RÁDIO Itália-1896

 

O cientista inglês James Clerk Maxwell ao estudar a natureza eletromagnética da luz, teorizou sobre certos fenômenos ondulatórios produzidos pelo movimento vibratório dos elétrons. A partir de 1879, o físico alemão Heinrich Hertz realizou diversas experiências práticas em que utilizou um circuito oscilante ou oscilador, dispositivo no qual a corrente elétrica fica circulando ora num sentido, ora em outro, devido ao fenômeno da auto-induçaõ (o condutor produz um campo eletromagnético em si mesmo quando é percorrido por uma corrente variável). As experiências de Hertz foram o ponto de partida para a descoberta da radiotelegrafia, radiotelefonia e televisão e abriram horizontes a outros físicos como Eduard Branly e Guglielmo Marconi, que em 1896 patenteou o primeiro aparelho transmissor sem fios. As ondas sonoras são variações da pressão do ar, e sua propagação depende assim de um meio material. À medida que a onda de som se propaga, o ar é primeiro comprimido e depois rarefeito, pois é a mudança de pressão no ar que produz o som. Para transmitir a voz humana ou a música, é preciso converter as ondas sonoras em ondas eletromagnéticas de radiofreqüência, e depois reconverte-las em sonoras a fim de que possam ser ouvidas. O primeiro papel é desempenhado primeiro pelo microfone e o segundo pelo alto-falante, com auxílio de válvulas ou transistores. As estações transmissoras produzem as ondas eletromagnéticas chamadas ondas hertzianas, dentro de freqüências (e correspondentes amplitudes) que são fixadas pelos governos, a fim de impedir interferência de uma nas outras. Em geral, as emissoras comerciais usam a faixa acima de 1000 metros de comprimento de onda. São ondas longas. Os comprimentos de ondas entre 1000 e 100 metros correspondem a ondas médias. As ondas curtas, de 100 a 10 metros, são usadas para vários objetivos, como nas comunicações policiais, na orientação de aviadores em vôo, em radioamadorismo e programas intercontinentais. A diferença fundamental entre o comportamento das ondas longas e das ondas curtas é que as primeiras podem contornar obstáculos como edifícios, montanhas, etc. As ondas curtas não podem fazê-lo facilmente, mas em compensação podem ser concentradas em finos feixes, qual fachos de luz. Esses feixes podem então ser "dirigidos" e usados para orientar ou detectar aviões, submarinos e foguetes balísticos. Estão nesse caso as ondas de radar. As ondas usadas para alta freqüências de rádio (VHF) e para televisão são ainda mais curtas, com comprimento de onda menor que 3 metros.

WALT DISNEY
Estados Unidos - 05/12/1901 - Quinta-feira
15/12/1966 - Quinta-feira

Produtor cinematográfico e um dos pioneiros do desenho animado comercial. Criador de Mickey, Pato Donald, Tio Patinhas e dezenas de outros personagens. Disney produziu diversos filmes, todos dirigidos ao público infantil ou infanto-juvenil. Criou a série Maravilhas da Natureza e fundou a Disneylândia.

PRIMEIRO VÔO DO HOMEM
França - 23/10/1906 - Terça-feira

Uma grande multidão se reunia em Bagatelle, na França, para assistir à façanha do brasileiro Santos-Dumont ao conquistar o prêmio Archdeacon, quando o "14-bis", depois de tomar embalo, percorreu os 100 metros exigidos, a 80 cm do solo. A aeronave ergue-se a 50 metros e desenvolveu uma velocidade de 37 km/h. Era a primeira vez que, diante de uma comissão oficialmente reconhecida, um aparelho mais pesado que o ar se elevava do solo e tornava a descer, depois de cumprir um percurso determinado, sem recorrer a outros meios além de sua própria força motriz. Estava inaugurada a era da aviação. Antes disso, em 1783, os franceses Pilâtre de Rozier e o Marquês d'Arlandes tornaram-se os primeiros homens a deixar a superfície terrestre, a bordo de um balão inflado com ar quente. Sobrevoaram Paris a 1000 metros de altitude durante 25 minutos. O balão que utilizaram precisava ficar ligado à terra por uma corda, pois não havia mecanismos de controle e o balão acompanhava a direção do vento. Em 1898 – o brasileiro Alberto Santos Dumont instala um motor a gasolina em seu balão número 3, procurando solucionar o problema de dirigibilidade dos veículos "mais leves que o ar". Em 1901, o mesmo Santos Dumont, equipa o seu balão número 6 com um motor de 16 HP e consegue contornar a Torre Eiffel em Paris, retornando ao ponto de partida. Estava assim demonstrada a dirigibilidade dos balões. Em 1903, os irmãos norte-americanos Orville e Wilbur Wright conseguem ergue-se do solo em um aparelho mais pesado que o ar. O vôo não durou senão 12 segundos, a uma velocidade de 15 km/h. Em 1908, Santos Dumont constrói o "Demoiselle", cujo desenho serviria de modelo a todos os projetistas que se seguiram. O aparelho atingia 90 km/h. Em 1909, o francês Louis Blériot, em corajosa façanha, atravessa ao Canal da Mancha, com um aparelho que ele próprio construíra. A viagem demorou 37 minutos a uma velocidade de 58 km/h. Em 1910, o engenheiro francês, Henri Fabre, constrói o primeiro hidravião, com flutuadores que lhe permitem amerissar e levantar vôo na água. De 1914 a 1918 o avião passa a ser utilizado como arma de guerra. A princípio, apenas como observação do inimigo e depois para ataque às tropas inimigas e bombardeio. Em 1919, o alemão Junkers constrói o primeiro modelo para transporte comercial, com asas totalmente metálicas. Nesse mesmo ano, inauguram-se em todo o mundo algumas linhas aéreas regulares. Em 1922, os portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral cruzam pela primeira vez o Atlântico Sul.

AS VITAMINAS
Estados Unidos - 1912

Longas viagens marítimas eram uma aventura arriscada no século XVIII. Não era tanto o perigo do desconhecido e sim uma estranha doença que atacava a tripulação durante as viagens muito demoradas. Os homens ficavam fracos, suas gengivas sangravam, perdiam os dentes e os cabelos. Muitos morriam. Era o escorbuto. Durante muito tempo os médicos procuraram, em vão, debelar o estranho mal. Até que um dia, um comandante inglês chamado Lind, descobriu que ele poderia ser evitado com a ingestão de grandes quantidades de suco de limão e laranja. A incidência do escorbuto diminui bastante. Percebeu-se, assim, que o escorbuto não era provocado por micróbios. Relacionava-se com a alimentação dos marinheiros, constituída, basicamente, de peixe seco, toucinho defumado, carne salgada, feijão e queijo. Tratava-se de uma doença carêncial, provocada pela ausência de certa substância que mais tarde se descobriu ser a vitamina C. Em 1912, Frederick Gowland Hopkins obteve a primeira prova científica da existência das vitaminas, demonstrando sua presença no leite. Chamou esses elementos de "fatores alimentícios acessórios" em contraposição aos essenciais: hidratos de carbono, gorduras, sais minerais e água. O nome vitamina foi dado no mesmo ano pelo cientista polonês Casimiro Funk. Ele acreditava que essas substâncias pertencessem ao grupo das aminas e como sua ausência poderia provocar a morte, chamou-as de "aminas da vida" (em latim vitae amina). O nome ficou, embora se saiba hoje que elas nada tem a ver com as aminas. As vitaminas são substâncias orgânicas compostas de átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Algumas contém também enxofre e nitrogênio. Podem ser constituídas por moléculas pequenas, como a vitaminas C, ou grandes, como a vitaminas A, formada por vinte átomos de carbono, trinta de hidrogênio e um de oxigênio. Somente os vegetais são capazes de construir moléculas completas de vitamina a partir de certo elemento químico. Mesmo as vitaminas encontradas no queijo, leite, ovos, carnes, etc., provêm dos vegetais que serviram de alimento aos animais. Estes têm apenas a capacidade de redistribuir algumas moléculas recebidas dos vegetais, para formar certas vitaminas.
Em 1915, dois cientistas americanos, estabeleceram uma classificação dividindo as vitaminas em dois grupos: as lipossolúveis – solúveis em gordura, e as hidrossolúveis – solúveis em água. Cada uma delas foi designada por uma letra do alfabeto e quando eram misturas de outras vitaminas recebiam números acrescentados às letras. As lipossolúveis são: vitaminas A, D, E, K e ácidos gordurosos específicos. O complexo B (B1, B2, B6, B12) e a vitamina C formam o grupo de hidrossolúveis. Dezenas de vitaminas são conhecidas hoje em dia. Mas nem todas são necessárias ao organismo humano. Aparecem, principalmente, nas frutas, legumes e alimentos frescos, que perdem boa parte de suas propriedades vitamínicas quando cozidos ou guardados por muito tempo.

