A cidade está cheia
molharam seu coração
os bueiros devolveram à cidade
o que ela, neles cuspiu
e a gente viu
os ratos e as pessoas
nadando lado à lado
no coração encharcado
da cidade doente
no coração apertado
da cidade triste.
A cidade está cheia
dos políticos e suas promessas
a cidade está sozinha
não há autoridade
na cidade vazia de autoridade
as viaturas da autoridade
não podem trafegar
pela cidade
inundada, encharcada, abandonada.
A cidade e suas cheias
vai deitar adoecida
a cidade, suas veias, seus velórios.
Os automóveis
não têm remo
como acessório obrigatório
mas a cidade tem
seu novo código de transito
e a autoridade não multou,
não teve animo,
os motoristas com braço pra fora
pra escapar da cheia
da cidade vazia de autoridade.
A autoridade está alheia
à cheia
à enchente
à cidade
à gente.
