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Apresentação Relembro minha chegada a Fortaleza para iniciar o curso de Direito e todas as implicações desta mudança. E no terreno das lembranças afetivas, a interferência do professor Moreira Campos, fundamental para que eu pudesse participar de um concurso de monografias, porque apresentei meu trabalho manuscrito e o rigor do regulamento exigia que ele fosse datilografado. Menino do interior, ainda sem as pequenas tecnologias da cidade grande, eu não dispunha de máquina de escrever. O professor Moreira Campos deve Ter intuído que o desejo de participação era muito forte e me auxiliou após uma primeira leitura do trabalho. Mais importante do que Ter vencido o concurso foi a interferência do mestre e a relação de admiração e bem-querer que se estabeleceu a partir daí. Foi fácil perceber que por trás da discrição e simplicidade do professor, avesso a brilhos mundanos, estava um dos maiores contistas brasileiros. E foi com um misto de curiosidade e admiração que me iniciei no universo seco, contundente e essencial de sua escritura. Porque Moreira Campos persegue situações limites e o faz com propriedade do mestre. Se existe u'a unanimidade no que se refere à literatura cearense é considerá-lo o contista. E o alcance deste livro que ele considera seu legado é amplificá-lo numa dimensão nacional. Para que ele possa ocupar, de fato, um lugar que é seu de direito. Trata-se menos de uma homenagem e mais de um resgate de uma obra que não pode se confinar aos limites cearenses. De colocar ao alcance do país o vigor e a magia de um escritor que precisa ser lido e merece ser amado. Moreira Campos está para Fortaleza como Dalton Trevisan está para Curitiba. Indo mais longe, este mágico contista representa tanto para a cultura cearense quanto Garcia Márquez para a Colômbia. E graças a este trabalho, o Brasil vai conhecer melhor este que é um dos seus mestres Ciro Ferreira Gomes in: CAMPOS, Moreira. Dizem que os cães vêem coisas. 2a. edição. São Paulo. Maltese, 1993. |
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