tudo é re-vivido. Mais fácil de lembrar desses odores, por exemplo, do que o lugar onde pusemos as chaves do carro meia hora atrás.
Dessa fazenda lembro-me claramente de um monjolo que servia para  mover uma grande pedra redonda de moagem de milho.Posso ouvir até o barulhinho peculiar da água caindo de suas pás. Pescavamos lambaris, com peneiras, no corrego que o movia. A paciente mulher do capataz preparava esses peixinhos para nosso almoço como se fossem batatinhas fritas, tão pequenos que eles eram.Uma trabalheira danada para a pobre criatura.

Tínhamos um outro pedaço de terra, no limite do Estado de São Paulo com Minas Gerais, no município de Igarapava, onde se plantava café e cana, pois a usina de açucar de Sinhá Junqueira comprava toda produção de cana da região. Esse pedaço de terra ficava vizinho da fazenda da Tia Albertina Costacurta Santoro, a Fazenda São Carlos, onde passávamos deliciosas férias escolares.Tio Roque Santoro seu marido, administrava ambas as fazendas a nossa e a deles.

O café cheiroso e forte que nós tomávamos em nossa casa vinha de lá. Plantado,colhido,seco,beneficiado e ensacado lá mesmo.Em  nossa casa, em Jardinópolis, era torrado e (depois moido na hora) num tambor de metal, que era rolado sempre para que não queimasse os grãos,sobre um fogão a lenha mais rústico que ficava lá fora, no quintal, num barracão coberto.
Enquando descrevo essas lembranças sinto ainda o cheirinho desse café, feito em grandes bules que permaneciam na parte de trás da chapa de ferro do fogão a lenha para que permanecesse quentinho enquanto não fosse totalmente consumido.
Sete colheres de açucar cristal e quatro colheres de pó de café  eram misturados e postos no grande saco de pano, feito em casa, que ficava dependurado numa armação de metal esperando que a água fervesse bem, um litro mais ou menos. Água de primeira fervura, é claro. O café, ja adoçado, caia direto dentro do bule de ágata verde pintado com florzinhas do campo.
E, como disse, ia direto pra parte de trás da chapa do fogão a lenha para que não esfriasse. Ele estaria bom quando voce sorvesse um gole...cuspisse no gato... e ele saisse correndo miando...senão estava morno.E ninguém gostava de café morno. Diziam que era pior que purgante de óleo de rícino.


Da esquerda para a direita, a Maria de Lourdes, a Tia Albertina e Eu
na Fazenda São Carlos perto dos terreiros de secagem de café

Tia Albertina sempre foi o nossa fada encantada, com varinha de condão e tudo e que até hoje, sessenta anos depois, vive em nossas memórias. Ela sempre teve um temperamento alegre e brincalhão, tendo até o fim de sua vida guardado um pouco da criança feliz na sua alma.
Como não tinha filhos concentrava em nós, principalmente na Cuquinha,a Maria de Lourdes, que morou com ela alguns meses, todo seu amor materno. Foi a vovó Stella que colocou esse apelido carinhoso na minha irmã.
Ela era tão fofinha que a nossa "nonna" falava : Non ti pare una Cuca? (Não te parece um pãozinho?)

A tia Betina, como chamávamos a querida tia Albertina, nos ensinava a bordar moranguinhos de "ponto rococó" e fazia, sempre que pedíamos, inesquecíveis balas de vinho e tortinhas de morangos silvestres à moda italiana, com tiras de massa trançadas que cobriam a geléia que ela mesma preparava.
Ainda sobrava sempre um pouco de paciência para nos ensinar a fazer tricô e crochê ouvindo, num radio de galena, cheio de  barulhinhos de estática, os programas do
"Nho Totico" . Essas atividades exerciam sobre nós o mesmo poder de atração que hoje têm os programas de TV a Cabo ou os Jogos de Computador sobre os meus netos. Mas sem dúvida éramos  parte da natureza quando brincavamos livres e soltas na fazenda ou mesmo no quintal de nossa casa em Jardinópolis. É  para os nossos netos que eu escrevo estas lembranças tão doces de nossa infância.

