História e Política na saga "Star Wars"

© 2005 - Delmar Nori - membro do Fórum de Discussão do Conselho Jedi Rio de Janeiro.

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A saga Star Wars, composta por seis filmes e outras obras, como livros, revistas em quadrinhos, animações (Clone Wars), o Universo Expandido e até uma Linha do Tempo, sempre foi marcada pela qualidade da sua história. Desde o início, o filme inaugural Episódio IV - Uma Nova Esperança, os diretores, roteiristas e o responsável principal, o autor George Lucas, procuraram sempre dar profundidade a tudo o que fosse escrito para o Universo retratado em Star Wars. Está aí uma razão do enorme sucesso da saga.

O que pretendo propor, com esta palestra, é uma análise sobre uma dimensão pouco discutida, a respeito da saga: a dimensão história e política na saga Star Wars. Não abordando a óbvia influência da saga na história da arte cinematográfica, aqui na nossa realidade, mas analisando a sua história por si só, como algo que seria acreditável, se não fosse tudo ficção.

1 - A INFLUÊNCIA DA HISTÓRIA REAL

Em diversas ocasiões, George Lucas e seus subordinados disseram ter se inspirado em fatos históricos e políticos acontecidos aqui mesmo, no nosso planeta Terra, para compor algumas situações e criar personagens. A respeito da Trilogia Clássica, base principal de todo o Universo Star Wars, Lucas citou alguns paralelos da Trilogia com as duas grandes guerras mundiais, que tivemos no século XX.

O próprio George Lucas comenta, durante a cena "Poderes Emergenciais", na faixa de comentários do DVD do Episódio II, em quais personagens e eventos históricos ele se inspirou para criar Palpatine:

"A idéia de desistir da democracia, que muitas vezes, em época de crise, você nota no decorrer da história, seja com Júlio César, Napoleão ou Adolf Hitler. Você vê essas democracias sob forte pressão, em uma situação de crise, abrindo mão de parte da liberdade que elas têm e do sistema de controle, (neste ponto, Palpatine anuncia a criação do Exército Clone que irá combater os Separatistas) em favor de alguém com uma forte autoridade para ajudá-los através da crise".

E George Lucas termina igualando aqueles líderes a certos políticos dos dias atuais: "Não é a primeira vez que um político cria uma guerra para permanecer no cargo".

Júlio César, Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler também foram mestres em fabricar guerras, e popularidade para si, a fim de aumentar seu poder e fazer o mal. Exatamente como o Imperador da Trilogia Clássica.

O jornalista Martim Vasques da Cunha identificou mais algumas fontes nas quais George Lucas teria se inspirado, para escrever a Nova Trilogia: ""Star Wars" parece ser uma saga paralela da história da Humanidade, em particular dos EUA. Como bem observaram David Caldwood no site Lew Rockwell.com e Mark Thorton na Mises.org, isto fica óbvio em "Episódio 2", quando Lucas cita explicitamente Abraham Lincoln ao botar na boca do Senador Palpatine as seguintes palavras: "Eu amo a democracia, eu amo a República e, por isso, criarei o Grande Exército da República para impedir o avanço dos separatistas". Ora, bolas, esta foi a mesma declaração que Lincoln, considerado um grande democrata, fez antes de entrar na Guerra da Secessão, um dos conflitos civis mais sangrentos já realizados. E qualquer um que tenha lido Rothbard e Von Mises sabe que, para aumentar o poder do Estado, nada como inventar uma guerra e amá-la a qualquer custo".

O Império, com todos os seus ícones (a rigidez de seus Oficiais, o feitio industrial dos equipamentos bélicos e dos uniformes, a crueldade de seus adeptos e principalmente a auto-suficiência do Imperador e de seu pupilo Darth Vader), já foram comparados várias vezes com a maior máquina a ser derrotada na 2ª Guerra Mundial: o Reich Nazista, que pretendia dominar o nosso planeta. Notemos uma diferença: na nossa realidade, o nazismo dominou alguns países, e não a maioria, enquanto que, em Star Wars, o Império se apossou de toda uma galáxia, com centenas de sistemas. Apenas alguns sistemas, fora da jurisdição imperial, escapavam. Mesmo assim, eram sempre "visitados" pelos imperiais, como Tattoine do Episódio IV e a Cidade das Nuvens do Episódio V. Os planetas governados por membros da Aliança Rebelde eram ameaçados de aniquilamento, como vimos acontecer com Alderaan.

