O projeto de
expansão ultramarina da Inglaterra não pôde ser levado a cabo
no mesmo período em que os espanhóis e portugueses iniciaram
a exploração do novo mundo. Motivo: no século XVI (quando
as nações ibéricas iniciaram sua colonização), a Grã-Bretranha
sofria com as constantes lutas religiosas entre as diversas
facções surgidas na Reforma Protestante.
Quando o panorama
político advindo dessas contendas firmou-se, os ingleses puderam
organizar sua Armada e partiu para o Atlântico. Porém, não
foi apenas a sede imperialista que impulsionou a expansão.
Na verdade, a busca por novos mercados consumidores (embora
uma problemática comum a todos os países europeus envolvidos
na corrida colonical da época) fazia-se urgente para a Inglaterra
de então. As atividades agrícolas e de pastoreio foram todas
dominadas pelos grandes proprietários de terras, que objetivavam
vender sua produção aos mercados externos.
Porém, esses
mercados começavam a rarear (pois não cresciam na mesma proporção
da produção) e, além disso, os pequenos proprietários haviam
perdido para esses mesmos latifundiários suas posses e foram
engrossar as fileiras das camadas populares miseráveis e sem
possibilidades sociais. Deste modo, a conquista de novos mercados
e de novas terras era imprescindível para a manutenção da
ordem interna. E a solução era a América, daí o apetite com
que os ingleses se lançaram ao continente. A Inglaterra foi
responsável pela colonização da América do Norte, do território
onde hoje estão os Estados Unidos.
Logo que assegurou
sua soberania sobre a área, milhares de colonos britânicos
mudaram-se para lá, na esperança de encontrar liberdade e
enriquecimento. Como para a Coroa inglesa essa afluência humana
era providencial, pois acalmava as tensões internas (devido
aos motivos acima apontados), inicialmente não foram tomadas
medidas muito rígidas de controle à colonização. Por isso,
os assentamentos do norte (colônias do norte) e do centro
(colônias do centro) dos EUA prosperaram incrivelmente, adotando
contornos de auto-suficência e de independência em relação
à metrópole. Apenas ao sul (colônias do sul), em virtude das
condições extremamente favoráveis, a Inglaterra impôs regras
tipicamente coloniais.
Lá, foram instaladas
grandes fazendas monocultoras, produtoras de gêneros tropicais
(algodão, tabaco, arroz, etc.), baseadas na mão-de-obra escrava
e nas atribulações do pacto colonial. O norte e o centro,
por sua vez, locais onde a Coroa inglesa não achou artigos
de valor comercial, logo expandiram-se, baseando seu desenvolvimento
autônomo numa agricultura modesta (feita em pequenas propriedades),
mas eficiente e diversificada, e nas atividades extrativistas
e manufatureiras assalariadas.
Não demorou muito
para essas colônias passarem a produzir excedentes, fato que
possibilitou o desenvolvimento de um mercado interno e relações
comerciais plenas entre os membros das comunidades. Uma abastada
burguesia local logo emergiu, interessada em expandir cada
vez mais suas atividades, inclusive no mercado externo. Nesse
momento, porém, os mecanismos do pacto colonial passaram a
emperrar o crescimento burguês. Assim, movimentos inconfidentes
começaram a articular sua atuação, que logo mostraria seus
efeitos. |