Tia Betina e o Tio Santoro tinham um grande carinho conosco, crianças saudáveis e buliçosas, que estavam sempre a inventar peraltices como os discos abaulados, feitos de tampas de lata de "cêra parquetina" que era um dos nossos jogos competitivos prediletos.
Galgávamos ladeira acima até onde secavam o café em imensos cimentados divididos em quadras, e de lá jogávamos os nossos "discos, de tampas de parquetina, voadores" para ver qual deles ia mais longe.
Além disso havia as nossas piscinas gostosas, cheias de água tépida do sol, que eram as enormes caixas de cimentado onde o café era lavado, e que nos proporcionavam horas de brincadeiras cheias de gritinhos de alegria. E um enorme cavalo,o "Famoso", que de tão manso montávamos sem medo e que sabia voltar sozinho pra casa trazendo-nos em segurança.

O tio Santoro nos proporcionou aulas de afinação de ouvido e voz tocando e cantando ao seu violão as músicas italianas que ficaram em nossos ouvidos e corações, gravadas de maneira indelével. Foi nessa época que a língua italiana penetrou em nossa mente pra nunca mais ser esquecida, e o amor àquela pátria distante ficou pra sempre, o que explica a sensação de "estar voltando pra casa" que eu senti quando visitei a Itália pela primeira vez. Eles eram os únicos tios que falavam italiano em casa pois o tio Santoro era italiano de nascimento, do sul da Itália, e por isso cantava também belas cançonetas napolitanas meio que em dialeto e meio que em italiano castiço.

Foi nessa época que aprendemos a valorizar o bom azeite com fatias de pão cazeiro com um pouquinho de sal por cima, as brusquetas famosas. Claro, tudo isso acompanhado de uns golinhos de saboroso vinho tinto importado, suavizado pra nós com um pouquinho de água e açucar, e bem seco pra eles, hábito que as crianças na Itália eram afeitas desde bem pequenas.
A cultura italiana era apreendida por nós sem que tivéssemos , na época, a menor consciência disso.