A cena do Episódio IV em que os heróis estão na Millenium Falcon, combatendo caças imperiais, é literalmente um plágio de um documentário sobre uma das Guerras Mundiais. Quem já assistiu aos extras do DVD do Episódio II é testemunha disso.

A longa cena da corrida de pods, no Episódio I, foi inspirada em cenas de corridas de carruagens, que aconteciam na Roma antiga e podemos ver no filme "Ben Hur".

Para entendermos toda a complexidade da história e da política de Star Wars, precisamos analisar diversos pontos de todos os filmes, da Linha do Tempo e do Universo Expandido.

2 - A FORMAÇÃO DA VELHA REPÚBLICA

O Universo Star Wars era, inicialmente, um conjunto de centenas de sistemas, em que espécies diferentes de vida inteligente se desenvolviam, sem tomar conhecimento umas das outras.

Aproximadamente dois milhões de anos antes dos eventos do Episódio IV, os Columi do planeta Columus se tornaram uma das primeiras raças (se não a primeira) na galáxia a desenvolver viagens espaciais. Eles ficaram desapontados pelo pequeno número de formas de vida que encontram em outros mundos, e desistiram das viagens espaciais em prol do avanço de sua própria civilização.

Muito tempo depois, 50 mil anos antes do Episódio IV, os Gree, do planeta Gree, atingiram seu auge, com uma tecnologia superior a aquela da Era Imperial. Eles passaram a utilizar o hiperespaço, tornando possível as viagens espaciais em um tempo aproveitável para colonização.

A partir daqui, diversos povos começaram a colonizar, ou mesmo tomar à força, outros planetas além dos seus próprios.

Com os já inúmeros contatos entre povos de centenas de sistemas diferentes, tornou-se necessária a criação de um sistema único de governo, para intermediar tantos interesses diferentes. Foi entre 25 e 15 mil anos antes do Episódio IV que a Velha República surgiu oficialmente, com a criação do Senado, a Constituição Galáctica (Republicana), a Biblioteca do Senado, a padronização da medida do tempo e outras instituições.

É nesta mesma época que os cavaleiros Jedi foram estabelecidos em Ossus. Inicialmente, seus membros eram membros de uma ordem teo-filosófica que descobrira a Força. Pouco tempo depois, um primeiro Templo Jedi foi construído em Coruscant, para servir como local de centralização das atividades Jedi. O que muitos não sabem é que o local de construção do Templo Jedi não é aleatório. Este ponto é uma "Fonte de Força" que os Jedi descobriram no planeta-sede da República.

3 - A ÉPOCA DOURADA DA REPÚBLICA

A Época Dourada da República começou aproximadamente 15 mil anos antes do Episódio IV. Nesta fase, a República iniciou um processo de colonização de inúmeros planetas, e conseguiu a adesão, às vezes forçada, de outros tantos.

Nesta época, vários planetas da galáxia se rebelaram contra a República, tentando formar governos totalmente independentes. Mas todos foram derrotados.

Várias destas rebeliões foram incentivadas pelos guerreiros do Sith, que conspiravam fora do centro da galáxia. Eles chegaram a tomar Coruscant (a sede da República), mas foram expulsos, e voltaram para a periferia da República.

De certa forma, a República Velha conseguiu atingir seus nobres objetivos, em sua época dourada. A República teve sua decadência iniciada algumas décadas antes do Episódio I.

A decadência da República foi provocada pela insistência de movimentos separatistas, pela corrupção de burocratas e senadores, e pelas conspirações e atos dos Guerreiros Sith. Eles tiveram em Darth Sidious seu mais bem-sucedido representante, capaz de se infiltrar no Governo da República, derruba-la e se fazer Imperador.

