Após
a Primeira Guerra Mundial, a Itália era um país em frangalhos.
Tanto econômica quanto socialmente, suas estruturas foram
terrivelmente abaladas pelo conflito e o Tratado de Versalhes
só fez acentuar ainda mais essa situação. O desemprego aumentava
rapidamente, pequenas empresas faliam diariamente, a inflação
galopava e os camponeses não tinham o que comer. Tudo isso
contribuiu decisivamente para o surgimento de uma mentalidade
revolucionária entre a população, que passou a exigir melhorias
de suas condições por intermédio de greves, manifestações
populares, pilhagens e invasão de indústrias. Nesse ponto,
as forças políticas dividiam-se em dois grandes blocos: de
um lado, os católicos, extremamente conservadores e ligados
aos monarquistas; de outro, os socialistas, que dominavam
a Confederação Geral dos Trabalhadores e que possuíam em suas
fileiras uma ativa ala comunista. Apesar de ideologicamente
distintas, as duas forças supracitadas propunham uma alteração
radical na forma com que o governo vinha tratando a crise.
Ambas chegaram a obter algumas vitórias em eleições locais,
mas suas divergências, que as tornavam incapazes de formar
alianças entre si, também fizeram com que tais vitórias não
significassem sua ascensão. Ainda assim, a burguesia e os
grandes capitalistas inquietaram-se com a crescente popularidade
desses movimentos revolucionários, passando, então, a apoiar
e financiar um minúsculo grupo que pregava a destruição total
(pela força) de tais movimentos: os fascistas. Assim, o fascismo
foi resultado do contexto em que vivia a Itália no pós-guerra,
como resposta à inoperância do regime parlamentar então vigente
de retomar o desenvolvimento, o que fazia com que a classe
dominante temesse por sua manutenção enquanto tal e com que
os nacionalistas desprezassem a paz. Liderados por Benito
Mussolini, os fascistas conseguiram responder, em princípio,
às expectativas tanto da classe dominante quanto dos nacionalistas.
Como? Eliminando socialistas e comunistas (pilhando e incendiando
suas sedes e assassinando seus líderes), calando toda forma
de liberdade de expressão e despertando no povo um forte sentimento
nacionalista, que visava devolver o orgulho aos italianos
derrotados na guerra (o que acabou gerando fortes sentimentos
racistas na população). Tudo financiado pelos grandes capitalistas
de então. Mussolini manteve a monarquia e o regime parlamentar,
porém, apenas para manter as aparências, uma vez que era o
ditator de fato. Com sua oratória magnífica, levantava multidões
onde quer que discursasse, e recebeu o apelido "duce" (líder).
Através da propaganda, o fascismo sensibilizou quase todas
as camadas da população italiana - e aquelas que não conseguira
sensibilizar eram simplesmente eliminadas pela força - e conseguiu
reerguer a Itália, ainda que os métodos utilizados para tanto
tenham gerado certa insatisfação: proibiram-se as greves e
a imigração; grandes obras foram realizadas, para absorver
o máximo de mão-de-obra e acabar com o desemprego; a industrialização
foi financiada e a agricultura sofreu incremento. Paralelamente,
Mussolini protagonizava uma política de expansão colonial
razoavelmente bem-sucedida, da qual o feito mais extraordinário
foi a anexação da Etiópia, após guerras com os locais e com
os ingleses, também desejosos da área. Outro de seus feitos
foi a aliança com os nazistas alemães, com os quais, mais
os japoneses, formaria o Eixo, facção derrotada durante a
Segunda Guerra Mundial.
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