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...um ponto vermelho no verde é uma cereja no Vila Belmiro...

Companhia EmCômodo Teatral

 "...um ponto vermelho no verde é uma cereja no Vila Belmiro..." 

Teatro Cleon Jacques - Parque São Lourenço. Curitiba/PR.
Encenação e dramaturgia Lucianna Raitani

Coreografia baseada nas obras: 
QUERÔ - UMA RAPORTAGEM MALDITA  Plínio Marcos 
O JARDIM DAS CEREJEIRAS  Anton Tchecov



Curitiba, 26/02/02 - XI Festival de Teatro de Curitiba "...um ponto vermelho no verde é uma cereja no Vila Belmiro..." Fotos abaixo: Everson Bressan/Fotopress

Espetáculo_Everson Bressan/Fotopress

Espetáculo_Everson Bressan/Fotopress

Uma grande festa envolta por clima de alegria e medo. Assim é a peça de caráter minimalista/expressionista,
encenada por Lucianna Raitani e apresentada
no espaço Teatro Cleon Jacques (Parque São Lourenço). Nascida da união de dois universos aparentemente distintos, Plínio Marcos e A. Tchecov, propõe ao espectador
a análise de uma estrutura social segmentada,
subdividida em micro sociedades, aqui representada pela aristocracia e pela marginalidade. - Peça reciclada em quatro atos inexistentes.


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Estrutura estética:
Minimalismo.
Esta linguagem, própria das artes do século XX, apareceu, principalmente, nas artes plásticas (Barnett Newman, Dan Flavin, Frank Stella, Carl André, Don Judd, Robert Morris, Tony Smith, entre outros) criticando a industrialização do homem, assim como negando o exagero/desperdício - a exemplo às obras de Malevich, conceituando o minimalismo como verdade momentânea reduzida à uma situação. No teatro, o que se pôde estudar de minimalismo é o trabalho do encenador e dramaturgo norte americano Robert (Bob) Wilson, onde a questão do tempo e a não necessidade de espaço e seqüência na dramaturgia (esta quando há), são estudadas de forma a perderem seu caráter convencional e newtoniano (causa e efeito). Neste parâmetro de pesquisa, ...um ponto vermelho no verde é uma cereja no Vila Belmiro... tem como objetivo esta minimização das situações, trabalhando com o momento da cena e não a sua retórica - simplista - verbal.

Linha técnica:
Adquirindo como base de montagem os estudos sobre as teorias do encenador norte-americano Robert (Bob) Wilson, a encenação buscará mesclar minimalismo (repetições, ralentação) com movimentos exacerbado, próprios da linguagem expressionista (Meyerhold). Em outra análise, compor uma estrutura cênica chamada (pela encenadora) de Teatro Reciclado (fragmentos de propostas estéticas distintas, misturadas por combinação).

"Wilson acrescenta ainda uma outra dimensão, (...) e esta é a da revelação da estrutura da imobilidade dos acontecimentos no palco, destruindo, então, até esta "ilusão de velocidade". Considerando-se isso, sua arte é única, já que ele não está meramente interessado em exibir a confusão reinante no interior da mente de um ser humano mas, ao contrário, em estudá-la e analisá-la. (...) Robert Wilson lida com as duas possibilidades, pois não rejeita o simultaneísmo como o próprio contexto de suas investigações minimalistas." - pg. XXXVI (introd.)

"(...) os movimentos são despojados de qualquer significado psicológico, já que só a sua forma exterior é mantida - o movimento como fenômeno - e não como causa. Pois é só sua forma que é copiada, sem nenhuma atenção a sua origem." - pág. 65

"Esteticamente, pode-se dizer que a câmera lenta é sinônimo do trabalho de Wilson. (...) Recomendava-se aos atores o tempo todo não imitar uma representação teatral de "correr de câmera lenta", no estilo Marcel Marceau, mas concentrar-se em "levar um tempo extra" para realizar um movimento que, normalmente, é apressado." - pág. 109 Os Processos Criativos de Robert Wilson, 1986.