4 - O GOVERNO DA VELHA REPÚBLICA

A República era um regime parlamentarista de governo. O Poder Legislativo era exercido pelo parlamento, que era unicameral. Ou seja: formado apenas por uma casa, o Senado. Este era formado pela assembléia dos senadores. Cada sistema enviava um representante para o Senado. Como são centenas de sistemas, havia centenas de senadores. E é por isso que víamos centenas de bancadas no plenário do Senado, nos Episódios I, II e III. Cada senador podia ser eleito, ou nomeado pelo soberano de seu sistema, conforme o caso.

No nosso planeta, há países que tem parlamentos unicamerais, quase sempre apenas com deputados, e não com senadores. As unidades federadas, em geral, têm apenas deputados, ou vereadores, no caso das cidades de alguns países. Outros países têm seus parlamentos compostos por duas câmaras, a Alta (Senado) e Baixa (Câmara dos Deputados). É este o caso de países como Brasil e Estados Unidos. Aqui, cada Estado elege três senadores, totalizando 81 senadores, pois temos 27 Estados. Há ainda dois suplentes para cada senador. Nos EUA, cada um dos 50 estados elege dois senadores, totalizando assim 100 senadores.

No Universo Star Wars, por serem centenas de sistemas, cada um enviava apenas um senador, com direito a um suplente, que assumia a cadeira na ausência do titular.

No Episódio I, vimos que o senador de Alderaan era Bail Antilles Organa, futuro pai adotivo de Leia, e o senador de Naboo era Palpatine, que ascendeu ao Senado em aproximadamente 60 a 30 anos antes do Episódio IV. A partir daqui, Palpatine começou a acumular poder, enquanto estudava e se desenvolvia rapidamente no Lado Sombrio da Força. Em algum ponto entre os Episódios I e II, a ex-rainha Padmé Amidala tomou posse da vaga de Naboo no Senado, tendo Jar Jar Binks como seu suplente.

O planeta Naboo é um caso curioso de uma Monarquia não vitalícia, em que o soberano era um rei ou rainha com mandato fixo. Padmé Amidala deixou o cargo, ao fim do mandato, e não cedeu aos pedidos para que ficasse. Não faltou quem quisesse alterar a Constituição de Naboo, se Padmé quisesse ficar. Na Terra, raramente se ouve falar de alguma Monarquia não vitalícia.

O Poder Executivo da República era exercido pelo Supremo Chanceler, eleito pela maioria dos senadores. Por ser um regime parlamentarista, a qualquer momento poderia se formar uma maioria de senadores suficiente para destituir o Chanceler, tornando necessária a eleição de algum outro, que poderia ser até mesmo um deles. Foi o que vimos no Episódio I: Palpatine manipulou e convenceu a Rainha Amidala a pedir um voto de desconfiança para o Chanceler Valorum, pela incapacidade deste em intervir no bloqueio de Naboo por parte da Federação de Comércio. Com os votos de centenas de senadores sob sua influência, Palpatine conseguiu a destituição de Valorum e a sua própria eleição para o cargo de Supremo Chanceler. Na eleição, Palpatine (de Naboo) enfrentou dois concorrentes: Bail Organa (de Alderaan) e Ainlee Teem (de Malastare).

Havia também um Poder Judiciário. Mas, na fase decadente da Velha República, suas sentenças nem sempre eram respeitadas. Tanto que Nute Gunray, vice-rei da Federação de Comércio e responsável pelo bloqueio a Naboo, foi julgado pela Suprema Corte, mas mesmo assim participou do Movimento Separatista liderado pelo Conde Dooku.

5 - A IMPORTÂNCIA DOS JEDI NA VELHA REPÚBLICA

A antiga Ordem Jedi foi responsável pela descoberta da Força, o elemento místico que influencia todas as criaturas do Universo Star Wars. E por serem os Jedi suscetíveis à Força e adeptos do Lado Luminoso, foi natural a aliança entre a Ordem Jedi e a República, pois tinham valores pacifistas e progressistas em comum, além de terem surgido na mesma época.

