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REZA DOS BURGOS II
Linda mente OrivaldoOriovaldo é um operário preso no senso comum, após muitos anos de trabalho descobriu que sua vida nada tinha ver com seus sonhos, transformou o pouco que lhe restou em verdade socrática e deu ao Homem um pouco de verdade.
Pelas tantas que passou
Oriovaldo se cansou
trabalho e mais trabalho
pobre operário.Sentado no banco da praça
via criança com graça
esquecendo por minutos sua desgraça.Lembrou, lembrou e lembrou
cantou, cantou e cantou
chorou, chorou e chorou.Viveu no mundo encantado
que de pequeno havia reinado
ao som das operetas tudo enfeitado.Levantou-se
inspirou-seSiltou a canção
que veio do coração
devido a emoção
que bela ação.Crianças juntaram
com ele cantaram
brincando sonharam
sorrindo reinaram.Adultos observando
vieram só andando
olhando e olhando
o homem cantando.Seria um louco?
queria um troco?Deve ser professor
disse a mulher do encanadorTem cara de pistoleiro
disse a mulher do barbeiroNão, é ladrão
disse a mulher do patrãoLevaram os reis
sobraram só três
nenhum japonês
polonês ou françês.Eram da rua
uma quase nua
bela igual a lua.Um dia depois
na praça se poisSentou-se
Lembrou
cantou
chorouDepois da opereta
soltou a canção.Crianças juntaram
adultos chegaram
de novo julgaramPorem um adulto
gostou do tumultoLevantou-se
inspirou-se
cantou operetaAgora são dois
três e quatro
um monte.Oriovaldos
entusiasmados
embaladosEstão a reinar
podem voar
correr ou nadar
no mesmo lugarEstão vendo flores
de todas as cores
rindo orrores
ao som dos tamboresJá os adultos
não veêm nem vultos
e causam tumultosNão consegeum um um
um que é um
de bem comumA radio patrulha
chamou dona JuliaVão prender o malvado
o Oriovaldomas porque?
perguntou o ReneTem malicia
falou dona Alicia
ao moço da policiaLevaram o réu
não deram troféu
nem viu mais o céu
ficou até sem pastélMas na prisão
não perdeu a emoção
lá do porão
mantia a açãoCantava
falava
brincava
reinavaAmordaçado
surrado
cançado
não era coitadoFoi julgado
depois condenadoSaiu bem velinho
de vagarinho
nem um vizinho
veio busca-loFoi para praça
tomando cachaçaSentou-se no banco
e começou a cantarParou a noitinha
olhou a vizinhaQue veio falar
também não tem lar
e vive a cantarCome o que dão
banana ou pão
não tem um tostãoNão é operária
se chama Eulalia
não teve familia
neceu em BrasiliaNo dia seguinte
saiu com a pedinte
tinha apetite
além da artriteNem banana ou pão
Não lhe derão um tostãoVoltou para praça
sem a cachaçaNão viu a vizinha
nem a noitinhaAchou um totó
que lambeu-lhe de dóContou-lhe o segredo
dele não tinha medoDisse ter conseguido
fazendo e aprendendo
vivendo e vivendoDescobriu o tesouro
que guardava o besouro
o loro e touroJuntou a razão e o coração
semtiu emoçãoCom sua partida
o que levar desta vida?
que é gostosa e sofridaLembrança da ação
que faz bem ao coração
igualdade e verdade
felicidadeRazão e coração
paixãoEum sem rima
um que é um!
de bem comumPrá quem diz se eterno
vestindo um terno
não vê o infernoQue mas poderia
levar desta vida
gostosa e sofridaEle levou linda mente
contente
falante
crescente
atuanteSó faltou um
contar a cada um
o que é um
um que é um
de bem comumQuem não tem um
se depende de cada um
conseguir o seu umQuem não pensou
na história do seu eu
cantnado operata
e lendo meu euEstou encatado
Tado tado tado tado, tá
tado tado tado tado, tá
tado tado tado tado tado tado tado tado, tá.Leandro Wendel Martins
Gosta de temas sociais e políticos. Alguns projetos em andamento:O inferno é verde oliva: crítica ao serviço militar obrigatório.
A antigüidade é amanhã: fala sobra a contínua opressão do poder.
O Mundual: peça que conta a dualidade entre os seres e o eterno rótulo.
Reza dos burgos: crítica ao capitalismo.
A grande judéia: sobre o domínio nas terras do hemisfério sul.Correio: [email protected]
*NOTA JL: Este texto faz parte de uma peça que o autor está escrevendo, com o objetivo de mostrar o que é ser um burgo. segundo ele "descobrir qual é o ideal de uma sociedade para amanhã, faz parte do nosso show."
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