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1:fotograma//quase, que no original possui o título Quase Fotografia, procura desenvolver uma dramaturgia semelhante à estética fotográfica (segundos de situações/acontecimentos captados pela câmera e sempre relidos por quem observa o resultado final FOTO).
A peça é composta de esquetes, cada qual contendo fragmentos de discussões humanas, desde a ganância de um Estado até a hipocrisia familiar. O resultado final forma um quadro interligado, assim como num álbum.
Os personagens misturam-se, passeiam pela solidão do espaço, utilizam o corpo (num todo) como veículo de mensagem e trabalham a iluminação de forma a acrescentar a trajetória de estudo minimalista, aproximando-se da imobilidade plástica fotográfica. Uma possibilidade de compreensão do espaço e de suas variáveis transformações cênicas.
Como estrutura estética de interpretação, utilizam-se como linguagem o que se pode estudar de três teóricos: a biomecânica de V. Meyerhold, Eugenio Barba e o norte-americano Robert Wilson. A utilização destes encenadores (em mistura) se deve a necessidade de unir as estruturas/linguagens e experimentar seus resultados; desenvolver e estudar a forma com que Eugenio Barba trabalha as teorias de Meyerhold (principalmente no livro "Canoa de Papel"), tentando minimizá-las segundo o método de encenação de Bob Wilson.
Da mesma forma, os componentes técnicos (sonoplastia, iluminação, cenário, figurino) serão estudados para que possam seguir as propostas de encenação.
Como em estudos passados, a peça não pretende distanciar o espectador da atuação, aproximando-o dos atores (quase uma obra plástica), podendo quase tocá-los no ato da representação.
Sinopse:
INCOMUNICABILIDADE e IMAGEM PUBLICITÁRIA.
Apesar da publicidade estar vinculada à idéia de comunicação, 1:fotograma//quase questiona este paradigma confrontando a imagem oferecida e a sua ligação, seu discurso com o real. Como resultado, fica evidente a imensa incomunicabilidade entre ambos.
E partindo desta teoria, todas as cenas e textos tentam reproduzir este caos da imagem/corpo, da idéia que é vendida e não questionada, do texto que se perde pela preponderância da aparência. É a estética do pós-moderno, onde o que vigora é o grande silêncio em meio ao caos.
Como a publicidade se comunica com a realidade, se calca seus trabalhos em parâmetros de ideais falsos? Até que ponto a linguagem publicitária é ética? Quais são as "armas" publicitárias para melhor se comunicar com seus clientes? Qual é o discurso real que está por trá de toda a imagem?
A criação corporal parte da forma, do molde existente nas imagens de foto-novelas, nos comerciais de televisão, nas propagandas de revistas, principalmente as imagens dos anos setenta, onde as propagandas procuravam baixar as bandeiras feministas e reafirmar a necessidade de consumo e afirmação doméstica. Vendia-se - e vende-se ainda - a felicidade feminina de limpar a casa com uma imensa alegria, passar a enceradeira no chão com um grande sorriso de contentamento e nenhum cansaço físico. Qualquer mulher (ou homem), que utiliza elementos domésticos, sabe que não se sorri imensamente quando os usa. Muito menos que se possui uma aparência tão fortalecida, tão vendável quanto a mostrada.
Assim, as atrizes trabalham seus corpos correspondendo à fotografias, quase manequins plásticas, partindo, para a criação, de estímulos visuais.
1:fotograma//quase Estreou na Casa Vemelha, dia 14 de fevereiro de 2001 texto: Lenita Lobo direção: Lucianna Raitani Elenco: Lenita Lobo Luciane Bastos Tissa Valverde Concepção de Figurino: Irene, Graziela e Sarita Concepção de Cenário: Lucianna Raitan Sonoplastia: Fábio Salvatti Maquiagem: Carolina Fauquemont Iluminação: Fábio Kinas Operador de luz: Fábio Kinas Operador de sonoplastia: Lucianna Raitani
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