SPLEEN

Pluviôse, contra toda a cidade irritado,
De sua urna verte um frio tenebroso
Sobre os que moram sós no cemitério ao lado,
E entorna a morte no subúrbio nebuloso.

Meu gato em busca de onde estar aconchegado
Agita inquieto o corpo flácido e asqueroso;
A alma de um velho poeta erra pelo telhado,
Com a lúgubre voz de um fantasma brumoso.

O bordão se lamenta, e a tíbia acha de lenha
Acompanha em falsete a pêndula roufenha,
Enquanto num baralho, entre ácidos odores,

Herança de uma velha hidrópica e entrevada,
Um valete e uma dama, em sinistra jogada,
Vão lembrando entre si sues defuntos amores.

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