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Huis Clos

- Huis Clos (portas fechadas), 1999. Livre adaptação do texto de Jean Paul Sartre “Entre quatro Paredes”. Apresentações: Teatro Kraide, Curitiba/PR; Festivais de teatro: Ponta Grossa/PR – Lages/SC.

Personagem: Criado Luciano Kampf, J.G. Zé Ribeiro, I.S. Lucianna Raitani, E.R. Tatiane Tortelli


Espetáculo

Espetáculo
Huis Clos, que na língua francesa significa “portas fechadas”, escrito por Jean Paul Sartre, no ano de 1947, denuncia todo o sufoco vivido no período da 2a Guerra Mundial: a relação cotidiana de dependência, a auto-afirmação, a eterna necessidade de realização dos desejos, a problemática da convivência, o querer individual, o apego às coisas banais. A peça é a relação de três indivíduos: J.G., I.S. e E.R.. Sem nunca terem se visto antes, são condenados a morarem juntos por toda a eternidade. Conduzidos, um por um, pelo Criado do Inferno para a mesma sala, as personagens deparam-se com o que seria um anti-inferno: um ambiente com três banquinhos, uma bola de ferro e duas redes. Assim como no filme “O Anjo Exterminador”, de Buñuel, os personagens, a princípio, mantém a máscara da postura e dos bons-modos. Mas a medida que as situações se sucedem, deixam mostrar as suas podridões. Cada personagem deseja esconder a sua personalidade, porém não conseguem, pois cada um é o espelho do outro. Trancados os três, inicialmente sentem um certo alívio, pois imaginam estarem livres de seus erros cometidos em vida. Porém, justamente por estarem somente os três neste quarto e conscientes de que ninguém mais chegará, os personagens sentem a necessidade da presença do outro, dando vazão aos seus mórbidos desejos sexuais. Um deseja o outro. Precisam apegar-se a algo; e este algo é a necessidade da distração sexual. O amor desesperado de Inês por Estelle, conduz a trama num crescente desesperador de situações. Estelle, acostumada em vida a se deleitar em aventuras sexuais, a todo custo deseja Garcin. E este, por sua vez, fazendo girar a roda sexual, quer Inês, que não descansa o seu desejo por Estelle. Cada um deseja o amor do outro. Cada um deseja o sofrimento do outro. Jean Paul Sartre Sartre foi um dos principais intelectuais do século XX. Engajado politicamente, esquerdista, preocupou-se com as questões humanas, com o mundo corroído dos homens. Na filosofia, contribuiu para o pensamento fenomenológico e existencialista. Afirma que o homem é o único responsável pelos seus atos e que cada pessoa é plenamente responsável por si. Assim, cada homem escolhe o seu referencial de ser humano, isto é, escolhe em si a melhor forma de representar toda a humanidade. Desta “responsabilidade”, surge a angústia, temática fundamental para Sartre. O homem tem medo da sua capacidade de tomar decisões e modificar o seu ser, mas não pode escapar a essa liberdade. O homem está condenado a ser livre. Por isso recorre a um ser transcendental inexistente: para esquecer das responsabilidades. Na dramaturgia, escreveu obras fundamentais (a exemplo de O Diabo E o Bom Deus, A Prostituta Respeitosa, As Moscas, etc.), onde alicerça suas teorias e politiza as situações. Em Huis Clos, peça situada no inferno, Sartre fundamenta a sua filosofia agnosticista, onde este inferno é o inferno humano e o sofrimento é causado pelo cotidiano da convivência, pela constante submissão ao desejo sexual e a não aceitação dos seus próprios defeitos. A Peça Possui como linguagem cênica o expressionismo, movimentos corporais baseados em Vsevolod Meyerhold (1874 - 1940), teórico russo do início do século, onde o fazer teatral se realiza na movimentação, rejeitando a subordinação ao psicológico ou ao realismo. A podridão da classe alta do Rio de Janeiro se mostra na personagem E.R., onde o pensamento e a posição política praticamente inexistem devido a condição de alienação à sensualidade, ao jogo da sedução. J.G., ex-morador de Macapá, no Amapá, é um falso idealista político. Por propagar idéias esquerdistas em seu jornal, é procurado pelos militares. Porém, no momento que deveria assumir os seus ideais, com medo, tenta fugir, negando, assim, a coragem dos seus pensamentos. Foi pego, preso e fuzilado. I.S., extremamente feminina, investe em E.R. de maneira mais sensual de que sexual. Em vida tinha um caso com a sua prima, Flora. Este inferno situa-se dentro do Brasil do século XX, no final da década de 70, no período da repressão e do militarismo. Em Huis Clos, sente-se a situação de prisão gerada no período da repressão. A angústia da dependência, da anulação da subjetividade, a manipulação.
“Somos cavalinhos de pau, que correm, um atrás do outro, sem nunca se alcançarem.” - pg. 69
“Então, isto é o inferno? Nunca imaginei... Não se lembram? O enxofre, a fogueira, a grelha... Que brincadeira! Nada de grelha... O inferno... são os Outros.” - pg. 99
“O papel do movimento cênico é mais importante do que o de qualquer outro elemento teatral. Privado da palavra, do figurino, da ribalta, dos bastidores, o teatro, com o ator e sua arte dos movimentos, não se torna menos teatro: são os movimentos, os gestos e as expressões fisionômicas do ator que falam ao espectador dos seus pensamentos e impulsos.” O Teatro de Meyerhold, 1969, pág. 107
“Em cena o ator não deve esquecer por nenhum momento que representa; (...) Ao representar, o ator pode nada sentir, não experimentar nenhuma emoção. A única coisa que importa é que, de maneira ou de outra, o espectador reaja ao que acontece em cena.” O Teatro de Meyerhold, 1969, pág. 169


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Ficha técnica: 

Direção: 
Lucianna Raitani 

Personagem: 
Criado Luciano Kampf 
J.G. Zé Ribeiro 
I.S. Lucianna Raitani 
E.R. Tatiane Tortelli 

Figurino: 
Lucianna Raitani 

Cenário: 
Lucianna Raitani 

Sonoplastia: 
Zé Ribeiro 

Maquiagem: 
Lucianna Raitani 

Iluminação: 
Fábio Kinas 

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