Ao longo da história da Velha República, os Jedi mediaram os conflitos entre as inúmeras forças do Universo. Só interviam após o esgotamento de todos os outros recursos disponíveis.

Por outro lado, os Guerreiros do Sith eram os estudiosos suscetíveis à Força que a usavam não para pacificar, mas para dominar, pelo medo e pela violência. Nos mais dramáticos episódios da história da República, era natural que os Jedi e os Sith ficassem em campos opostos também na política, e não apenas no campo do confronto Lado Luminoso versus Lado Sombrio da Força.

O futuro Imperador da Trilogia Original tinha na sua oposição ao Lado Luminoso da Força seu principal motivador para exterminar os Jedi. Ao mesmo tempo, tamanha identificação dos Jedi com a República Velha foi o pretexto que Darth Sidious teve para "legitimar" politicamente o extermínio dos Jedi. Para ele, a República fora um dia boa, mas tornara-se ineficiente e corrupta, e tinha os Jedi como seus aliados.

O Mestre Jedi Mace Windu, membro do Conselho Jedi, propôs aos colegas que eles destituíssem o Chanceler e assumissem o comando do Senado e da República, até a eleição de outro Chanceler, idéia que o Mestre Yoda prontamente advertiu que poderia leva-los para o Lado Sombrio.

Como Mace Windu fracassou em sua ação de destituir e capturar o Chanceler, Palpatine usou este fato como desculpa para exterminar os Jedi,  juntamente com a República, em prol de seu regime imperial. Isto foi confirmado no Episódio III.

6 - PODERES EMERGENCIAIS PARA O SUPREMO CHANCELER

Na Constituição da República, havia um artigo para ser aplicado em alguma ocasião de crise, em que a dependência do Supremo Chanceler ao poder do Senado travasse a resolução dos problemas. Nesse caso, um senador poderia propor a concessão de poderes emergenciais ao Supremo Chanceler, que passaria a ter poderes totais, sem precisar prestar contas ao Senado, e só precisaria abdicar de tais poderes após o fim da crise.

Há quem diga que George Lucas criou o personagem Jar Jar Binks unicamente para ser o senador-suplente de Naboo capaz de pedir poderes emergenciais para o Supremo Chanceler Palpatine, durante a grave crise com os Separatistas. Isto apesar de a senadora titular da cadeira de Naboo, Padmé Amidala, ter sido uma das líderes do movimento contra a declaração de guerra, que era um dos objetivos de Palpatine.

O primeiro ato de Palpatine com os poderes emergenciais foi fazer do Exército de Clones (que ele encomendara aos Kaminoanos, por meio de um aprendiz) o Exército da República, capaz de conter os Separatistas.

7 - O FIM DA VELHA REPÚBLICA

Os Episódios II e III mostram o fim da Velha República. Aqui temos Palpatine atuando em benefício próprio, nas duas frentes: aparentando serenidade e justiça ao atuar na República, e paralelamente incentivando seu pupilo Darth Tyranus a liderar o Movimento Separatista, para desestabilizar a República. O próprio Chanceler também atuara nos dois lados, no Episódio I: como senador Palpatine, apoiando a resistência de seu planeta Naboo, e simultaneamente, como Darth Sidious, incentivando o bloqueio da Federação de Comércio.

O Movimento Separatista tinha a participação de grandes associações, como a Federação de Comércio, a União Tecnológica de Exércitos e o financiador Clã Bancário. O Movimento encomendava suas naves de guerra junto ao armador Grando Calrissian, do planeta Corellia.

Alguns textos afirmam que, durante a guerra civil contra os Separatistas, a República iniciou uma intensa campanha de alistamento para suas forças militares. Daqui pode ter começado a entrada de não-clones nos futuros Exército e Armada imperiais, para as funções de Oficiais, Técnicos e Troppers. Podemos ver alguns Oficiais (inclusive o Governador Tarkin, futuro grande Moff) logo no fim do Episódio III.