GUERRA MUNDIAL
Europa - 28/07/1914 - Terça-feira
11/11/1918 - Segunda-feira

Um automóvel negro, descoberto, segue lentamente por uma ruela da cidade Sarajevo, capital da Bósnia, precedido pela cavalaria. Repentinamente, uma forte explosão de granada, dispersa a multidão e atordoa as montarias. No mesmo momento, dois jovens saltam à frente do veículo e um deles sobe no pára-lamas do carro e dispara contra os ocupantes. Os guardas que acompanham o cortejo lançam-se sobre o homicida e prendem-no. Sobre o banco, jazem dois corpos inanimados: o do príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro e o de sua esposa, a duquesa Sofia de Hoenberg. O atentado ocorreu durante a visita do arquiduque Francisco Fernando, a cujo império a Bósnia estava anexada havia quatro anos. Fora obra de estudantes nacionalistas bósnios, mas havia sido preparado em Belgrado, capital da Sérvia, com a colaboração de oficiais sérvios. O assassinato foi a causa imediata da guerra mais mortífera que o mundo jamais conhecera até então. Esse conflito estendeu-se a quase todos os países europeus, asiáticos e americanos, e modificou a face da Europa. Havia muito que as rivalidades coloniais e comerciais, originárias dos interesses econômicos estavam em jogo. A guerra dos povos balcânicos contra os turcos, a corrida armamentista e, sobretudo a formação de dois blocos europeus antagônicos que se intimidavam mutuamente, criavam uma situação tensa. De um lado, a Tríplice Aliança, agrupando os Impérios Centrais, constituídos pela Alemanha e Áustria-Hungria, mais a Itália, que se desligou do grupo a seguir. De outro, a Tríplice Entente, que compreendia a França, a Rússia e a Inglaterra. Em 1914 pareciam apenas aguardar o momento mais oportuno para se precipitarem na guerra. O gesto de rebeldia do estudante Princip marcou essa ocasião. A ingerência de oficiais sérvios no complô dos estudantes bósnios serviu de pretexto para que a Austria-Hungria acertasse suas contas com a Sérvia, seu principal adversário nos Balcãs. Certa do apoio dos alemães, ela endereça à Servia um ultimatum, cujas condições parecem inaceitáveis para um Estado independente. Apesar disso, o Governo sérvio aceitou todas as condições, menos uma. Não atendendo a proposição da Inglaterra como mediadora, a Áustria, precipitando os acontecimentos, declarou guerra à Sérvia, a 28 de Julho de 1914. Em alguns dias, a maior parte da Europa estava em pé de guerra. A Rússia mobiliza suas tropas e a Alemanha lhe declara guerra, enquanto a França se prepara. A 4 de agosto, as tropas alemãs invadem a Bélgica, levando à guerra a Inglaterra, que sempre defendera a neutralidade belga, em virtude de sua situação geográfica. Até o Japão toma posição contra a Alemanha, interessado na conquista das colônias germânicas do Pacífico. Militarmente falando, a I Grande Guerra divide-se em três grandes períodos: a guerra de movimento, em 1914, a guerra de posições, entre 1915 e 1918, e a retomada da guerra de movimento, cujo desfecho se dá neste último ano. Embora as batalhas decisivas tenham sido na fronteira francesa, todos os países europeus são atingidos e luta-se inclusive no mar. Ao iniciarem o conflito, todos estão convencidos de que a guerra será violenta, mas curta. Pensam que o encontro das tropas alemãs e francesas será decisivo, pois numericamente as forças se eqüivalem. A França conta ainda com os contingentes britânicos e belgas. O Plano alemão consiste em colocar a França fora de combate rapidamente, lançando contra ela a maior parte de suas forças para depois atacar a Rússia. Para evitar as fortificações francesas, o exército alemão deveria atravessar a Bélgica e invadir a França pelo norte. Vencida a resistência do pequeno exército belga e malograda a resistência francesa na Lorena, os alemães varrem o norte da França, chegando a 45 quilômetros de Paris. O Governo e as Câmaras deixam a capital e instalam-se em Bordéus. Como os alemães evitam Paris, os franceses dão-lhe combate no Marne e após seis dias de luta encarniçada, o Estado-maior inimigo dá ordem de retirada, fixando-se na região de Aisne e do Somme. A batalha naval que se trava em seguida não tem resultados mais definidos. Finalmente estabilizadas as posições, passa-se à guerra de trincheiras, que se estendem por 780 quilômetros e milhões de homens morrerão aí. Na frente oriental, também nenhum dos adversários pode obter vantagens decisivas. Para aliviar a frente francesa, os russos tomam a ofensiva, entrando na Prússia Oriental, onde são derrotados, mas infligem séria derrota aos austríacos. A partir daí a frente oriental se estabiliza, apesar da entrada da Turquia na guerra, ao lado dos Impérios Centrais, no fim do ano. Como os turcos mantêm o controle entre os mares Negro e Egeu, torna-se difícil a ligação da Rússia com seus aliados. Embora indefinida a situação, o plano alemão malogrou. O Kaiser Guilherme II é obrigado a fazer oque temia: manter a guerra em duas frentes simultâneas. Na frente ocidental a luta de aspecto. Após a guerra de movimento, a guerra de trincheira. Enterrados em profundas escavações, mal protegidos por sacos de terra e cercas de arame farpado, reabastecidos com dificuldade, os combatentes suportam os rigores do inverno, os ratos, os vermes. Mas, piores que tudo, os bombardeios dos primeiros aviões alemães, que põem abaixo as fortificações improvisadas, causando pânico. O armamento modifica-se: o capacete de aço substitui o quepe, a granada e os obuses tornam-se mais úteis que os fuzil, no combate de trincheiras. Avançar é quase impossível, pois a artilharia é impotente para resguardar os combatentes dos obuses e das metralhadoras inimigas. E para fornecer armas e munições suficientes, os beligerantes engajam todos os recursos industriais, mobilizando assim os recursos econômicos das nações para o esforço de guerra. A Lituânia e a Polônia são conquistadas pelos alemães, que não conseguem, no entanto, fazer capitular os russos, abatidos por enormes perdas. Os aliados, batidos no estreito de Dardanelos, nada podem fazer pelos russos. Entrando na guerra, a Bulgária, juntamente com a Áustria, destrói os exércitos sérvios, cujos remanescentes desembarcam em Corfu. Por outro lado, aliando-se à Tríplice Entente, a Itália obriga a Áustria-Hungria a lutar numa segunda frente de batalha. O ano de 1916 está ligando à uma cidadezinha francesa, Verdun, sinônimo de inferno para os que aí lutaram. Com essa batalha, iniciam-se várias táticas de guerra moderna: mais que a derrota do inimigo, deseja-se o seu aniquilamento, através de ataques sucessivos e limitados. O comando alemão pretendia esgotar os franceses, surpreendendo-os pela intensidade dos ataques e pela violência dos bombardeios. Mas Verdun não cairá. A calma energia do General francês faz com que fruste o plano alemão e quinhentos mil homens dos dois lados morrerão. Na frente oriental, os russos invadem a Galícia austríaca com êxito. E a Romênia declara guerra aos Impérios Centrais, é invadida e ocupada. Mas o saldo dos aliados é positivo. Em dezembro de 1916 os Impérios Centrais tentam um armistício. Julgando enfraquecido o adversário, os Aliados recusam, apesar de tudo. A situação interna da Rússia, no entanto, era desesperadora: perdas espantosas, carestia, exaustão popular. Em Petrogado, no mês de fevereiro de 1917, uma revolta popular derruba o czar e, em Outubro, a Revolução Socialista triunfa no país. Em meio à difícil situação interna, os russos retiram-se da guerra, firmando, em março de 1918 o armistício de Brest-Litovsk, que beneficia os alemães. No entanto, essa vantagem foi apagada em abril de 1917 pela entrada dos Estados Unidos da América na guerra, ao lado da Tríplice Entente. Essa decisão é ditada pelos interesses norte-americanos na Europa e por sua afinidade política com a França e a Inglaterra. Alguns países latino-americanos acompanham os Estados Unidos. Enquanto chegavam as primeiras tropas da América do Norte, os franceses atacavam a região de Arras, no norte da França, tentando uma vitória que não veio. Nessa batalha, pela primeira vez, foram usados tanques, pela tropas inglesas. Em julho de 1918, depois de unificado o comando aliado, estava reconquistado todo o norte da França e o exército alemão começava a perder. Os ingleses, no ano anterior, tinham levantado contra os turcos, os árabes, que apoderam-se de Bagdá e Jerusalém. Na Grécia, as tropas franco-inglesas conseguem romper a frente Búlgura, liberando a seguir a Sérvia e a Romênia. Os Italianos ocupam Trento e Trieste. Perdida a causa dos Impérios Centrais, a Bulgária e a Turquia retiram-se da guerra, seguidas pela Áustria-Hungria, que estava em plena desagregação. No início de novembro, poloneses e tchecos proclamam sua independência, ao mesmo tempo que nascia a Iugoslávia. A 6 de outubro de 1918, o presidente dos Estados Unidos recebe uma nota alemã solicitando o armistício e aceitando as bases americanas para a paz. Os americanos respondem que só assinariam o tratato de paz com um governo democrático e exigia a abdicação de Guilherme II. Como estourasse uma revolução, o imperador viu-se obrigado a renunciar, partindo para o exílio. O governo da nação passou para a mão dos socialistas e criou-se a República de Weimar e a 11 de novembro assinou o armistício, que seria confirmado pelos tratados de Versalhes (julho de 1919), de Saint-Germain (setembro de 1919), de Neuilly (novembro de 1919) e de Sèvres (agosto de 1920). Mas a convulsão que havia levado à morte de 8 milhões de europeus marcava o declínio da hegemonia política e econômica da Europa e os vencedores de 1918 foram incapazes de reorganizar o continente numa paz durável: duas décadas depois, com início na Europa, o mundo seria envolvido por uma guerra ainda mais terrível: a Segunda Guerra Mundial.

GRIPE ESPANHOLA
Europa - 1917

A gripe ou influenza é uma doença infecciosa, geralmente benigna, provocada por vírus e transmitida por contato direto. Algumas vezes, em decorrência de mutações genéticas do vírus, pode transformar-se em doença fatal. Alguns autores afirmam que o termo "gripe" tem origem em "grippé", expressão usada pelas escolas médicas francesas do século XVIII para definir o aspecto tenso e contraído do doente. Quando, em 1890, um surto de gripe de grandes proporções varre a Europa, propagando-se até atingir o continente americano, a medicina já adotava as teorias pasteurianas sobre a origem microbiana das doenças infecciosas. Nesse contexto, em 1891, o médico alemão Richard Pfeiffer isola um bacilo ao qual passa a ser atribuída a causa da doença. Em 1918, uma epidemia de gripe originada na Espanha generaliza-se pela Europa, então marcada pelos efeitos da I Guerra Mundial, e de lá propaga-se para a Ásia e o continente americano, tornando-se uma pandemia. As estimativas apontam cerca de vinte milhões de mortos entre os seiscentos milhões de infectados em todo o mundo. O despreparo dos poderes públicos para enfrentar os problemas de saúde pública, aliado às precárias condições de saneamento e assistência médica, potencializam os efeitos da doença nos países subdesenvolvidos.

