[Manuel Bandeira] [Autores] [Esquina da Literatura]

 

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.

Teresópolis, 1912

Manuel Bandeira
(Em Estrela da vida inteira)

 

[Manuel Bandeira] [Autores] [Esquina da Literatura]

1998-2000 Esquina da Literatura - InfoEsquina.

Hosted by www.Geocities.ws

1