ECOLOGIA I
O mundo
perfuma,
adocica tua sede,
rasga tua boca a sorrir;
Dá-te o manjar,
te identifica:
pelo suor,
pelo sangue,
pela química...
Te informa,
te cobra,
Te sufoca de lamentos...
Tuas carícias o faria chorar:
Risos ou lágrimas,
Mansas ou bravias.
AME-O...
Senão ele poderá te aberrar
E sua nicotina beijar-te o cancêr,
Apodrecer-te nos palmos do seu colo
E nunca mais...
Nunca mais perfumar!!...
Élsio Américo Soares
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ECOS
Rasgarei a ferida,
Com os dedos crivados
arrancarei o tumor
que me alastra n’alma;
porei meu corpo ao avesso,
buscarei a essência:
na carne viva,
na cor do plasma...
Desmembrarei-me
à última molécula do átomo,
até encontrar a chaga
que habita no corredor secreto do meu ego...
Despertarei do sono
que entorpece-me a consciência
de um efêmero pesadelo...
Ecoarei no deseespero obsceno
até entrar no coma fantasma
onde a paixão se entrega...
Élsio Américo Soares
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EM COMA
Há um medo aqui dentro...
Flutuante,
Inerte,
Oscilante entre a carne e a alma,
Nesse vácuo profundo de luz
Se apagando insensível.
Há um medo aqui dentro...
Gritante,
Ora nulo
Ou ecoante,
Se perdendo no véu grinaldo de um murmúrio.
Há um medo aqui dentro...
De menino se escondendo no escuro
Fugindo dos cruéis labirintos...
Há apenas um medo aqui dentro –
Não por desfigurar presente
Nem por partir no infinito...
Seria de ser lá Eterno,
Sem ter aprendido daqui o Efêmero!
Élsio Américo Soares
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ESSÊNCIA
É... Parece que as coisas se interligam
As pessoas se multiplicam...
As rosas exalam e... eu expludo!!!
Eucalipto é o seu gosto,
Mordaz o seu contato!
Saiba ir me buscar
Além de tudo fique atroz...
Voraz o seu olhar martirizando-me
Envolvente no afeto de pele.
Vem, mas volte atrás para buscar-me
Sou de alguém, mas ao qual não pertenço.
Busco algo, mas não o quero.
Sofre de alguma forma, mas sou feliz
Com você?
Não sou o gosto e...
Nem sei o que é gostar.
Negligenciar?
Talvez uma pura e medíocre ilusão!
Seja lá o que for,
Não sentirei a essência que me impele...
Impele a sofrer? –
Eu não sofrerei e nem preciso...
Faz-me bem até o momento
Em que você disser o enorme chavão:
- Eu te amo!
Daí pra frente já não serei o mesmo...
Fugirei sim, e como não posso ir com você,
Irei com a imaginação
Que por sua vez
Fertiliza o caos do meu viver.
... Tudo feito com pedaços de corações,
razões e mais
Uma sombra de ciúme e saudade...
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FABIANA
Passaste pela alameda
Onde eu agourado me trucidava...
Teus passos revoados de neblina
Respingaram na minha ferida.
E...
Louco
Hipnotizado
Segui-te no meu andar esguio
D’onde o bálsamo por onde passavas
Inebriava-me...
Sentir a pele molhada colar na brisa
E a mente do meu animal
Se ocupar com a vida...
Ah bela!...
Enfim domaste o ego da minha fera!
Élsio Américo Soares
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FIM
Falarei da morte
Como plano de quem primeiro vive
É-me a poesia que eu poeta criei
É-me o espelho que se veste da essência
É-me a transparência do belo
É-me o feio que ainda condigno
É-me o fim que há...
E já sei...
Ainda falarei da morte
Como quem um dia a viveu
Falarei sim
No eterno
No eterno FIM.
Élsio Américo Soares
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