ANTIBIÓTICO
Escócia - 14/02/1928 - Terça-feira

Durante séculos acreditou-se que as doenças fossem causadas por maus espíritos ou forças sobrenaturais. Depois, pensou-se que os gases venenosos de águas estagnadas ou a matéria em decomposição provocavam moléstias.
No século XVI um médico de Verona, Girolamo Fracastoro, apresentou a hipótese de que a sífilis fosse transmitida por certas estranhas partículas que, contudo, jamais especificou. E não as julgava vivas. No século XVII um fabricante de lentes, o holandês Anton Leeuwenhoek, tendo construído um microscópio, surpreendeu-se ao examinar uma gota de chuva: nela nadavam inúmeros bichinhos. Olhando outros materiais – inclusive dentes e partes de intestino – observou a mesma coisa: estes bichinhos – "criaturas ovais", como os chamava – viviam em todos os lugares. Ele não sabia que tinha descoberto as bactérias. Na época acreditava-se que esses seres microscópios aparecessem espontaneamente de material não vivo. Pensava-se que as moscas e os vermes surgissem da carne em putrefação. Toda essa teoria, no entanto, foi combatida por um italiano, Francesco Redi, que fazia estudos sobre a conservação de alimentos. Foi ele quem afirmou: "todo ser vivo vem de outro ser vivo".
No século XVIII, o padre Lazzaro Spallanzani, após preparar uma infusão de sementes, dividiu o líquido em dois frascos, lacrando um deles para evitar a entrada de ar. Depois deixou-os uma hora em água fervendo. Alguns dias depois examinou ao microscópio o conteúdo dos dois vidros. O líquido do frasco lacrado nada apresentava; no líquido do outro frasco nadavam milhares de bactérias. Dessa experiência, o padre deduziu, corretamente, que as bactérias haviam sido trazidas pelo ar que se introduzira no vidro não lacrado. O Experimento acelerou o estudo desses seres, permitindo ao homem equipar-se melhor na luta contra as bactérias patógenas – causadoras de moléstias. Louis Pasteur (1822-1895) identificou o bacilo de carbúnculo e a bactéria da cólera, e descobriu os meios de lhes dar combate. Mostrou também que a fermentação e o coalho do leite são ocasionados por microorganismos existentes no ar. O alemão Karl Eberth (1843-1910) descobriu em 1880 o bacilo causador da febre tifóide. Outro alemão, Robert Koch, isolou a bactéria da cólera (descoberta por Pasteur em 1882) e descobriu o bacilo da tuberculose, que tomou o nome de "bacilo de Koch". O da difteria foi descoberto por Frederico Leoffler (1852-1915), também alemão. Assim, com esses conhecimentos, foi possível encontrar os meios da luta contra as doenças. E um dos mais importantes antibióticos descobertos na época foi a penicilina.
O pesquisador escocês Alexander Fleming observava ao microscópio o crescimento de uma colônia de bactérias Staphylococcus aureus, que causam graves infecções no organismo humano. Para sua frustração, constatou que um fungo havia contaminado a placa de vidro em que as bactérias se desenvolviam e começara a crescer. Provavelmente, um esporo – o corpúsculo reprodutivo dos fungos – havia entrado pela janela, que fora deixara aberta na noite anterior. Por algum motivo, no lugar de considerar o trabalho perdido como faria normalmente, Alexander Fleming decidiu acompanhar o crescimento daquele fungo, o Penicillium notatum. Sua curiosidade foi recompensada: o Penicillium produzia substâncias que destruíam os estafilococos à sua volta! E ele pesquisava justamente um medicamento que pudesse eliminar bactérias causadoras de doenças. O passo seguinte foi identificar e isolar aquela poderosa substância que matava bactérias. Fleming deu a ela o nome de penicilina. Nos anos seguintes, tais fungos passaram a ser cultivados em laboratórios iniciando-se a produção em escala industrial de antibióticos que atacavam microorganismos que não eram eliminados pelo sistema imunológico humano. Graças a esses medicamentos, doenças infecciosas como pneumonia, escarlatina, sífilis, gonorréia, febre reumática, septicemia e tuberculose, deixaram de ser fatais. Durante a Segunda Guerra Mundial, a penicilina salvou a vida de milhões de soldados feridos nos campos de batalha. Fleming não é o único herói desta história. Foram dois pesquisadores da Universidade de Oxford, Howard Florey e Ernst Chain, que conseguiram em 1937 purificar a penicilina, uma etapa importante para seu uso mais seguro em seres humanos. Nos Estados Unidos, pesquisadores multiplicaram a produção, até então era feita em pequenas garrafas, para uma escala industrial em grandes tanques especiais. A partir de 1940, o medicamento passou a ser aplicado com injeções. Logo a penicilina estava ao alcance de todos e a preços cada vez menores. Uma revolução na Medicina que salvou milhões de vidas.

ELVIS PRESLEY
Estados Unidos - 08/01/1935 - Terça-feira
16/08/1977 - Terça-feira

Rei do Rock'n Roll e modelo do "sonho americano". Em 1954 era chofer de caminhão e resolveu gravar então, um disco para seu próprio uso, mas o proprietário do estúdio ficou entusiasmado com sua voz e convidou-o para gravar profissionalmente. Em 1956 já era campeão de vendagem nos Estados Unidos. Iniciou-se então, uma série de filmes campeões de bilheteria. Atacou o puritanismo ao rebolar loucamente durante seus shows e influenciou todos os cantores que vieram após ele, inclusive os Beatles.

ABREUGRAFIA/Brasil - 1936

Método de diagnóstico precoce da tuberculose. É baseado na obtenção de radiografias do tórax pela fotografia da tela radioscópica. A técnica é o resultado da impressão direta dos feixes de raios X sobre o filme radiológico, após atravessarem o corpo humano.

II GUERRA MUNDIAL
Europa - 01/09/1939 - Sexta-feira
02/09/1945 - Domingo

O término da Primeira Guerra Mundial, põe fim às hostilidades militares entre os países em conflito, mas lança as questões que levam à explosão da Segunda Guerra. A Europa e o mundo sob influência européia, atravessou uma crise muito grave, pois a I Guerra provocou uma destruição material como nunca se tinha visto antes. A maioria dos países envolvidos encontrou muitas dificuldades para se reorganizar nesse período. Houve muito desemprego, inflação e dificuldade para reintegrar à vida civil os milhões de ex-soldados, muitos dos quais tinham sido mutilados. A mendicância, inclusive de ex-combatentes, se tornou parte da paisagem alemã. Essa situação dramática do pós-guerra gerava grande insatisfação entre a população de vários países. As massas populares viviam numa situação de desespero, o que ocasionou uma onda de protestos, greves e revoltas. A gravidade dos problemas enfrentados fez com que as soluções radicais fossem bem-vindas. O Tratado de Versalhes, de 1919, que estabelece a paz entre os países vencedores e a Alemanha, impõe a esta condições duras, sobretudo no que se refere às reparações de guerra. A Guerra Civil Espanhola de 1936 a 1939 serviu de ensaio geral para o novo papel alemão. Em 1936, a Frente Popular – coligação de republicanos, socialistas e sindicalistas – assumira o poder na Espanha. A reação ao novo governo foi liderada pelo General Francisco Franco, que contava com o apoio de setores do exército e do Partido da Falange Facista, criado em 1933. Hitler saiu em auxílio de Franco, o que lhe permitiu vencer – depois de três anos de luta – a Frente Popular, auxiliada por voluntários socialistas vindos de várias partes do mundo. A Itália acompanhou a Alemanha; França e Inglaterra permaneceram neutras. Desde o final de 1937, o governo alemão e os chefes militares julgavam que suas forças armadas deveriam estar preparadas para uma guerra de grande envergadura. O raciocínio de Hitler baseava-se na convicção de que este seria o melhor momento, pois mais tarde, haveria o risco de a França, a Inglaterra e a União Soviética terem recuperado o tempo perdido com uma política lenta de rearmamento. A decisão em relação à Áustria foi acelerada pela certeza de que uma política agressiva acabaria sendo aceita, como de fato aconteceu, e a anexação da Áustria pela Alemanha, em 1938, constitui o primeiro e mais espetacular ato na direção de uma "grande Alemanha". O pretexto de Hitler para continuar sua expansão era o de tornar alemãs todas as zonas habitadas por alemães. Para acabar com essa justificativa, França e Inglaterra assinaram com ele o Tratado de Munique, pelo qual os Sudetos (parte norte da Thecoslováquia, habitada por cidadãos alemães) passariam para a Alemanha, em setembro de 1938. Em 1939, a Alemanha acelerava seus passos buscando agregar, por meio de acordos políticos e econômicos, países como a Iugoslávia, a Romênia, a Bulgária e a Turquia. A ocupação militar da Boêmia e da Morávia tornava a Alemanha um país de 90 milhões de habitantes, com um produto nacional mais de três vezes superior ao francês e quase o dobro do inglês. Em março de 1939, Hitler invade a parte restante da Thecoslováquia e ameaça também invadir a Polônia, quando Paris e Londres garantiram ao país ameaçado sua ajuda militar. Já a União Soviética assinava um pacto de não-agressão com o füher, válido por cinco anos, no qual a Polônia era repartida entre ambas. Hitler ataca a Polônia a 1º de setembro, em "represália" a uma suposta violação polonesa das fronteiras e a 3 de setembro recebe a declaração de guerra da França e da Inglaterra. O que se viu daí em diante, foi só destruição de ambos os lados envolvidos e um saldo de 45 milhões de vidas perdidas. Mas o fato que mais marcou só foi descoberto após o fim da guerra: as atrocidades cometidas pelas autoridades alemães contra os povos de origem judaica nos campos de concentração nazistas. Para os nazistas, tratou-se de solução final; para a humanidade, tratou-se do Holocausto. Não há explicações especificamente militares para o genocídio. O nazismo cresceu como força política apoiando-se numa plataforma racista, anti-semita e anticomunista. As leis anti-semitas foram estendidas da Alemanha para todos os territórios anexados e ocupados. Mas as grandes concentrações judaicas estavam na Polônia e na União Soviética. A legislação alemã há muito introduzira a mais absoluta segregação. Os judeus foram obrigados desde o uso da estrela amarela de Davi até, finalmente, ao confinamento nos guetos de todas as cidades ocupadas. Inicialmente deixou-se à fome e aos trabalhos forçados a responsabilidade de dizimação. A execução em massa de judeus iniciou-se na parte da União Soviética ocupada pela Alemanha: mais de 100 mil por mês, até um total de 1 milhão. Pouco a pouco, todos os judeus dos territórios sob dominação nazista foram transportados para os campos de concentração, onde, na câmara de gás, o monóxido de carbono e o ácido prússico completaram o genocídio. Além dos judeus, outros grupos foram dizimados, como os ciganos e os doentes mentais. Outro fato que também marcou essa terrível guerra foi a explosão de duas bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasaki, onde o mundo assistiu emudecido ao episódio fantástico que acabou por revolucionar todas as técnicas de guerra e as próprias relações internacionais.