O início do extermínio dos Jedi aconteceu antes da conversão da República em Império. Podemos constatar que, mesmo com a morte de muitos Jedi nas Guerras Clônicas, isto ainda não constituiria uma ameaça numérica à existência da própria Ordem Jedi, que acabou mesmo com o ataque de Darth Vader ao Templo Jedi e com a execução da Ordem 66, código secreto que os troopers receberam de Palpatine, e que significa "extermine os Jedi".

As forças lideradas por Palpatine derrotaram os Separatistas. Apesar disto (ou também por causa disso), ocorreu a queda absoluta da República Velha, por nenhum motivo além de suas próprias falhas, corrupção e erros. Palpatine iniciou sua brilhante escalada no poder usando sua imagem de um senador inocente e calmo.

Chegou uma hora em que Palpatine, com a popularidade de ser o líder supremo do vitorioso Exército de Clones, foi ao Senado propor a conversão da República em Império, tendo a si próprio como uma espécie de Imperador vitalício, ao invés de abdicar dos poderes emergenciais. Como ele já controlava centenas de senadores, ele conseguiu o que queria, de uma forma oficial e aparentemente justa.

A cena do Episódio III em que Palpatine é declarado Imperador, no Senado, é claramente uma alusão à ascensão de Adolf Hitler ao posto de Chanceler da Alemanha, também de forma eleitoral e indireta (a população alemã dera maioria no Parlamento para o Partido Nacional-Socialista, e os parlamentares deste elegeram seu maior líder para o posto de Chanceler da Alemanha).

8 - OS PRIMÓRDIOS DO IMPÉRIO

A primeira fase do Império começou no Episódio III. Pode-se dizer que terminou com a dissolução do Senado, no Episódio IV. Aqui nos primórdios, temos um Império Parlamentarista, com a figura do Imperador, que exercia o Poder Executivo e ainda dividia o controle da burocracia com o Senado.

No entanto, já temos uma ditadura, pois o Imperador simplesmente mandava matar ou prender qualquer um que lhe fizesse oposição, mesmo somente por palavras. Este foi um motivo que levou os senadores Bail Organa, Mon Mothma e outras lideranças, inclusive alguns ex-Separatistas, a iniciarem diversos movimentos armados anti-Império. Era a nascente Aliança Rebelde, que seria formalizada mais tarde. Mothma fez críticas à política da Nova Ordem no Senado. Palpatine tentou prende-la por traição, mas ela foi alertada por Bail Organa, e fugiu.

Para impedir qualquer oposição ao Império, Palpatine utilizou a enorme máquina de guerra criada para as Guerras Clônicas. A arma final era a Estrela da Morte, estação espacial do tamanho de uma lua, dotada de um gigantesco canhão laser capaz de explodir um planeta inteiro. Ela foi projetada pelos geonosianos  e seu projeto fôra entregue a Palpatine pelo falecido Conde Dooku. Vemos o início da construção da Estrela da Morte no fim do Episódio III, já sob comando do governador Tarkin (futuro grande Moff), mas ela foi usada com força total somente anos depois, para destruir Alderaan, no Episódio IV. A essa altura, o Exército e a Armada ocupavam toda a galáxia.

O Império mostrou sua verdadeira força quando uma nave Imperial, capitaneada pelo oficial Moff Tarkin, pousou no sistema de Ghorman e matou milhares que protestam pacificamente contra impostos. Tarkin fez do Massacre de Ghorman o ponto inicial da sua doutrina de governo pelo medo, que vimos ele citando em um diálogo do Episódio IV.

A única força organizada contrária ao Império, a Aliança Rebelde, foi formalmente criada dois anos antes do Episódio IV, por meio de um Tratado. Leia Organa, de Alderaan, se tornou a jovem Senadora do seu planeta no Senado Imperial. O Tratado de Corellia foi assinado através de grupos de resistência dos planetas Corellia (terra natal de Grando e Lando Calrissian), Chandrilla (terra natal de Mon Mothma) e Alderaan (planeta de Bail Organa, pai adotivo de Leia), que solidificaram a Aliança Rebelde. Mon Mothma foi designada a chefe estratégica da Aliança. Os armadores de Corellia, antigos fornecedores dos Separatistas, passaram a vender as naves de guerra para a Aliança.