Fotos de divulgação:

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Elenco / personagens do Jardim das Cerejeiras:
Andrew Knoll - Gaiev
Darwin Grein - Efipimov
Henrique Saidel - Lopakin
Kleyton Reis - Firs
Luciane Bastos - Charlotta
Márcia Maggi - Duniacha
Michelle Siqueira - Liubov
Rômulo Zanotto - Iacha
Rozana Percival - Vária
Tissa Valverde - Ânia
Organização de figurinos: Amábilis de Jesus
Cenário: Giorgia Conceição
DJ: Fernando Ribeiro
Maquiagem: Rômulo Zanotto
Iluminação: Fabio Kinas
Direção de produção: Tissa Valverde 
Telefones para contato: 41 - 362-0099


JORNAL GAZETA DO POVO - Quinta, 28 de março de 2002

FTC

O Fringe que deu certo
Grupo EmCômodo teatral "experimenta" a platéia no Cleon Jacques


ADRIANE PERIN
Um Ponto Vermelho no Verde É uma Cereja no Vila Belmiro, da EmCômodo Teatral, é um experimento cênico para ser amado por alguns e odiado por outros. Não há meio termo, como já indica o próprio nome da peça. O ponto de partida da montagem é a obra de Plínio Marcos e Anton Tchekov, mas numa primeira olhada, pode-se ter a impressão de que o que menos importa são as palavras - ditas na maioria das vezes com várias vozes ao mesmo tempo.
Já na entrada do Teatro Cleon Jacques, a platéia, sem poltronas para sentar, depara-se com cerca de dez cenas acontecendo, espalhadas pelo espaço, tudo ao mesmo tempo. Os atores contracenam com a platéia, mesmo que muita gente não consiga entender as falas. Isso realmente parece não importar - apesar de não se poder desprezar os escritos de Plínio Marcos e Tchekov, absorvidos pela direção de Lucianna Raitani de um jeito muito pessoal. Ou seja, essas referências aparecem sintonizadas com a velocidade contemporânea, para o bem e para o mal.
A proposta de Um Ponto... é a de não obrigar o espectador a aceitar a interação, mas, nas palavras de Raitani, a se dispor a uma vivência teatral. Durante praticamente todo o tempo, várias cenas acontecem simultaneamente num grande exercício dos atores - aliás muito bons -, o que provoca um estranho e imediato "sentir-se à vontade".
Como isso acontece? Melhor não estragar a surpresa. O espetáculo, e isso deve ser dito, existe para despertar o interesse de pessoas que estão abertas a ser instigadas e provocadas. E que suportem ver alguns de seus valores sutil e profundamente questionados.
ADRIANE PERIN


Que ponto é esse? (guia de leitura) - Texto de Fabio Kinas

Uma frágil cereja no meio da imensidão de um campo de futebol, lá no Vila Belmiro o estádio do Santos Futebol Clube, o time de Plínio Marcos. É pela classe aristocrática e decadente, mostrada por Techkov, que começa o espetáculo "um ponto vermelho no verde é uma cereja no Vila Belmiro" da Cia. EmCômodo Teatral. Já no início é cada um por si, cada qual com sua história e seus desejos nem tão secretos, os personagens de Tchekov se revelam em suas camas de bordel. A seqüência seguinte é uma coreografia que representa aspectos da história do texto "O Jardim das Cerejeiras" do autor russo Anton Tchekov, porém um texto destruído e esmigalhado de palavrões e ironias se repete, construindo uma ponte entre o Brasil de hoje é sua hipócrita classe de aristocratas. Uma das partes mais simples e mais belas se inicia com o depoimento cruel e extremamente realista da vida de um menino de rua, em Plínio Marcos "Querô - uma reportagem maldita" sobre a vida na rua e na febem do menor querosene, enfrentando, sofrendo e produzindo o horror da violência que existe em nosso país. A partir daí toda espécie de violência e realidade vem a tona, desde o baile funk, o show de "drag queen" e "stripper's". O público é convidado a participar desta festa regada a cerveja (referência ao baile que acontece no texto "O Jardim das Cerejeiras") e se torna um co-autor da cruel realidade que a cultura popular de mercado impõem aos nossos olhos e ouvidos.

* Fabio Kinas é iluminador de Um Ponto... e também é um dos diretores da Cia. EmCômodo Teatral.

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