COMPUTADOR
Estados Unidos - 1940

Um dos aspectos fundamentais da conquista da natureza pelo homem é a chamada "quantificação do mundo": atribuição de uma medida, de um número, que permite fazer previsões por meio do cálculo e fundamentar racionalmente as decisões. O cálculo, e mais precisamente o Cálculo Numérico, se incorpora a esse mundo quantificado. Dado um problema teórico, técnico ou prático, preocupa-se o Cálculo Numérico em chegar a um número, dentro de certa aproximação. Para tal fim, emprega vários processos, que são verificados pela álgebra e pela análise matemática. Se é simples resolver um sistema de poucas equações, com mais de três, o cálculo direto é trabalhoso, e para encontrar a solução numérica requerem-se métodos mais modernos, fornecidos pela análise matemática. Além desse problema – resolução de sistemas de equações – , existem outros que interessam aos especialistas: verificação de uma fórmula, estudo de matrizes, derivadas e integrais. A crescente complexidade dos problemas torna o cálculo impossível dispondo-se apenas de papel e lápis. E, para aumentar sua capacidade de calcular, o homem recorreu a vários instrumentos apropriados. Um dos mais tradicionais é o ábaco chinês. A partir de 1600, com a invenção dos logaritmos, pode construir-se a régua de cálculo. A mecanização dos cálculos teve início com Pascal (1642) e Leibnitz (1694), mas só recentemente as máquinas calculadoras atingiram um nível aceitável. Depois de 1945, graças à eletrônica, nasceu a maravilha chamada computador. Em nenhum campo a ciência eletrônica foi tão importante quanto na construção de computadores, imensos cérebros mecânicos que fazem cálculos melhor que o homem. Feitos primeiro com milhares de tubos eletrônicos, e atualmente com minúsculos transistores, os computadores até parecem ter vontade própria. Cometem enganos, mas os corrigem sozinhos. Alguns estão sendo ensinados para falar, enquanto outros foram treinados para traduzir simultaneamente várias línguas, fazer cirurgias comandadas por especialistas a quilômetros de distância. E já há computadores capazes de projetar outros, reproduzindo assim sua própria espécie. Eles resultaram da necessidade de maior rapidez e precisão nos cálculos. Com o desenvolvimento da ciência espacial, não se podem mais subestimar os erros de cálculos por pequenos que sejam. O computador eletrônico representa um progresso comparável aos novos conhecimentos sobre energia nuclear ou às explorações do espaço cósmico. E coube a Leon Bollee criar em 1889, a primeira máquina que fazia multiplicações diretamente e não por adições sucessivas. Em 1890 foi realizado nos Estados Unidos o primeiro recenseamento com o auxílio de um computador, projetado por Herman Hollerith. Desde então os computadores automáticos passaram a ter progressos cada vez mais notáveis, até chegar-se ao computador seqüencial , máquina capaz de efetuar uma longa série de operações sem intervenção do operador. Em 1940, Stabtiz apresenta o primeiro desses computadores, semi- automático. Três anos depois, Howard H.Aiken cria o "Mark I", usado durante a II Guerra Mundial para acelerar os projetos da bomba atômica e dos foguetes teleguiados. Em 1946 surgia o "ENIAC" (Electrônic Numerical Integrator and Calculator), o primeiro computador totalmente eletrônico da história. Fazia 5 mil somas por segundo e pesava 30 toneladas. A partir de 1958 – quando suas volumosas válvulas puderam ser substituídas por transistores de poucos milímetros de diâmetro – foram lançados modelos cada vez mais aperfeiçoados, com maior rapidez de cálculo, maior eficiência e maior economia. Desenvolveu-se também a cibernética, que é a ciência da comunicação e controle no animal e na máquina, foi o conceito introduzido pelo matemático Norbert Wiener. A Cibernética pode ser descrita como uma ciência geral dos organismos, independentemente dos órgãos que os compõem; segundo ela, mediante algum tipo de estímulo é possível descobrir e analisar as dependências matemáticas que relacionam as entradas (input) com as saídas (output) num dado sistema, determinar-lhe a estrutura, bem como realizar a pesquisa de sistemas não conhecidos.
Graças ao progresso da eletrônica, o homem pôde dedicar-se melhor ao trabalho mental. Na verdade, é o sistema nervoso do homens que está sendo substituído pelo controle automático, o qual passa a constituir uma mecanização do cérebro. O controle se diz realmente automático quando as máquinas são construídas de modo a se regularem sozinhas. Nisso elas imitam o comportamento humano, que também é auto-regulado através do processo de retroação ou realimentação (feedback). Esta noção de retroação, típica dos aparelhos automáticos, foi estendida ao comportamento dos animais porque a vida e a própria compreensão intelectual não deixam de ser uma resposta a determinados sinais ou estímulos que vêm de fora e vão para dentro do cérebro, através dos neurônios. Com um sinal – expressão pela qual nos comunicamos com nossos semelhantes – é um fato físico que pode ser medido e controlado, ele pode ser transmitido, sob a forma de impulso magnético, a um cérebro eletrônico ou computador.
Além dos computadores, a cibernética deu origem à teoria da informação, que procura, basicamente, avaliar matematicamente a quantidade de informação contida num determinado sinal, seja ele um estímulo elétrico como no telégrafo ou uma palavra como na comunicação humana. Segundo Norbert Wiener, considerado o pai da cibernética, tanto nos homens como nas máquinas existe uma sistema que recolhe informações do mundo exterior e as utiliza para o funcionamento do aparelho (seja ele vivo ou não), após um processo interior de transformação.

