A TAMPA

Seja aonde for que vá em torno desta esfera,
Sob um clima de fogo ou sob um sol distante,
Servidor de Jesus, cortesão de Citera,
Mendigo tenebroso ou Creso rutilante,

Paria, campônio, citadino e às vezes fera,
Seja-lhe o cérebro moroso ou esfuziante,
O homem sucumbe ante ao mistério que o exaspera,
E não eleva o olhar senão por breve instante.

No alto, o Céu! Paredão que o abafa como estufa,
Cenário ébrio de luz para uma ópera bufa
De cujo palco ensangüentado o histrião se serve;

Terror do libertino, anseio do eremita:
O Céu! Tampa sóbria da imensa marmita
Onde indivisa a vasta Humanidade ferve.

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