C i a   E m C � m o d o   T e a t r a l
 VOLTAR

MOSTRA DA FAP | EmC�modo Teatral apresenta pe�a com dura��o de 30 horas
Maratona minimalista
 Elenco de 30 performers encena Ka � A Reuni�o de Algumas Pessoas que Mudam

RUDNEY FLORES
Um dos destaques de hoje da Mostra da Faculdade de Artes do Paran� 2001 (que ocupa at� domingo todo o espa�o do Memorial de Curitiba com espet�culos teatrais e de dan�a, shows musicais, palestras e mesas-redondas) � uma experi�ncia diferente no teatro curitibano. A Companhia EmC�modo Teatral � dos diretores Luciana Raitanni, F�bio Kinas e F�bio Salvatti, alunos do �ltimo ano da faculdade � encena Ka � A Reuni�o de Algumas Pessoas que Mudam, uma pe�a que ter� a dura��o de 30 horas (a partir das 18h01 de hoje at� 0h01 do pr�ximo domingo) e a participa��o de 30 performers (todos alunos da FAP).

Segundo os integrantes, esta montagem marca o in�cio da profissionaliza��o da EmC�modo � criada em 98 e com 12 espet�culos encenados no curr�culo. A id�ia de realizar Ka surgiu em 99, mas Kinas revela que o grupo adiou o projeto pois ainda n�o se sentia preparado para tal empreitada. "No come�o de 2001, resolvemos retomar o projeto de Ka. Este t�tulo j� surge de uma homenagem, uma refer�ncia a um trabalho do encenador americano Roberto Wilson chamado A Montanha Ka e o Teatro Guard�nia", lembra Salvatti.

O espet�culo de Wilson foi representado no Ir� em 1972 e durou uma semana. "Aproximadamente 500 pessoas estavam numa montanha e fizeram uma performance na qual se confundiu a no��o de p�blico e de atores. Eles iam ocupando a montanha, subindo conforme os dias passavam", continua Salvatti. Ele diz que a inten��o incial de Ka � trabalhar com uma linguagem minimalista, a quest�o do tempo. "Por isto estendemos para 30 horas, algo que n�o sei se � in�dito no Brasil, mas n�o � convencional. Outra id�ia � trabalhar com diferentes percep��es de linguagem dentro de um determinado espa�o", continua.

O grupo conta que dentro do processo dos ensaios procurou colocar algumas premissas que remetem ao trabalho do diretor americano: a contemporaneidade minimalista, com movimentos calcados na ralenta��o, repeti��o, espacialidade, tempo enquanto dimens�o e, por fim, o Gesamtkunstwerk � sua arte total, que mistura v�deo, artes pl�sticas, instala��o, arquitetura, m�sica, dan�a, terapia, al�m de teatro e performance.

Na estrutura do espet�culo, os 30 atores foram divididos em tr�s grupos, subdivididos em outros dois (um elenco A e outro B), todos orientados separadamente pelos diretores da EmC�modo � Raitanni com 12 pessoas, Salvatti com 11 e Kinas com sete. "O elenco A que cada um de n�s tr�s dirigiu se re�ne e trabalha durante tr�s horas. Depois entra o grupo B e fica mais tr�s horas, e assim sucessivamente v�o se alternando at� completar as 30 horas. S�o 30 atores, sempre 15 em cena", diz Salvatti. "Os 15 que n�o estejam atuando no momento tamb�m v�o estar convivendo no ambiente. Chamamos de atores, mas estamos trabalhando com bailarinos, artistas pl�sticos, m�sicos, ent�o s�o performers na verdade", complementa Kinas.

"Neste trabalho, partimos de elabora��o de metas, de ensaios (que acontecem desde abril �ltimo). No final de semana passado fizemos um ensaio geral de 18 horas (no total, foram realizados tr�s ensaios gerais). N�o � uma pe�a fechada, o espectador n�o vai sair com uma hist�ria, 'ah, � isto que esta pe�a quis dizer', mas cada um vai ter uma id�ia do que aquilo representou para ele, como se relacionou com a pe�a. Isto � uma coisa que Wilson comentava, a liberdade para o espectador. O espet�culo n�o � pronto ou �bvio, o p�blico pode sair, tomar um caf�, depois voltar", analisa Raitanni.

A companhia, incluindo os diretores, vai permanecer no espa�o do Memorial durante todas as 30 horas. Haver� lugares para dormir, uma cozinha, um banheiro e at� televis�o. Os atores tamb�m estar�o interagindo com os eventos que estejam acontecendo no Memorial durante a encena��o da pe�a.

"Este � o momento do nosso lan�amento profissional, de come�ar a surgir para a sociedade, come�ar a dar um retorno do trabalho que fizemos na faculdade. A id�ia da Mostra da FAP � essa mesma. Temos que dialogar com a sociedade, discutir o nosso tempo, o que est� acontecendo no nosso estado. � um compromisso social que a companhia tamb�m est� participando", afirma Kinas.

E como ser� a inser��o na cena teatral curitibana? "O mercado teatral de Curitiba � muito autof�gico, vive para si, consome o que ele mesmo produz e quer isso. A gente vai estar trabalhando neste mercado, mas nossa preocupa��o maior n�o � uma inser��o, � de estar realizando nossos trabalhos, mantendo uma certa independ�ncia e autonomia, sem precisar para isso abrir m�os dos nossos pensamentos, que s�o bastante claros: a continuidade de trabalho no teatro contempor�neo", finaliza Salvatti.

Servi�o: Ka � A Reuni�o de Algumas Pessoas que Mudam, com a Companhia EmC�modo Teatral. Memorial de Curitiba (Largo da Ordem). Hoje a partir das 18h01. Entrada franca.


� 2002 Rede Paranaense de Comunica��o . Todos os direitos reservados.
Hosted by www.Geocities.ws

1