CIGANOS EM VIAGEM
A horda profética das pupilas ardentes
Pôs-se a caminho, tendo às costas a ninhada,
Ou saciando-lhe a altiva gula imoderada
Como o farto tesouro das mamas pendentes.
Os homens vão a pé, com armas reluzentes,
Junto à carroça que dos seus vai apinhada,
Esquadrinhando o céu, a vista atormentada
Pela sombria dor das quimeras ausentes.
O grilo, ao fundo de uma frincha solitária,
Vendo-os passar, uma outra vez canta sua ária;
Cibele, que os adora, o verde faz crescer,
Rebenta as fontes e de flor enche o deserto
Ante esses que aí vão, deixando-lhes aberto
O império familiar das trevas por nascer.