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DIVERSAS POESIAS

HEMINGWAY

Não compartilhei uma façanha
com o velho pescador de Ernest Hemingway
mas conheço algo do mar.

Conheço homens
que ao perderem algumas lutas
são nelas os únicos vencedores.

 

JACQUES COSTEAU

Estrelas
e flores marinhas
te agradecem
porque vistes
mais que um santuário:
_ o céu dentro das águas.

 

NERUDA

Um dia como outrora, não esse
de folhas sem fôlego sobre as janelas
e olhos cabisbaixos apodrecendo
suas seivas como se estivéssemos
diante do fim dos tempos.

Em que noite sonha agora
teu coração qual fruto despencado,
de que matéria é teu dia?

Grandes são os navios,
maior é o mar
_ toda água é a mesma.

Um país se faz entre ossos
e aí está o cálcio dos teus poemas,
um minério que desperta
e volve qual pedra que voasse,
que se atirasse contra rochedos
_ é teu poema.

A desigualdade, a injustiça, a paixão,
esses elementos
Pablo
quer ver em forma de pão e luz,
mas entre papéis
o sol bebe a chuva
e se contempla
a imperfeição deste mundo,
a mais perfeita das imperfeições
quando as idéias se cravam no chão
e são raízes de pedras mudas.

Deus deve ter recitado
muitas vezes a Bíblia,
Deus deve estar cansado de eternamente
falar através das chuvas, dos trovões, dos vulcões.
Idéias e ideais,
Deus te deu um chão de uvas
e aqui estamos entre bagaços.

Um trem com olhos de cão
atravessa o céu, e nuvens
são paridas da chaminé da locomotiva.
Nuvens se transformam em carneiros
e saber onde fica a pólvora
não faz um revolucionário.
Um trem com olhos de cão
vai puxando a linha que divide
o dia da noite,
folhas quais seios de fêmeas
descem das árvores, acenam adeus
mas não vais partir.

Já chegastes antes, chegastes cedo,
estavas em Parral
sendo que cravavas no chão os trilhos
para que chegasse o trem.

Vagões carregados de flores
são distribuídos
por todas as Temucos reais e imaginárias.

Para que mais de vinte noivas
possam se saberem bem amadas,
mais de vinte vezes,
esta noite como em outras,
deverão ser lidos
"vinte poemas de amor e uma canção desesperada",
por todas as Temucos reais e imaginárias.

 

O CANAVIAL E OS HOMENS

Numa plumagem
de verdes pássaros na terra
as folhas ao vento batendo.

A calma do canavial é momentos
enquanto se colhe o tempo
de uma tarde despencando
para dentro de um casarão colonial.

A alma dos homens do canavial
é só calma enquanto batendo
a tarde despenca folhagens
para dentro de um tempo maduro.

O tempo maduro
vem para ser colhido
no rosto sem espanto
do homem que faz o açúcar
refletir
nos olhos desconhecidos.

Luis Sérgio Santos
Correio: [email protected]

 

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