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Conto

Os meninos tem sempre esta impressão maluca de que o mundo está sendo feito a suas custas. È o que se dizia dos primitivos. Como se as crianças não soubessem dessa união cósmica que há entre um espirro e uma catástrofe, a imersão primordial no mundo. Foi assim que Marcos recebeu aquele barquinho. Ele andava no mar e era vermelho, mas além disso ele próprio era o flux das ondas e entre barco, pai e cosmos não havia separação. Até que chegaram os homens de terno cinza.

Eles chegaram de sombrancelhas grossas, nada amigáveis, entrando porta adentro como nem Papai Noel faria, este pelo menos vinhas às escondidas, de noite. Mas estes senhores nunca haviam visto desenho animado- nem o olhar verde penetrante dos vilões de verdade eles tinham. Eram umas
pálidas bochechas queimadas de sol e cerveja. E o menino observava com seus grandes olhos azuis a movimentação toda. Eram como bonecos trocando símbolos, como seu pai movia cada músculo assim como se entre eles tivesse uma espécie de dança. Eles levaram seu pai, e os equipamentos do barquinho.

E sua mãe só disse que acharam que fosse uma arma.

Afonso Junior Ferreira de Lima
É ator, dramaturgo e poeta ( tem mais de 30 peças em estilos os mais variados como grego, tchecoviano e
shakesperiano ), além de produtor (produziu e ministrou para o espaço Cultural da PUCRS palestras, oficinas e debates assim como a peça Pois é Vizinha, assistida por 600 pessoas.). Também é um artista
virtual e tem uma página na Internet com crônicas sobre o cotidiano e arte, sua literatura e imagens.
Correio: [email protected].
Página: www.afonsojr.cjb.net

 

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