PELÉ - EDSON ARANTES DO NASCIMENTO
Brasil - 23/10/1940 - Quarta-feira

Desde os primórdios da História encontramos o homem ligado a atividades físicas e desportivas. As grandes civilizações ocidentais que nos precederam deixaram em seu acervo cultural vestígios dos mais marcantes esportes de seu período. Assim foi com os Jogos Olímpicos da antiga Grécia, as lutas de gladiadores no Coliseu romano, os torneios de cavalaria e as competições de arco e flecha da Idade Média e agora, no século XX, o esporte da nossa civilização é, sem dúvida, o futebol. E quando se fala em futebol, o nome de Pelé é logo lembrado. Pelé, cidadão do mundo, aclamado em Paris Rei do Futebol e Atleta do Século, jogou em mais de cem países e é admirado em todos os continentes, mas Edson Arantes do Nascimento tem sua vida marcada principalmente por quatro cidades em que morou: Três Corações, Bauru, Santos e Nova York. Edson nasceu na pequena Três Corações, em Minas Gerais e descobriu o futebol em Bauru, mas foi em Santos que iniciou uma carreira de 18 anos seguidos num mesmo clube, despedindo-se em 1974, na Vila Belmiro. Voltou a jogar novamente pelo New York Cosmos em 1975 e parou definitivamente em 1977. Foi no Maracanã que ele estreou na seleção brasileira, aos 16 anos, em 7 de Julho de 1957, fazendo um gol contra a Argentina. Era só o começo de uma seqüência que tornaria lendário o craque da camisa 10, incluindo a conquista dos títulos mundiais de 1958, 1962 e 1970. No Rio, Pelé marcou, em 5 de março de 1961, "o gol de placa", numa jogada maravilhosa pelo Santos contra o Fluminense, que levou o jornal paulista O Esporte a colocar uma placa no estádio para imortalizar aquele gol. Em 1962, também no Maracanã, o Santos de Pelé bateu o Benfica por 3 a 2 e garantiu o primeiro título mundial de clubes alguns dias depois, com 5 a 2 sobre o time português, em Lisboa. O miléssimo gol, numa partida entre Santos e Vasco, em 19 de novembro do ano de 1969, fora mais um dos destaques do fantástico Pelé. Em São Paulo, Pelé comandou vitórias inesquecíveis do Santos, no Pacaembu e no Morumbi. A estréia do garoto Pelé no Santos foi num amistoso contra o Corinthians de Santo André, em 1956. A partir de 1957, o atacante passou a aterrorizar os grandes clubes paulistanos. As vitórias e os títulos se acumulavam e na maioria dos confrontos ele desequilibrava as disputas. A bola sempre foi a sua grande paixão. Com 17 anos tornou-se artilheiro do Campeonato Paulista de 1957 e em nove campeonatos seguidos, até 1965, e voltou a ser artilheiro em 1969 e 1973. No campeonato de 1958, marcou 58 gols. Grande parte do prestígio de Pelé, nos anos 60, foi conquistada em longas excursões do Santos pela América Latina, Europa, Ásia e África. O título de Atleta do Século, ninguém lhe tira. E sua condição de melhor jogador de todos os tempos só será ameaçada se, no próximo milênio, alguém, de algum lugar, ganhar três Copas do Mundo, dois Mundiais de Clubes, dez títulos regionais, marcar mais de mil gols e fizer jogadas fantásticas, daquelas que dão orgulho a quem um dia viu Pelé em campo. Para se ter uma idéia das coisas fantásticas que envolviam Pelé e sua popularidade em todos os cantos do mundo, eis algumas histórias: . O dia em que o árbitro foi expulso - no estádio El Campin, estão em campo Santos e Millionarios. A partida é a grande atração do dia, mas o juiz quase estraga tudo. O árbitro anula um gol seu e o expulsa por reclamação. A torcida, que lota o estádio, ameaça derrubar o alambrado, começa a atirar objetos para dentro do campo e a atear fogo nas arquibancadas. Temendo uma tragédia, a polícia faz com que o juiz saia de fininho, coloca um bandeirinha em seu lugar e promove a volta de Pelé, que marca mais três gols. Resultado final: Santos 5 x 1 Millionarios. . O Xá espera por uma foto com o ídolo - ao voltar de um jogo em Salvador, a aeronave que conduz o time do Santos recebe uma estranha mensagem da torre de controle do Aeroporto de Congonhas. "Nosso espaço aéreo está interditado a todos os aviões para segurança do Xá do Irã." A ordem não é válida para o aivão que traz o Santos. Faz duas horas que o Xá espera sua chegada para conseguir um autógrafo e uma foto ao lado de Pelé. . A estrela brilha na Casa Branca - após dar boas-vindas a Pelé em nome dos Estados Unidos, o presidente Gerard Ford leva o hóspede para o gramado da residência oficial. Entregando uma bola ao jogador, Ford pede: "Mostre-me como se faz." Com mestria, Pelé brinca com a bola, fazendo embaixadas. Ao receber a bola de Pelé, o presidente não consegue imitá-lo. Atento, o atacante brasileiro pede a Ford que mostre como se joga o futebol americano, pois o presidente praticara o esporte no passado. O presidente, então, faz a pose clássica e lança a bola. Pelé, como se também fosse um ex-jogador de futebol americano, agarra a bola no ar e a devolve. Em seguida ao lance, sem prestar a menor atenção ao presidente, um garoto aproxima-se de Pelé e pede um autógrafo. "Você já viu quem é o mais popular entre nós dois aqui", comenta Ford, sorrindo. . John Lennon teve de engolir essa - Assim que o avião em que estava chega ao terminal de passageiros de Tóquio, o ex-lider dos Beatles, John Lennon, vê centenas de fotógrafos pela janela. Logo diz a seu empresário que não está disposto a dar entrevistas e chega a pedir um esquema especial para não ser incomodado. Dessa vez, porém, o trabalho pôde ser esquecido. Ao entrar no carro que fora buscá-lo, o ex-Beatle vê que a agitação não era por causa dele. É então que entende que o fotógrafos aguardam o desembarque de Pelé. Mais tarde, numa entrevista coletiva, Lennon diz: "Eu imaginava que os Beatles eram os mais famosos do mundo, mas só hoje pude me render aos fatos." . Só mesmo ele para parar uma guerra - No ano de 1969 o Santos havia acertado um amistoso com um time da África, em Brazzaville. Só que meses depois, a região está em guerra civil, entre as forças de Kinshasa e Brazzaville. Antes de chegar lá, a delegação passa por Kinshasa e é escoltada por soldados locais, que transferem a guarda para as forças inimigas no meio do rio que separa as duas regiões. No dia seguinte ao jogo, o time volta a Kinshasa e é avisado de que só poderá partir se também jogar naquela cidade. O Santos joga, Pelé recebe muitas homenagens, a equipe segue viagem em paz e, só então, a guerra recomeça.

BOMBA ATÔMICA
Estados Unidos - 16/07/1945 - Segunda-feira

Cinco e trinta da manhã do dia 16 de julho de 1945 (segunda-feira). Um imenso clarão substituiu o sol no deserto de Alamogordo (Novo México), iluminando as montanhas a 16 quilômetro de distância. Súbita onda de calor intenso e, a seguir, um tremendo estrondo ecoou pelo vale. Uma bola de fogo subiu rapidamente, seguida de massas de nuvens em forma de cogumelo que atingiram mais de 12000 metros de altura. A torre de onde partira a detonação, desintegrou-se e a superfície do deserto em redor fundiu-se como vidro num raio de 800 metros. A 10 quilômetros de distância, instalados num abrigo subterrâneo, membros do governo americano que assistiam à explosão da primeira bomba atômica experimental. Era a conseqüência infeliz e desumana de um esforço científico que deveria ter sido apenas aplicado para fins pacíficos. No início de 1939, antes que fosse deflagrada a II Guerra Mundial, um grupo de cientistas residentes nos Estados Unidos tomou conhecimento de que a Alemanha trabalhava no projeto de uma bomba atômica. Esses cientistas vinham tentando várias experiências relacionadas com a desintegração dos átomos de urânio, que levariam à construção do primeiro reator atômico. Sabiam, portanto, do risco que corriam as nações se uma bomba baseada na fissão nuclear fosse usada numa guerra, bem como, as vantagens que teria o país que as dispusesse. Recorreram, então, ao alemão Albert Einstein, o mais ilustre dos cientistas vivos refugiado nos Estados Unidos. Einstein endereçou então uma carta ao Presidente Roosevelt e nela dizia que havia razões para se acreditar que o urânio poderia se tornar uma poderosa fonte de energia e que pesquisas recentes de Fermi e Szilard, nos Estados Unidos, e de Joliot, na França, indicavam claramente que uma reação em cadeia poderia ser realizada, capaz de produzir e liberar grande quantidade de energia. Esta reação, observou o cientista, poderia vir a ser utilizada numa bomba atômica de efeitos devastadores. Muitas descobertas científicas se fizeram por mais de quarenta anos, antes da construção da arma mortífera. Em 1897, J.J.Thomson descobriu o elétron. Em 1910, Rutherford conduziu suas experiências com as partículas alfa, e assim concluiu que o átomo tinha um pesado núcleo positivo, rodeado por pequenas partículas negativas, as quais ele identificou como elétrons. Em 1919, o mesmo Rutherford realizou a primeira reação nuclear. Os nêutrons foram constatados experimentalmente por Chadwick em 1932, e, em 1938, Hahn e Strassmann descobriram a fissão do urânio, usando nêutrons como mísseis. Alertado, o Presidente Roosevelt determinou a constituição do Comitê Consultivo para o Urânio e todas as facilidades e recursos foram colocados à disposição dos cientistas. A 2 de dezembro de 1942 entrou em funcionamento, em Chicago, o primeiro reator atômico. Finalmente, chega o dia de testar tão pavoroso invento contra as populações civis, com o pretexto de acabar com a guerra. O Japão já se achava praticamente derrotado e ainda assim, o governo americano resolveu lança-lo sobre a cidade de Hiroxima. Eram 8h15 da manhã, hora do Japão, de 6 de agosto de 1945 (segunda-feira). A explosão, de força correspondente à de 20.000 toneladas de TNT, devastou instantânea e completamente 10 km2 do coração da cidade de 343 mil habitantes. Deste número, 66 mil foram mortos e 69 mil feridos. Mais de 67% da cidade foi destruída ou seriamente atingida. A segunda bomba caiu às 11h02, hora do Japão, de 9 de agosto de 1945 (quinta-feira), na cidade de Nagasaki. Trinta e nove mil pessoas morreram e vinte e cinco mil ficaram feridas; a destruição atingiu 40% da cidade.