Com meu pai aprendemos também a amar as óperas de Verdi, e todo tipo de música italiana, ouvindo e cantando trechos de árias que ele nos pedia para cantar como se fossemos divas das óperas italianas da época. Papai sempre teve uma bela coleção de discos e quando o consultório e o hospital permitiam  ligava a vitrola e nos chamava pra perto dele para ouvir e aprender a cantar.
Maria de Lourdes e eu tinhamos bom ouvido e boa voz embora ela tivesse uma voz mais doce e grave que a minha e muito mais ritmo pois aprendera a se acompanhar ao violão.
Como nossa irmã Stella era bem mais velha , sete anos, e vivia em internato de freiras em Ribeirão nessa ocasião, e a Maria da Glória bem mais nova, sete anos anos menos que eu, e vivia mais em casa com nossos pais,  Maria de Lourdes e eu fomos mais expostas a essas experiências do que elas, ja que tinhamos quase a mesma idade.
Por isso estudamos juntas sempre e mais tarde em colégio interno também. Nessa época era comum os pais que tinham condições econômicas mandarem as filhas  para colégios de internato de freiras.
Eu, como mais velha da dupla, logo aprendi que devia ser a protetora da "Cuca", contra gregos e troinanos.
Ela era uma verdadeira cigarra da fábula, amava todas as formas de arte e detestava matémática e materias que tivesse que decorar. Desenhava e pintava meus deveres e por isso eu sempre tirava boas notas. As freiras queriam se queixar dela para os nossos pais pois ela detestava estar interna e não queria fazer outra coisa que não fosse desenhar, pintar, tocar acordeão e violão e cantar. Uma cigarrinha talentosa. Por isso tive que interceder junto a elas para que não ficassem a mandar bilhetes para nossos pais ou falassem com eles sempre que vinham nos visitar no colégio.
E a rede protetora funcionava, mas nem sempre, e eu recebia de nossa mãe a incumbência de tentar enfiar um pouco de matemática e geografia naquela cabecinha de artista.
No entanto quando ela, mais tarde, estudou externa tornou-se uma excelente aluna em todas as matérias inclusive a fatal matemática.
Estudamos 4 anos com as salesianas, rigorosas disciplinadoras mas excelentes professoras, e 1 ano com as ursulinas, menos rigidas quanto a disciplina e que admitiam mais professores externos, isto é, não freiras, pelo menos no primeiro colegial quando estudei com elas em Ribeirão Preto.
Nesse ano tivemos a companhia de nossa prima a Zezé Mariani, filha de nossa linda e inesquecível Celina Corazza Mariani, de lindos olhos claros, pele muito clara e voz meiga. Celina era filha de nossa tia avó Amália Costacurta Corazza, que era do ramo de Vitorio e Vitória que chegaram ao Brasil casados  e com dois filhos: Fernando e Amália.
O marido da tia Amália era o tio Virgilio Corazza, dono de uma linda confeitaria que adoçou a nossa infância com guloseimas inesquecíveis, como as cocadas cor-de-rosa e os sorvetes de frutas. Eu me lembro da sensação de ficar nas pontas dos pés para atingir o balcão da confeitaria e passar para as mãos do tio as moedas que ganhávamos e esperar ansiosamente que ele desse a volta no balcão e nos entregasse as suas iguarias. Sempre ganhávamos algo mais do que as nossas moedinhas poderiam pagar. Afinal tio é pra essas coisas...
Anos mais tarde quando entrei no primeiro colegial saimos do Colégio Auxiliadora das salesianas onde ficamos durante 4 anos e fomos para o Santa Ursula, em Ribeirão Preto onde conhecemos uma tia freira ursulina, a tia Elza, que dava aulas de espanhol no primeiro colegial. Ela era filha de Maria Costacurta Canevari,a Marieta para a famíla,  única filha mulher do primeiro casal Giuseppe e Rosa Pesce Costacurta que chegou ao Brasil com 6 filhos e 2 netos em 1891. Seu pai era o Tio Ricardo Canevari cujo estória ainda estamos pesquisando para acrescentar a esse relato.
Por telefone a Tia Elza me informou que a sua mãe, Marieta, tivera 12 filhos e que atualmente só restaram ela e mais duas irmãs todas na faixa dos 80 a 90 anos. Ela me pareceu ao telefone uma pessoa perfeitamente lúcida que ficou muito contente com a nossa chamada telefônica. Prometi a ela que em breve iria fazer uma visita pessoalmente no colégio Santa Ursula.Ela me respondeu alegre que esse seria um presente especial e terminou nossa conversa agradecendo por eu ter me lembrado dela. O que me comoveu às lágrimas. Afinal tão pouco esforço da minha parte para fazer alguém tão doce ficar feliz.


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Vovô Carlo radicou-se em Jardinópolis, onde viveu quase toda vida exceto quando veio pra São Paulo para que seus filhos estudassem. As filhas deveriam ser professoras e estudar piano e bordado para virem a ser prendadas esposas. Dois filhos quiseram estudar mais. Papai,Virgilio Costacurta e tio Arthur Costacurta  estudaram medicina na "Praia Vermelha" no Rio de Janeiro.Tio Alberto e tio Irineu, após uma boa base de educação formal, foram tocar suas próprias fazendas de café. Carlos Alberto, filho de tio Alberto e Marcos, filho de tio Irineu e Domingos, filho da tia Idalina, mais tarde seguiram o exemplo de seus tios e optaram pela mesma carreira, a medicina.Algum tempo depois Luciana, filha da Maria da Glória e Patricia, minha filha caçula, seguiram esse mesmo trajeto.A primeira cardiologista e acupuncturista e a segunda gineologista e obstetra. Costacurta foi e é hoje em dia uma família de muitos médicos em todos os ramos da árvore genealógica...Uma carreira bonita mas muito sacrificada para eles e suas famílias.
Acho que é mais uma missão que uma profissão.Vi alguns estudiosos acabarem por se tornar burocratas ou até mesmo políticos.

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Quem visitar a cidade de Jardinópolis poderá constatar que muitas ruas e mesmo avenidas levam o nome de um Costacurta, assim também em outras cidades próximas como Jurucê, Sales Oliveira,Orlândia e mesmo Ribeirão Preto, como uma homenagem a essa família que muito contribuiu para o desenvolvimento dessa região.

Giuseppe e Rosa Pesce, meus bisavós, faleceram em Jardinópolis onde foram sepultados.Meu avô Carlo e minha avó Stella também.

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