A LUA OFENDIDA

Ó Lua que em recato amavam nossos pais
Nos píncaros do azul, onde harém sorridente,
Os sóis vão te seguir, com seu cortejo ardente,
Querida Cíntia, luz das furnas ancestrais,

Não vês, em sua alcova próspera, os casais
A dormir, pondo à mostra o esmalte de seu dente?
O poeta cuja fronte o poema pensa e sente?
Ou sob a relva o amor das víboras fatais/

Sob o teu fulvo dominó, com pés de lã,
Irás, como antes, do crepúsculo à manhã,
Beijar de Endimião o pálido feitiço?

- "Vejo-te a mãe, filho de um século em desgaste,
Que exibe em seu espelho um rosto já sem viço
E que com arte apruma o seio que sugaste!
"

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