9 - RACISMO NO IMPÉRIO

Na Trilogia Clássica, pode-se observar que todos os postos militares e governamentais eram ocupados por humanos. Os neimoidianos, geonosianos e todas as muitas raças alien que vimos na Nova Trilogia simplesmente "desapareceram" de cena, em razão de uma política anti-alien implantada por Palpatine e descrita amplamente no Universo Expandido.

10 - A FASE AUTOCRÁTICA DO IMPÉRIO

No Episódio IV, soubemos que Palpatine transformou o Império em uma autocracia, ao dissolver o Senado, na época tomado por opositores. Há indícios de que os senadores oposicionistas tenham sido simplesmente dizimados. Entre os sobreviventes, estavam Leia Organa (que estava fora do Senado, levando o esquema técnico da Estrela da Morte para o pai, em Alderaan, antes da destruição do planeta) e Jar Jar Binks, que segundo George Lucas, tornou-se senador de Naboo após a morte de Padme Amidala, e voltou a seu planeta, com o fim do Senado.

Numa autocracia, o imperador ou rei acumula sozinho os poderes Executivo e Legislativo, e, quase sempre, também o Judiciário. Não raramente, o monarca é tido como um deus. Provavelmente Palpatine se considerava um, pois era o Lorde do Lado Sombrio da Força.

11 - A QUEDA DO IMPÉRIO

O Império de Palpatine caiu somente na Batalha de Endor. A Aliança Rebelde, que destruíra a Estrela da Morte no Episódio IV, destruiu a segunda no Episódio VI e dispersou a Armada e o Exército imperiais.

Como a Força influencia tudo no Universo Star Wars, a principal causa da queda de Darth Sidious foi a ascensão do Jedi Luke Skywalker, que libertou seu pai Darth Vader do Lado Sombrio. Vader cumpriu a profecia a respeito do Escolhido para equilibrar a Força, e matou seu mentor Darth Sidious, e morreu em seguida. A Força é o elemento que se sobrepõe aos fatores políticos e bélicos, desde que foi descoberta pelos Jedi.

12 - A NOVA REPÚBLICA

Tendo derrubado o Império, os antigos Rebeldes trataram de fundar uma Nova República. Entre a Batalha de Endor e 20 anos depois, eles dispersaram as antigas forças militares do Império, retomaram Coruscant e colocaram aí a nova sede republicana. Coruscant foi reconstruída e o Senado foi restabelecido. A Nova República é parlamentarista, como a antiga.

Até seis anos após a Batalha de Endor, a República ainda enfrentou uma guerra civil, contra as antigas forças imperiais de Palpatine, que ressurgiu várias vezes usando clones de seu corpo destruído no Episódio VI.

Somente seis anos após a Batalha de Endor, morreu o último clone do Imperador. A ex-líder rebelde Mon Mothma se tornou a primeira Chefe de Estado da Nova República, tendo Leia Organa como uma das Ministras. Mais tarde, Leia Organa se tornou a nova Chefe de Estado.

Após o fim definitivo de Palpatine, a Nova República ainda enfrentou ataques de outros vilões, em diversas ocasiões. Mas se consolidou, pelo menos até o ano 20 após a Batalha de Endor, segundo a Linha do Tempo.

13 - UMA OUTRA VISÃO POLÍTICA DA SAGA

Poderíamos traçar ainda inúmeros paralelos entre história e política do Universo Star Wars e nossa realidade.