POLIOMIELITE
Estados Unidos - 1955

É uma inflamação da medula espinhal provocada por um certo tipo de vírus. Os vírus são personagens microscópicos, cuja identidade tem sido difícil de classificar. Um dos maiores problemas que os cientistas enfrentam para estuda-los é a sua dimensão: o tamanho médio de um vírus não vai além de 0,2 mícron (cada mícron é igual a um milésimo de milímetro), o que torna necessário o microscópio eletrônico para fotografá-los. Outro sério obstáculo é o fato de os vírus apresentarem uma estrutura cristalina – como as substâncias minerais – e no entanto se reproduzem como seres vivos, por um processo semelhante aos organismos unicelulares. Explorando o fato de serem muito pequenos, causam toda sorte de problemas, que vão desde o resfriado e o sarampo, que todo mundo tem se conseqüências, até as moléstias graves e deformantes, como a varíola e a poliomielite. Assim que penetra no organismo humano, o vírus da pólio encaminha-se para a medula espinhal, que é a parte do sistema nervoso central. Ainda não se sabe direito qual o caminho que ele percorre, mas os cientistas imaginam que, depois de se introduzir no corpo pelas mucosas nasais e pelo tubo digestivo, ele utilize as vias linfáticas para alcançar seu objetivo. A medula parece um cordão branco e fica dentro da coluna dorsal, em ligação com o cérebro. A caixa craniana e o tubo constituído pelas justaposição das vértebras da coluna mantêm-na bem resguardada, ainda assim, os vírus levam a melhor, infiltrando-se pelas juntas até chegar à medula. Num homem adulto, a medula tem cerca de um centímetro de diâmetro e 45 cm de comprimento. Dela partem 31 pares de ramificações nervosas que se dividem progressivamente, formando uma rede que abrange todo o corpo, especialmente os músculos e a pele. Ao separar-se da medula, cada ramificação origina duas raízes: uma, posterior, que trás para a medula as sensações recolhidas pelos órgãos dos sentidos (raiz sensorial) e outra, anterior, cujas fibras conduzem os impulsos de comando da medula aos músculos (raiz motora). A pequena distância da coluna vertebral, as duas raízes se unificam, formando um feixe único de fibras nervosas – o nervo raquidiano. Todas as partes do organismo são percorridas pelos nervos raquidianos, menos o rosto e o crânio. Se cortarmos transversalmente uma medula espinhal, veremos que dentro dela existe uma substância cinzenta, igual à que envolve o cérebro, e notaremos que ela se distribui em formato de H. As extremidades desse H são chamados cornos da medula e correspondem ao ponto onde se originam as raízes anterior e posterior. Os dois cornos anteriores são a sede das células nervosas motoras – os neurônios que são o alvo visado pelo vírus da pólio. A ofensiva contra os neurônios desenvolve-se rapidamente e às vezes termina em poucas horas. Cada grupo de neurônios eliminados altera a mobilidade de uma zona do corpo. Se os vírus destroem somente algumas centenas deles, diminui apenas a atividade muscular, mas não há paralisação. Entretanto, quando são destruídos mais de dois terços das células nervosas que coordenam um determinado músculo, seu movimento cessa por completo. Nos casos em que o ataque do vírus se concentra nos neurônios que comandam o diafragma, o aparelho respiratório se imobiliza e o paciente tem que ser mantido num pulmão de aço, para continuar respirando. Embora antigamente fosse chamada paralisia infantil, a poliomielite não discrimina idade: pode atacar qualquer pessoa. A princípio, o doente não manifesta sintomas extraordinários, a não ser uma febre impertinente, curiosamente baixa. Às vezes aparecem catarro e dor de cabeça, o que leva as pessoas a imaginarem que se trate de uma gripe comum ou uma inflamação de garganta. Ao fim de três dias, costuma haver uma melhora, mas é ilusória. Os primeiros sintomas se acentuam e surgem outros, característicos das infecções por vírus: vômitos, dores nos membros, na nuca e nas costas. Entre o quinto e o décimo dia, revelam-se os primeiros sinais de paralisia. Raramente ocorre a paralisação total: o mais freqüente é a imobilização de alguns setores do corpo. Às vezes a doença costuma regredir e o paciente recobra os movimentos que perdera, mas na maior parte dos casos, a pólio imobiliza extensas áreas do organismo, os quais depois se atrofiam devido à paralisia. Prevenir a pólio é muito mais fácil do que remedia-la. Em 1955, surgiu a primeira vacina, criada pelo médico americano, Jonas Edward Salk. Sob a forma de injeção, era aplicada em três etapas, a intervalos regulares. Após a primeira dose, a possibilidade de contrair a doença diminuía para 40%; com a segunda, para 35%, e com a terceira, para 10%.
Atualmente, o sistema de imunização mais adotado é a vacina Sabin, que utiliza vírus atenuados.

CORRIDA ESPACIAL
União Soviética e Estados Unidos - 1957

Em 1870, após publicar o conto Da Terra à Lua, o francês Julio Verne, afirmou que não passaria um século antes que homem de carne e osso repetisse a formidável façanha conseguida por seus personagens: a conquista da Lua. Passaram-se 99 anos. A conquista do espaço começou com destruição e morte. O cientista alemão Wernher von Braun e sua equipe foram os criadores dos foguetes V-2, que, durante sete meses de 1944, caíram sobre Londres.
Eram terríveis armas capazes de viajar a 5000 quilômetros por hora e acertar seus alvos com impressionante precisão. Em 1945, von Braun e sua equipe transfere-se para os Estados Unidos e levam seus extraordinários conhecimentos sobre a técnica de construir foguetes, poupando anos de pesquisa aos americanos que, em pouco tempo já conseguem fazer subir os seus cada vez mais aperfeiçoados. Von Braun sempre quis ser o Colombo do espaço. Pensava em viagens espaciais, não em armas, quando vendeu sua idéia da V-2 a Hitler e tinha em mente colocar em órbita da Terra um satélite construído por mãos humanas. Na União Soviética, as pesquisas sobre mísseis estavam bem adiantadas e seus poderosos foguetes já levavam cães em cabinas pressurizadas até os limites superiores da atmosfera. Finalmente, a 4 de outubro de 1957 (sexta-feira) que pela primeira vez o homem manda para o espaço o primeiro satélite artificial da Terra: os soviéticos lançavam o Sputnik I. Um mês depois, repetiram a dose, com o Sputnik II. A 1º de fevereiro de 1958 (sábado), os americanos mandaram o seu Explorer: estava iniciada a corrida espacial. Desde então, mais de 500 satélites foram lançados por foguetes americanos, soviéticos, franceses, ingleses, chineses e japoneses. Hoje, ao redor da Terra, viajam os mais diversos tipos de satélites, em forma, peso e tamanho, com os mais diversos objetivos: meteorológicos, de observação e registro de fenômenos espaciais, de comunicação e militares. Há ainda os satélites que estão circulando a lua, o sol e aproximando-se dos planetas. Em 12 de abril de 1961, girando em órbita a 28.800 km/h, a nave espacial do major soviético Iúri Gagárin inaugurava um novo capítulo na história astronáutica: as viagens do homem ao cosmo. Depois de completarem em 108 minutos uma volta ao redor do globo, a Vostok volta tranquilamente à Terra. Gagárin trazia mais informações, além da poética descrição da Terra: "Eu vejo a Terra. Ela é azul". Fora o primeiro a experimentar a sensação de ausência absoluta de peso e suas consequências físicas para o organismo humano. Começava com Gagárin uma longa série de vôos espaciais, cada vez mais ousados. Saídas de astronautas para "passeios" em pleno espaço, encontro de naves em órbita, manobras de engate e desengate e quando a Lua parecia estar bem perto de ser conquistada definitivamente, a tragédia deixou sua marca e seu sinal de advertência: a 26 de janeiro de 1967, os tripulantes da Apollo-6 morreram na explosão da cápsula. Três meses depois, um soviético morria na explosão de um retrofoguete. No dia 04 de fevereiro de 1966 (sexta-feira), o satélite soviético Luna IX conseguiu pousar suavemente na Lua, após uma viagem de 384 mil quilômetros. Visitante indiscreto, o Luna imediatamente começou a contar às estações telerreceptoras da Terra tudo o que conseguia descobrir, coisas que nem os telescópios podiam informar com segurança. Depois do Luna, inúmeros engenhos pousaram no solo lunar e fotografaram a lua sob todos os ângulos. Os soviéticos haviam conseguido dois êxitos que pareciam indicar sua intenção de mandar homens para ver o satélite de perto: em setembro de 1968, sua Zond-5, levando moscas e sementes fizera com perfeição a viagem Terra-Lua-Terra; em novembro, a Zond-6 repetira a proeza, com tartarugas a bordo. E em dezembro de 1968 os americanos enviaram três astronautas que chegaram bem perto da Lua, num vôo preciso. Finalmente, o homem estava pronto para realizar a maior aventura de todos os tempos. Depois de um vôo de quase quatro dias, Neil Armstrong e Edwin Aldrin, com a Apollo-11 já girando em órbita lunar, despediram-se de seu companheiro Michael Collins e, através do estreito túnel de comunicação, passaram para o corpo do Módulo Lunar (a águia). Sozinho na nave-mãe (a Columbia), Michael acionou os dispositivos que libertaram os mecanismo de engate das duas naves, e continuou em órbita lunar. A Águia desprendeu-se, iniciando a viagem até a Lua. Dezenove minutos depois, o Módulo descia suavemente no mar da Tranquilidade. Era o dia 20 de Julho de 1969 (domingo). A Lua estava conquistada. O homem realizara seu grande sonho e os proveitos da aventura já estavam sendo colhidos até mesmo antes que ela se completasse, pois muita pesquisa foi necessária para torná-la possível. Para controlar lançamentos de satélites, sondas e naves, eram essenciais computadores altamente aperfeiçoados. Esses materiais passariam a ter milhares de aplicações diferentes, na própria Terra. As comunicações deram um grande salto; o mundo ficou menor depois que os satélites espaciais serviram de elevadas antenas retransmissoras de canais de rádio, televisão e telex. Do extraoordinário esforço desenvolvido por físicos, químicos, matemáticos, engenheiros, médicos, biólogos, astrônomos, técnicos em comunicação, todos os campos se beneficiaram. As ciências avançaram séculos, em alguns anos.

LASER
Estados Unidos - 1960

Foi Theodore Maiman quem construiu o primeiro aparelho emissor de raios laser no ano de 1960. O laser é uma amplificação da luz pela emissão estimulada de radiação. Antes disso, no ano de 1954, na Universidade de Colúmbia, os cientistas colocaram gás de amônia em um tubo metálico e obtiveram microondas de forma não usual e ao aparelho deu-se o nome de maser (amplificação de microondas pela emissão estimulada de radiação). Nesse momento ficou provado que era possível ampliar a energia, estimulando artificialmente a radiação. O funcionamento do laser de rubi, do tipo que Maiman empregou, é bastante simples. Dentro do aparelho, há um cilindro de cristal de rubi sintético, que tem suas bases polidas e espelhadas. Uma delas é totalmente refletora, enquanto a outra é parcialmente transparente. Enrolado como uma serpentina, em torno desse cilindro, há um tubo de flash eletrônico. Ao ser descarregado, o flash emite intensa luminosidade e ao serem atingidos por esses fótons – que têm energia adequada -, os átomos de cromo existentes dentro do cilindro de rubi ficam agitados, saltando para níveis de energia superiores aos normais, tornando-se excitados. Mas, em tempo extremamente curto, esses átomos passam a um novo estado de equilíbrio (metaestável) e durante essa passagem, ocorre uma situação inesperada: os átomos no estado metaestável, isto é, ainda excitados, embora menos que no impulso inicial, passam a ser maioria e emitem fótons e os novos fótons percorrem todo o comprimento do cilindro, em movimento de vaivém. Nesse caminho vão atingindo átomos metaestáveis; e, quando um átomo metaestável é atingido por um desses fótons, ele retorna mais rapidamente ao equilíbrio, liberando simultaneamente dois fótons: um correspondente à nova perturbação; e o outro, normal, da volta ao equilíbrio. Dessa forma, vão-se liberando novos fótons, que por sua vez agirão sobre átomos excitados, e assim sucessivamente, de tal forma, que geram uma cascata luminosa, que ocorre entre os espelhos de uma ponta à outra, fazendo milhões de vezes o percurso de ida e volta. Isso, até que a luz vermelha dentro do cilindro de rubi fica tão intensa que irrompe pelo espelho semitransparente, sob a forma de uma pulsação de luz poderosíssima: o raio laser. Ainda não foram descobertos todos os problemas para os quais o laser é a solução. Portanto, o campo de aplicações do raio laser está longe de ser esgotado. É usado em astronomia para medir distâncias com precisão de centímetros. Na cirurgia, é aplicado para soldas de tecidos, em operações de garganta e tratamento de deslocação de retina. Com o calor produzido, é possível coagular pequenos vasos sangüíneos e queimar tumores e tecidos indesejáveis. O "bisturi-laser" cauteriza rapidamente corte em tecidos vivos, evitando assim, as hemorragias e as infecções. Em centenas de processos industriais serve como instrumento de perfuração, de corte ou de solda. Em química, em certas reações, substitui com eficiência o calor produzido por sistemas convencionais. A cada dia, o laser estende seu alcance a praticamente todos os campos de atividade.

