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Resumo do Espetáculo e das cenas
Análise da sonoplastia do espetáculo "Hamlet Maquinaíma".
Por Luciano Fontoura de Lacerda - 01/11/2000
O espetáculo Hamlet Maquinaíma, direção de Fábio Kinas, apresentado na Mostra de Teatro da Faculdade de Artes do Paraná, teve, pelo menos, duas intenções claras e eficientes: a forma fragmentada, não linear, harmonizou-se numa espécie de unidade de encenação onde a presença do encenador é evidente; o conteúdo do espetáculo, questionador, irônico e metalingüístico, cutucou de forma veemente as verdades morais e estéticas que o consenso social estabelece como inquestionáveis. A aparência caótica no trato dos elementos sígnicos mostra uma ordenação quase milimétrica se vista pelo prisma de uma modernidade ainda mais caótica e confusa: na verdade a ordem se estabelece em cena quando colocada em contraste com os referenciais de uma existência social e politicamente angustiante e contraditória.
A sonoplastia do espetáculo pode ser analisada em vários momentos. O ecletismo na escolha das músicas acentuam a perturbação intencional que a peça provoca: rock e samba, É O Tchan e música medieval, tecno e voz em off.
As canções, além de relacionarem uma espécie de “clima” para algumas cenas, “informavam”, por congruência ou descompasso, a intenção de deboche ou de crítica relacionadas à construção dramatúrgica e corporal dos atores. Coreografias impertinentes e descompromissadas eram embaladas por canções de apelo popular.
Logo no início da peça, uma batida tecno ambientava a entrada do público juntamente com textos repetidos ditos no microfone. Polifonia positiva que colocou os espectadores num estado de atenção permanente.
A “dublagem” de textos extraídos de Shakespeare tinha como canções de fundo (literalmente de fundo, pois a caixa situava-se no fundo do palco) músicas da época do dramaturgo inglês, coerência que mantinha as cenas em harmonia com a postura dos atores (estilizados de forma clássica) mas que naturalmente se apresentavam distanciadas, extrapolando qualquer tipo de ilusão mimética, pois suas vozes eram dubladas por textos clássicos em off.
A composição geral da sonoplastia é creditada ao grupo Badulaque. Espetáculo divisor de águas na FAP, Hamlet Maquinaíma apresentou um problema fundamental: desconsiderou a insistência sistematizadora do mundo acadêmico: o excesso de referências atordoou as mentes pacíficas e passivas de alguns baluartes do conservadorismo de Santa Felicidade. Alguns olhos sadios enxergam isto como um mérito inalienável.
Ficha técnica Encenação: Fábio Roberto Kinas Assistente: Bianca Dantas Elenco: Carlos Monteiro Filho Danilo Correia Carolina Fauquemont Sheylli Caleffi Bianca Dantas Borges de Garuva Sonoplastia:Grupo Badulaque - Paulo H. de Nadal e Pedro Solak Iluminação: Fábio Roberto Kinas Cenário: Pedro Solak Figurino/Adereços: Gláucia Sartori Maier, Carlos Monteiro Filho, Carolina Fauquemont Maquiagem: Manoela Reichmann Produção: Adriana Savi Técnico Geral: Carlão Busato (Videomaker) Agradecimentos: Chico Nogueira, Fábio Salvatti, Lucianna Raitani.
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