Esquina da Literatura

br.geocities.com/esquinadaliteratura

Escolas Literárias

Barroco

 

 

Autores > Lorena Bezerra > Paródias >
Na mira do Barroco
Adptação da música O Vira, dos Mamonas Assassinas.

Rap da Literatura
Adaptação da música Eu só quero é ser feliz, (melô do Cingapura). Fala de vários estilos da nossa literatura.

Literatura Barroca
O período do Barroco, na Europa, compreendido entre o final do século XVI até o século XVIII, teve seu ponto culminante como acontecimento universal durante o século XVII. Historicamente ligadas à Contra-Reforma, as manifestações barrocas no terreno da pintura, escultura, arquitetura (nas edificações de igrejas) e na literatura traduzem as crises, as dúvidas, a ambigüidade de sentimentos - o dualismo - por que passava o homem, angustiado entre forças do espírito e as forças do mundo.

Nas artes plásticas, principalmente nas de conteúdo sacro, notam-se as maiores diferenças estéticas - as distorções, os ornamentos exagerados - a tentativa de reunir numa só forma o humano e o divino. Na literatura, esses contrastes apresentavam-se por via de um vocabulário rebuscado, conceitual, nos temas de "vida versus morte", nos paradoxos etc.

Dentro desse período, a literatura brasileira, como tal, tem os primeiros passos para sua definição, principalmente através da obra dos jesuítas.

A publicação do poema épico Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, é considerada como documento histórico e marco referencial de nossas atividades literárias.

Entre os nomes mais representativos de nossa literatura nessa época, encontramos:

- Manuel Botelho de Oliveira, baiano de nascimento; um dos primeiros poetas líricos nascido no Brasil. Sua obra principal, Música no Parnaso, é composição poética com versos em português, castelhano, italiano e latim. Duas comédias ainda são acrescentadas ao contexto da obra: Hay Amigo Para Amigo e Amor, Engaños y Celos.

- Gregório de Matos Guerra, outro baiano, foi grande expressão barroca da literatura brasileira. Suas obras trazem a carga do conflito e da contradição na mistura do sensual com o religioso, dos valores místicos com os carnais. Na poesia, abrange os temas sacros, satíricos e amorosos, utilizando-se, com incrível propriedade, de todos os recursos que a linguagem escrita pode oferecer. Popularizou-se com a sátira, através da qual atacava e ridicularizava a sociedade colonial, a Igreja e o Governo. Isso lhe valeu o apelido de "O Boca do Inferno" e também um exílio temporário em Angola. De volta ao Brasil, fixou-se no Recife até seus últimos dias.

Estes versos, extraídos de sua composição Verdades Miúdas, dão um belo exemplo de sua linguagem direta, jovial e crítica:

"Ouvi, amigo João,
Esta verdade que canto;
Se a verdade causa espanto,
Esta causa admiração:
É certo e sem omissão,
E contra isto não há nada
Que esta é a verdade usada;
E a de rebuço e de engano
É a verdade de magano;
E esta é de gente honrada
......................................
Pecados mortais são sete;
E dez são os mandamentos;
Sete são os sacramentos;
O estojo tem canivete;
O frade tem seu topete;
Não paga aluguer de casas;
Os anjos todos têm asas;
Morde o cachorro que é bravo;
O que tem senhor é escravo;
E ganha quem faz mais vazas.

Estas pois, e outras verdades,
Amigo, que aqui vos digo,
São as de que sou amigo, -...
O mais são só ansiedades
Desses que dizem rodeios;
Porque só por estes meios
Se fala bem português;
Tudo o mais é ser francês,
E trazer na boca freios".

(Apud Florilégio da Poesia Brasileira - F. A. de Vernhagen - in Antologia Escolar Brasileira, 2. ed. FENAME, 1975.)

- Ambrósio Fernandes Brandão é outro nome que se destaca dentro da poesia e prosa, no período barroco. Sua literatura, ainda de caráter informativo, exalta principalmente os produtos agrícolas da Colônia. Em sua obra Diálogo das Grandezas do Brasil, faz referências à variedade e ao sabor de nossas frutas (romãs, marmelos, ananases etc.), descrevendo a nova terra como o "pomar prometido".

- Frei Vicente do Salvador, baiano de nascimento, doutorado em Teologia pela Universidade de Coimbra, de modo semelhante preocupou-se com os produtos brasileiros. Em sua História do Brasil (1627), refere-se elogiosamente à qualidade do trigo, arroz e mandioca. Descreve com certa ternura o ambiente, os pássaros, a natureza do Brasil. É considerado nosso primeiro historiador nascido no Brasil.

- Padre Antônio Vieira, nascido em Lisboa, veio muito jovem para o Brasil e aqui faleceu em 1697, na Bahia. Com Vieira, nossa arte literária alcança seu clímax. A versatilidade da linguagem, o engenho do estilo, o perfeito manejo dos recurso lingüísticos, aliados à erudição e ao excepcional dom da oratória, tudo isso concede-lhe o título de maior figura no âmbito da literatura sacra do século XVII.

Grande escritor, missionário, pregador e político, tornou-se famoso por toda a Europa. Suas Cartas, bem como seus magistrais Sermões, constituem verdadeiras preciosidades da literatura em língua portuguesa no Brasil.

Exemplo disso este pequeno trecho, retirado do conhecido Sermão da Sexagésima, onde observamos a sutileza do jogo de palavras:

"Ao mundo, aos que lavrais com ele, nem vos satisfaz o que dispendeis, nem vos paga o que andais. Deus não é assim. Para quem lavra com Deus até o sair é semear, porque até das passadas colhe fruto. Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, outros que semeiam sem sair. (...)

Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão lhes de medir a semeadura e hão lhes de contar os passos. Ah, dia do Juízo! Ah, pregadores! os de cá, achar-vos-ei com mais Paço: os de lá com mais passos: Exiit seminare".

(in Afrânio Peixoto, Os Melhores Sermões de Vieira, Rio, Americana, 1931.)

Fonte:
LUFT, Celso Pedro.... (et al.). Novo manual de português. 5. Ed. Rio de Janeiro: Globo, 1989.

Página Relacionada:
Lorena Bezerra

 

 

 

Início | Autores | Escolas Liter�rias
1998-2007 Esquina da Literatura - InfoEsquina

Hosted by www.Geocities.ws

1