Desde os primórdios
da colônia, a prática de poder que predominava baseava-se
em trocas de favor entre os grandes proprietários mineradores
e agricultores e as populações que os cercavam. Estas populações,
mais carentes, tinham algumas de suas necessidades supridas
pelos proprietários, que recebiam em troca a fidelidade. Desta
forma, pode-se dizer que a estrutura de poder paternalista
predominante no fim do Império e início da República Velha,
o chamado coronelismo, tem origem no período colonial.
O coronelismo
passou a expandir como uma rede de poder vinculada aos governos
estaduais: arrebanhando seu "curral eleitoral", os coronéis
(assim chamados por terem estes grandes proprietários inicialmente
participado da Guarda Nacional no período do Império), forneciam
implementos agrários, assim como objetos de utilidade e baixo
custo, aos trabalhadores rurais, chegando mesmo alguns a receber
cargos públicos. Em troca, estes trabalhadores juravam fidelidade
aos proprietários, inclusive manifestando sua fidelidade em
nível político-eleitoral: através do voto não-secreto, os
campesinos votavam conforme a tendência política do coronel
estabelecido em sua região, ou seja, favorecendo os "compadres"
do coronel que eram candidatos. Por outro lado, os coronéis,
que praticamente colocavam os governadores no poder, recebiam
favores do governo como, por exemplo, vantagens nos encargos
tributários. Desta forma, os coronéis eram os elementos regionalmente
responsáveis pela manutenção do poder constituído: cada um
possuía sua área de influência, e as chances de um candidato
de oposição subir ao poder eram mínimas, só ocorrendo isto
se este tivesse algum apoio do governo em nível federal ou
estadual, o que raramente acontecia.
Esta estrutura
de poder passou a decair nas regiões em que a industrialização
tornou-se patente: por outro lado, tal estrutura ainda possui
presença nas regiões predominantemente agrárias, sob as devidas
proporções históricas da atualidade. |