O REPUXO

Que olhos exaustos, pobre amada!
Dorme sem pressa e sono teu
Nessa postura descuidada
Em que o prazer te surpreendeu.
Nó pátio, o repuxo que chora
E cuja voz não silencia
Vai modulando noite afora
O doce amor que me extasia.

O jorro soluçante
De úmidas flores,
Onde Febe esfuziante
Põe suas cores,
É qual chuva incessante
De agudas dores.

Assim a tua alma que acende
Da volúpia o ardente clarão
Audaciosa e rápida ascende
Aos céus de infinita amplidão.
Depois se esfaz como quem morre
Numa triste e lânguida vaga
Que à borda de um abismo escorre
E todo o coração me alaga.

O jorro soluçante
De úmidas flores,
Onde Febe esfuziante
Põe suas cores,
É qual chuva incessante
De agudas dores.

Ó tu, que de noite és tão bela,
Como me é doce, no teu colo,
Junto à nascente ouvir aquela
Queixa sombria o eterno solo.
Lua, água clara, noite escura,
Ramos que arfais em derredor,
Vossa melancolia pura
É o espelho do meu amor.

O jorro soluçante
De úmidas flores,
Onde Febe esfuziante
Põe suas cores,
É qual chuva incessante
De agudas dores.

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