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Capitalismo utópico

Caminho, ao anoitecer, pelas ruas da minha cidade. Vejo um pequeno centro comercial. No local, vendedores gananciosos enganam seus clientes: os produtos são de má qualidade, ou estão danificados. Atos assim são comuns, numa sociedade capitalista. Uma pergunta vem à minha mente: por que existe o capitalismo? Porque a elite necessita desse sistema, que lhe traz lucro e poder. De certa forma, eu gosto dele: tenho camisas e calças caras, com marcas que justificam seus preços. Lembro-me, então, daqueles que não têm o que vestir. Penso nas desigualdades sociais.

Repentinamente, alguém segura meu ombro e rouba meu dinheiro. Leva, também, o tênis e o relógio. Ele estava com uma faca. Dei o que ele pediu e saí dali. Agradeço a Deus, pois estou ileso, mas lamento ter perdido tanto dinheiro.

Voltando para casa, lembro-me do que pensei sobre diferença social. Essa foi, com certeza, a maior causa do assalto. Eu queria que houvesse um capitalismo no qual as pessoas pudessem, realmente, ter os mesmos direitos, no qual ninguém explorasse seu semelhante. Se os poderosos aceitassem partilhar o que têm com os pobres, a violência e a fome diminuiriam. Imagino os latifundiários dando parte de sua propriedade para os sem terra, os políticos tomando medidas efetivas para melhorar as condições do sertão, acabar com seca e ajudar os retirantes. Muitas doenças, como as verminoses, seriam extintas, paulatinamente. O egoísmo seria ridicularizado por todos, e a satisfação pessoal consistiria, dentre outras coisas, em ajudar os outros.

Muitos diriam que isso é hipocrisia ou falsa demagogia. Não é verdade, o que sinto é real. Não obstante, eu sei que é utopia, pois o capitalismo não pode funcionar assim. Não é fantasia acreditar em uma sociedade boa. Ilusão é desejar que ela coexista com essa ideologia que dita que um indivíduo deve tirar proveito do outro, para enricar e ser feliz. O sistema político do capital é, definitivamente, inviável.

Fortaleza, 9 de outubro de 1999.

André Marques Lima
20 anos. Aluno de Computação da UNICAMP, amante da capoeira e gosta de jogar RPG.
Correio: [email protected]

 

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