Tirania
És pura tirania
doce que vicia
nesse teu chegar
de sonho!
E nesse sonho
que sonho sempre
quando tu me chegas,
sou absurdamente, tua,
e tu tão, absolutamente, meu!
A timidez ávida do meu corpo
que já nasceu teu,
é volúpia pura,
só no devaneio de se pensar teu.
E o teu,
no conhecer do meu
não resiste.
Em delírio, aceita o meu!
Na nudez gostosa que tanto desejo,
meu corpo,
em marulhar
no mesmo balanço do teu,
te faz meu de tantas formas!
Exploro em languidez
a tua masculinidade.
E tu me tomas, em loucura.
E nesse teu
e neste meu,
o gozo vem,
o teu e o meu do mesmo jeito,
mas não da mesma forma!
Exausta, na cumplicidade
dos sonhos meus,
sentindo a brisa leve
do próprio respirar profundo,
ainda assim, sonho,
que não é a minha,
é a tua...
No silêncio de depois,
quando adormeço,
meu corpo, a boca, a volúpia
do meu desejo,
ainda assim ficam em entrega,
pois
no feitiço das minhas mãos
volto a sonhar.
Afago-me em carícias minhas
que faço tuas
e me entrego ainda mais!
Sandra Falcone
(Em Retraços de Mulher)
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