BEATLES
Inglaterra - 1960

Grupo de rock inglês composto por quatro instrumentistas que representa um marco do movimento de renovação musical. Começaram a carreira em um barzinho subterrâneo num subúrbio de Londres. Seu estilo de tocar e de se apresentar foi imitado por jovens bandas em todo o mundo. Seus integrantes: Paul Mac Cartney – cantor e compositor; George Harrison – guitarrista; Ringo Star – baterista e John Lennon – guitarrista, que foi assassinado por um fanático.

AYRTON SENNA DA SILVA
Brasil - 21/03/1960 - Segunda-feira
01/05/1994 – Domingo

Piloto de Fórmula 1 brasileiro, tricampeão mundial. Conquistou os campeonatos nos anos de 1988, 1990 e 1991. Largou 65 vezes na frente (pole position). Obteve 41 vitórias em 161 GPs disputados. Perfeccionista, sempre mostrou capacidade para superar todos os limites de cada circuito e de cada carro que pilotou. Quando conquistou o tricampeonato em 91, Ayrton Senna transformou-se no maior ídolo do automobilismo brasileiro. O piloto cumpriu uma carreira meteórica rumo ao sucesso a partir de 1981, quando decidiu abandonar as competições de Kart – em que foi campeão sul-americano e vice-campeão mundial – para entrar na Fórmula 2000 e na F-3 inglesa. Em Silverstone, na Inglaterra, em 1983, Senna acumulou 12 vitórias em 20 etapas. Ayrton Senna pilotou um F-1 pela primeira vez em 1983, em Donnington. No final daquele ano assinava com a Toleman para o seu primeiro campeonato de F-1, em 1984. A estréia foi no GP do Brasil. Mas foi na corrida seguinte, na África do Sul, que Senna pontuou pela primeira vez, ao chegar em 6° lugar. Seu pior momento na temporada foi quando não se classificou para largar no GP de San Marino. Ainda em sua primeira temporada, começou a ganhar fama de "rei da chuva". No chuvoso GP de Mônaco, largou em 13° e foi ultrapassando os adversários. Na 31ª volta, quando era o segundo colocado, a corrida foi suspensa porque o circuito estava muito perigoso. Um ano mais tarde, em 1985, já pela escuderia Lotus, ganhou sua primeira corrida de F-1, no GP de Estoril, embaixo de um verdadeiro dilúvio. Em 85, 86 e 87, na Lotus, chegou a pontuar, mas não teve carro para derrotar os adversários. Em 1988, já na McLaren-Honda, conquistou o seu primeiro título. Naquele ano a equipe conseguiu 15 vitórias em 16 corridas, oito delas com Senna. Em 1989, teve uma temporada difícil. Foram muitos os problemas de convivência com Prost. Senna perdeu o título mundial, se envolveu em um acidente com Prost no GP do Japão e em uma polêmica com a FISA ao denunciar "manipulação de resultados". Teve que se desculpar com o presidente da entidade para correr a temporada de 1990, quando foi bicampeão. Em 1991 conquistou o tricampeonato. Os ano de 1992 e 1993 foram marcados pela luta desigual entre as Mclaren e as Willians e em outubro assinou contrato com a equipe Willians para a temporada seguinte. Senna disputou poucas provas pela nova equipe e acabou encontrando a morte, batendo a 280 km/h contra o muro da curva Tamburello, no GP de San Marino. Ele era o pole position, mas logo na largada acontece um acidente entre dois carros e a pista precisa ser limpa. Completada a quinta volta, é autorizado o reinício da corrida. Senna estava na frente. Duas voltas mais tarde a tragédia: a Willians escapa da pista e bate violentamente no muro.

INTERNET
Estados Unidos - 1969

A Internet surgiu com apenas uma rede, denominada ARPANET, que é considerada a "Mãe da Internet". Foi uma experiência do governo dos Estados Unidos em redes com computadores de pacotes. A ARPA, a agência de projetos de pesquisa avançada do departamento de defesa dos Estados Unidos (que posteriormente passou a se chamar DARPA), no início permitia que os pesquisadores acessassem os centros de computação, permitindo que eles compartilhassem recursos de hardware e de software, como espaço em disco, bancos de dados e computadores. Outras redes experimentais, que utilizavam ondas de rádio e satélites, foram conectadas à ARPANET através de uma tecnologia de interconexão criada pela DARPA. No início da década de 80, a ARPANET original foi dividida em duas redes, a ARPANET e a Milnet (uma rede militar), mas a comunicação continuou sendo feita devido às conexões. Nos primeiros anos, o acesso à ARPANET se limitava a empresas ligadas à defesa militar e as universidades que faziam pesquisas militares. As redes cooperativas e descentralizadas, como a UUCP, uma rede de comunicações UNIX, e a USENET (User's Network) surgiram no final dos anos 70, inicialmente servindo à comunidade universitária e depois a organizações comerciais. No final dos anos 80, mais redes coordenadas, como a CSNET (Computer Science Network) e a BITNET, começaram a oferecer conexões em âmbito mundial para as comunidades acadêmicas e de pesquisa. Essas redes não faziam parte da Internet, mas posteriormente foram criadas conexões especiais para permitir a troca de informações entre diversas comunidades.
O próximo grande momento da história da Internet foi a criação da NSFNET (National Science Foundation), em 1986, que ligava pesquisas feitas em todo o país a cinco centros de supercomputadores. Logo ela se expandiu e passou a conectar redes acadêmicas federais e redes de nível intermediário que ligavam universidades e centros de pesquisa. O Passo seguinte foi começar a substituir a ARPANET como rede de pesquisa. Na época que a NSFNET foi criada, a Internet começou a crescer, mostrando seus ganhos exponenciais em número de redes, participantes e computadores. Redes semelhantes se espalharam pelo mundo e eram conectadas às redes americanas. A febre da Internet continua crescendo, sempre à medida que mais e mais organizações se misturam a suas redes. Hoje, crianças e velhos, pobres e ricos, seja nas cidades ou no campo, estão se comunicando cada vez mais.

AIDS
Estados Unidos - 1981

A Síndrome da Imunodeficiência adquirida (AIDS) foi reconhecida em meados de 1981, nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São Francisco ou Nova York, que apresentavam sarcoma de Kaposi, pneumonia por Pneumocystis carinii e comprometimento do sistema imune, o que levou à conclusão de que se tratava de uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e transmissível. Em 1983, o HIV-1 foi isolado de pacientes com AIDS pelos pesquisadores Luc Montaigner, na França, e Robert Gallo, nos EUA, recebendo os nomes de LAV (Lymphadenopathy Associated Virus ou Virus Associado à Linfadenopatia) e HTLV-III (Human T-Lymphotrophic Virus ou Vírus T-Linfotrópico Humano tipo III) respectivamente nos dois países. Em 1986, foi identificado um segundo agente etiológico, também retrovírus, com características semelhantes ao HIV-1, denominado HIV-2. Nesse mesmo ano, um comitê internacional recomendou o termo HIV (Human Immunodeficiency Virus ou Vírus da Imunodeficiência Humana) para denominá-lo, reconhecendo-o como capaz de infectar seres humanos. O HIV é um retrovírus com genoma RNA, da família Lentiviridae. Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e não-oncogênicos que necessitam, para multiplicar-se, de uma enzima denominada transcriptase reversa, responsável pela transcrição do RNA viral para uma cópia DNA, que pode, então, integrar-se ao genoma do hospedeiro.
Embora não se saiba ao certo qual a origem do HIV-1 e 2 , sabe-se que uma grande família de retrovírus relacionados a eles está presente em primatas não-humanos, na África sub-Sahariana. Todos os membros desta família de retrovírus possuem estrutura genômica semelhante, apresentando homologia em torno de 50%. Além disso, todos têm a capacidade de infectar linfócitos através do receptor CD4. Aparentemente, o HIV-1 e o HIV-2 passaram a infectar o homem há poucas décadas; alguns trabalhos científicos recentes sugerem que isso tenha ocorrido entre os anos 40 e 50. Numerosos retrovírus de primatas não-humanos encontrados na África têm apresentado grande similaridade com o HIV-1 e com o HIV-2. O vírus da imunodeficiência símia (SIV), que infecta uma subespécie de chimpanzés africanos, é 98% similar ao HIV-1, sugerindo que ambos evoluíram de uma origem comum. Por esses fatos, supõe-se que o HIV tenha origem africana. Ademais, diversos estudos sorológicos realizados na África, utilizando amostras de soro armazenadas desde as décadas de 50 e 60, reforçam essa hipótese. O HIV é bastante fraco no meio externo, sendo inativado por uma variedade de agentes físicos (calor) e químicos (hipoclorito de sódio, glutaraldeído). Em condições experimentais controladas, as partículas virais intracelulares parecem sobreviver no meio externo por até, no máximo, um dia, enquanto que partículas virais livres podem sobreviver por 15 dias, à temperatura ambiente, ou até 11 dias, a 37ºC. Recentemente, têm sido descritas, ainda, variantes genômicas (subtipos), tanto de HIV-1 quanto de HIV-2, em pacientes infectados procedentes de diferentes regiões geográficas. Embora ainda não conhecida, especula-se a possibilidade de variantes virais possuírem diferentes índices de transmissibilidade e/ou patogenicidade.