Como último item desta palestra e, desfazendo a velha visão de que a saga Star Wars seria totalmente alienada e escapista, poderíamos pensar sobre mais estas constatações de Martim Vasques da Cunha, que, a respeito do Episódio II, dá sua opinião:

"Fica claro o que ele (George Lucas) realmente quer fazer com sua saga - um filme político de caráter subversivo (mesmo atendendo aos propósitos comerciais de Hollywood), e mostra que toda república aparentemente democrática é o estopim para uma ditadura. Na verdade, isto sempre esteve presente na Trilogia Original. Contudo, o disfarce de uma fantasia de ficção-científica, os milhões de dólares jogados em marketing e uma série de equívocos envolvendo "Episódio 1" não deixaram o público perceber o plano de George Lucas. Desta vez, em "Episódio 2", o aspecto político está tão cristalino que não há como ser evitado".

Sobre as duas trilogias, o jornalista escreve:

"Quando ele (George Lucas) fez a primeira trilogia de "Star Wars", a aliança rebelde de Luke Skywalker, Princesa Léia e Han Solo representava os movimentos libertários que desejavam o fim de ditaduras totalitárias como a do General Pinochet, no Chile, ou a da União Soviética, na Polônia e na Tchecoslováquia. Agora, vinte e cinco anos depois, ao contar como Anakin Skywalker virou Darth Vader, a nova trilogia mostra como a política é um jogo de poder fútil, em que os bons são manipulados pelos maliciosos através de seus ideais pervertidos, para distorcer o princípio da ordem e impor somente a desordem. Nada mais atual e, ao mesmo tempo, nada mais subversivo nesses tempos em que ninguém percebe que uma nova ordem mundial quer acabar com a liberdade do ser humano, gerando seu espírito através de guerras ou do terrorismo armado com bombas e movimentos de guerrilhas revolucionárias".

E, para finalizar, é importante notar o que o próprio George Lucas declarou no Festival de Cannes, em 2005, a respeito do Episódio III:

Ele disse que espera que "o filme possa despertar a população dos Estados Unidos, principalmente diante de ameaças à nossa democracia".

A história subliminar de "Star Wars - Episódio III: A vingança dos Sith" é "saber como uma democracia se transforma em ditadura", ressaltou o cineasta na entrevista coletiva que precedeu em algumas horas a estréia de gala de seu filme, na Seleção Oficial do Festival, fora da competição.

"Quando escrevi este episódio não estávamos em guerra com o Iraque, financiávamos Saddam Hussein, oferecíamos a ele armas de destruição em massa, não considerávamos Saddam um inimigo (...) É absolutamente incrível o paralelismo entre o que fizemos no Vietnã e no Iraque", afirmou.

Na década de 70, no início da série, "estávamos em plena guerra do Vietnã, então a questão era saber como uma democracia pode se entregar a um ditador e então se perder".

"Estudei muito o período do império romano, depois do assassinato de César o governo passou para os sobrinhos; porque a França depois do antigo regime passou a Napoleão; o mesmo que aconteceu na Alemanha com Hitler", disse.

Sempre há "ameaças externas (...) pode haver problemas em uma democracia, de corrupção, por exemplo", acrescentou.

"Espero que isto não aconteça em nosso país, e que o filme possa acordar a população, principalmente diante das ameaças à nossa democracia", afirmou George Lucas.

"É um tema recorrente, como a democracia pode se tornar uma ditadura, como uma boa pessoa pode se transformar em uma má. A maioria das pessoas pensa que é boa", mas "toda atitude egocêntrica termina por transformar uma pessoa", acredita o diretor, que quis "apresentar as coisas de maneira simples" em seu filme.

Depois do que George Lucas disse nos comentários do DVD do Episódio II e no festival de Cannes 2005, fica difícil não concordar com este diagnóstico do jornalista.

BIBLIOGRAFIA:

Endereços da internet:

www.padawan.com.br

www.jedimania.com.br

www.oindividuo.com/convidado/martim36.htm

skywalker1.blogspot.com/2002_10_01_skywalker1_archive.html

ultimosegundo.ig.com.br/materias/cultura/1967501-1968000/1967647/1967647_1.xml

© 2005 - Delmar Nori - membro do Fórum de Discussão do Conselho Jedi Rio de Janeiro.

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