REVOLUÇÃO DE 1930
 
 

 

A política do café-com-leite estabelecia tacitamente, desde 1914, alternância na Presidência da República entre paulistas e mineiros. O Presidente Washington Luís (1926-30) era um fluminense que havia feito sua vida política em São Paulo. De acordo com o determinado, nada mais natural que o presidente seguinte fosse um político mineiro. O governador do estado de Minas, Antônio Carlos de Andrada, tinha pretensões ao cargo. Washington Luís, preocupado com a política de estabilização financeira, nutria simpatias pelo jovem político paulista Júlio Prestes, a quem indicou como candidato à sucessão. O representante de Minas sentiu-se traído com o rompimento da política do café-com-leite pelo executivo Federal. Aproximou-se então do governador gaúcho GetúlioVargas para lançar uma candidatura de oposição. Segundo alguns analistas, a intenção de Antônio Carlos era criar um impasse entre as duas candidaturas, para que ele surgisse como o nome da conciliação.

Nessas eleições repartiram-se as ocorrências de fraude. A própria Aliança Liberal recorreu a esses meios durante a disputa eleitoral, ao abandonar suas promessas de combate à corrupção e seus clamores pela regeneração política do país. Exemplo dessa situação foram os resultados do Rio Grande do Sul, onde a chapa de Vargas obteve 298 627 votos contra 982 de Júlio Prestes. No cômputo geral, entretanto, a vitória coube ao candidato paulista. As duas chapas haviam feito um acordo em que se comprometiam a respeitar os resultados. Elementos mais moderados, como João Pessoa, resignaram-se com a derrota. O político paraibano afirmava: " Prefiro dez Júlio Prestes a uma revolução". Esse não era, entretanto, o pensamento de membros mais jovens das oligarquias oposicionistas unidas na Aliança Liberal. "Estou farto dessa comédia", afirmava o gaúcho Osvaldo Aranha, no que era apoiado pelo mineiro Virgílio de Melo franco e por outro gaúcho, João Neves da Fontoura. Juntava-se a eles tenentistas, como Juarez Távora e João Alberto, forjando, assim uma aliança que conspirava contra a posse do presidente recém eleito. Preocupados com a possibilidade de crescimento das agitações e com a rearticulação dos tenentistas, as oligarquias dissidentes, mesmo em seus setores mais conservadores, resolveram assumir o comando da conspiração. Impediriam, assim, que o golpe desencadeasse transformações mais radicais. "Façamos a revolução antes que o povo a faça", foi o brado de Antônio Carlos, governador de Minas Gerais.

Diante do resultado das eleições, isto é, com a vitória de Júlio Prestes, os tenentes empenharam-se na organização da revolução, convencendo o candidato derrotado a ceitar a liderança do movimento revolucionário. Em 26 de Julho de 1930, João Pessoa, então governador da Parába e candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas, foi assassinado em Recife. Embora tenha sido umcrime passional - uma reação do assassino João Dantas à invasão de sua casa pela polícia e à divulgação de cartas e fotos sobre seus casos amorosos, acabou   sendo explorado politicamente e precipitou os acontecimentos, acelerando os preparativos para uma revolução armada contra o governo de Washington Luís. O movimento estourou a 3 de outubro de 1930 e, em vinte dias, já era vitorioso.  Washington Luís recusou a idéia de renúncia proposta pelo cardeal do Rio de Janeiro, D. Leme, mas acabou sendo deposto por uma junta militar no dia 24 de outubro de 1930. Getúlio Dornelles Vargas, chefe do movimento revolucionário, assumiu o poder provisoriamente, a 3 de novembro de 1930, como delegado da revolução, em nome do Exército, da Marinha e do Povo. Consolidou-se no poder e dominou a cena política brasileira durante 24 anos, até seu suicídio em 1954, quando ocupava pela segunda vez a presidência da República.

 

 
     

 

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