À moça de servir de que tinhas ciúme
E que dorme seu sono em campa sem perfume,
Deveremos levar-lhe algum buquê de flores .
Todo morto é infeliz, estremece de dores,
E quando outubro sopra, a podar velhas árvores,
Seu vento de tristeza em torno de seus mármores,
Devem certo julgar os vivos tão perversos
Por dormirem assim, sob lençóis imersos,
Enquanto, a ruminar devaneio fatal,
Sem amena palestra e sem formar casal,
Roídos pelo verme, esqueletos glaciais,
Sentem que vão morrer as neves hibernais
E os séculos sem que amigos ou parentes,
Troquem os farrapões pelas grades pendentes.
Quando a lenha assobia e canta, se, ao luar,
Imota em seu divã, punha-se a repousar,
E se, por noite azul e fria de dezembro,
Via-a a um canto do quarto (agora eu bem me lembro!)
Grave e vinda do fundo de seu leito eterno
Ninar a quem cresceu com seu olhar materno,
Que iria responder a esta alma assim tão pia,
Toda pranto a rolar da pálpebra vazia?

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