FORMAS DE TRANSMISSÃO

As principais formas de transmissão do HIV são: sexual, sanguínea (em receptores de sangue ou hemoderivados e em usuários de drogas injetáveis), vertical (da mãe para o filho, durante a gestação, parto ou por aleitamento). Além dessas formas, mais freqüentes, também pode ocorrer a transmissão ocupacional, ocasionada por acidente de trabalho, em profissionais da área da saúde que sofrem ferimentos com instrumentos pérfuro- cortantes contaminados com sangue de pacientes infectados pelo HIV.

Sexual
A principal forma de exposição em todo o mundo é a sexual, sendo que a transmissão heterossexual, nas relações sem o uso de preservativo é considerada pela OMS – Organização Mundial de Saúde como a mais freqüente. Na África sub-Sahariana, é a principal forma de transmissão. Nos países desenvolvidos, a exposição ao HIV por relações homossexuais ainda é a responsável pelo maior número de casos, embora as relações heterossexuais estejam aumentando proporcionalmente como uma tendência na dinâmica da epidemia. Os fatores que aumentam o risco de transmissão do HIV em uma relação heterossexual são: alta viremia, imunodeficiência avançada, relação anal receptiva, relação sexual durante a menstruação e presença de outra DST – doença sexualmente transmissível, principalmente as ulcerativas. Sabe-se hoje que as úlceras resultantes de infecções sexualmente transmissíveis como cancro mole, sífilis e herpes genital, aumentam muito o risco de transmissão do HIV.

Sangüínea
A transmissão sangüínea associada ao uso de drogas injetáveis é um meio muito eficaz de transmissão do HIV, devido ao uso compartilhado de seringas e agulhas. Essa via de transmissão adquire importância crescente em várias partes do mundo, como na Ásia, América Latina e no Caribe. A transmissão mediante transfusão de sangue e derivados é cada vez menos relevante nos países industrializados e naqueles que adotaram medidas de controle da qualidade do sangue utilizado, como é o caso do Brasil.

Vertical
A transmissão vertical, decorrente da exposição da criança durante a gestação, parto ou aleitamento materno, vem aumentando devido à maior transmissão heterossexual. Na África, são encontradas as maiores taxas desta forma de infecção pelo HIV, da ordem de 30 a 40%; entretanto, em outras partes do mundo, como na América do Norte e Europa, situam-se em torno de 15 a 29%. Os principais motivos dessa diferença devem-se ao fato de que, na África, a transmissão heterossexual é mais intensa, e que neste continente, o aleitamento materno é muito mais freqüente do que nos países industrializados. A transmissão intra-uterina é possível em qualquer fase da gravidez; porém é menos freqüente no primeiro trimestre. As infecções ocorridas nesse período não têm sido associadas a malformações fetais. O risco de transmissão do HIV da mãe para o filho pode ser reduzido em até 67% com o uso de AZT durante a gravidez e no momento do parto, associado à administração da mesma droga ao recém-nascido por seis semanas. Um estudo realizado nos Estados Unidos demonstrou redução na transmissão vertical com o uso de AZT durante a gravidez. A transmissão pelo leite materno é evitada com o uso de leite artificial ou de leite humano processado em bancos de leite, que fazem aconselhamento e triagem das doadoras.

Ocupacional
A transmissão ocupacional ocorre quando profissionais da área da saúde sofrem ferimentos com instrumentos pérfuro-cortantes contaminados com sangue de pacientes portadores do HIV. Estima-se que o risco médio de contrair o HIV após uma exposição percutânea a sangue contaminado seja de aproximadamente 0,3%. Nos caso de exposição de mucosas, esse risco é de aproximadamente 0,1%. Os fatores de risco já identificados como favorecedores deste tipo de contaminação são: a profundidade e extensão do ferimento, a presença de sangue visível no instrumento que produziu o ferimento, o procedimento que resultou na exposição e que envolveu a colocação da agulha diretamente na veia ou artéria de paciente portador de HIV e, finalmente, o paciente fonte da infecção mostrar evidências de imunodeficiência avançada, ser terminal ou apresentar carga viral elevada.

Outras possíveis formas de transmissão
Embora o vírus tenha sido isolado de vários fluidos corporais, como saliva, urina, lágrimas, somente o contato com sangue, sêmen, secreções genitais e leite materno têm sido implicados como fontes de infecção. O risco da transmissão do HIV por saliva foi avaliado em vários estudos laboratoriais e epidemiológicos. Esses estudos demonstraram que a concentração e a infectividade dos vírus da saliva de indivíduos portadores do HIV é extremamente baixa. Até o momento, não foi possível evidenciar, com segurança, nenhum caso de infecção por HIV adquirido por qualquer das seguintes vias teóricas de transmissão: contato interpessoal não-sexual e não- percutâneo (contato casual), vetores artrópodes (picadas de insetos), fontes ambientais (aerossóis, por exemplo) e objetos inanimados (fômites), além de instalações sanitárias. Conclui-se que formas alternativas de transmissão são altamente improváveis, e que a experiência cumulativa é suficientemente ampla para se assegurar enfaticamente que não há qualquer justificativa para restringir a participação de indivíduos infectados nos seus ambientes domésticos, escolares, sociais ou profissionais.

PREVENÇÃO E CONTROLE

As principais estratégias de prevenção empregadas pelos programas de controle envolvem: a promoção do uso de preservativos, a promoção do uso de agulhas e seringas esterilizadas ou descartáveis, o controle do sangue e derivados, a adoção de cuidados na exposição ocupacional a material biológico e o manejo adequado das outras DST.

Preservativos
Os preservativos masculinos e femininos são a única barreira comprovadamente efetiva contra o HIV, e o uso correto e consistente deste método pode reduzir substancialmente o risco de transmissão do HIV e das outras DST.

Prevenção em usuários de drogas injetáveis (UDI)
Desde 1986, ficou claro que os UDI representavam um grupo focal particularmente importante, devido ao risco específico de ocorrência de epidemias de HIV nesta população, e ao potencial de representarem a interface através da qual a infecção por HIV se difundiria para a população heterossexual não usuária de drogas e consequentemente para as crianças.

Exposição ocupacional
Embora alguns tipos de exposição acidental, como o contato de sangue ou secreções com mucosas ou pele íntegra teoricamente possam ser responsáveis por infecção pelo HIV, os seus riscos são insignificantes quando comparados com a exposição percutânea, através de instrumentos pérfuro-cortantes.

ASPECTOS CLÍNICOS
A infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases clínicas: 1) infecção aguda; 2) fase assintomática, também conhecida como latência clínica; 3) fase sintomática inicial ou precoce; e 4) aids.

Infecção aguda
A infecção aguda, também chamada de síndrome da infecção retroviral aguda ou infecção primária, ocorre em cerca de 50% a 90% dos pacientes. Seu diagnóstico é pouco realizado devido ao baixo índice de suspeição, sendo, em sua maioria, retrospectivo. O tempo entre a exposição e os sintomas é de cinco a 30 dias. A história natural da infecção aguda caracteriza-se tanto por viremia elevada, como por resposta imune intensa. Existem evidências de que a imunidade celular desempenha papel fundamental no controle da viremia na infecção primária.
Os sintomas aparecem durante o pico da viremia e da atividade imunológica. Além de sintomas de infecção viral, como febre, adenopatia, faringite, mialgia, artralgia, rash cutâneo maculopapular eritematoso, ulcerações muco-cutâneas envolvendo mucosa oral, esôfago e genitália, hiporexia, adinamia, cefaléia, fotofobia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, náuseas e vômitos; os pacientes podem apresentar candidíase oral, neuropatia periférica, meningoencefalite asséptica e síndrome de Guillain-Barré. Os sintomas duram, em média, 14 dias, sendo o quadro clínico autolimitado. A ocorrência da síndrome de infecção retroviral aguda ou a persistência dos sintomas por mais de 14 dias parecem estar relacionadas com a evolução mais rápida para aids.

Fase assintomática
Na infecção precoce pelo HIV, também conhecida como fase assintomática, o estado clínico básico é mínimo ou inexistente. Alguns pacientes podem apresentar uma linfoadenopatia generalizada persistente, "flutuante" e indolor. Portanto, a abordagem clínica nestes indivíduos no início de seu seguimento prende-se a uma história clínica prévia, investigando condições de base como hipertensão arterial sistêmica, diabetes, doenças hepáticas, renais, pulmonares, intestinais, doenças sexualmente transmissíveis, tuberculose e outras doenças endêmicas, doenças psiquiátricas, uso prévio ou atual de medicamentos, enfim, situações que podem complicar ou serem agravantes em alguma fase de desenvolvimento da doença pelo HIV. A história familiar, hábitos de vida, como também uma avaliação do perfil emocional e psicossocial do paciente, seu nível de entendimento e orientação sobre a doença são extremamente importantes.

Fase sintomática inicial
Sudorese noturna: é queixa bastante comum e tipicamente inespecífica entre os pacientes com infecção sintomática inicial pelo HIV. Pode ser recorrente e pode ou não vir acompanhada de febre. Nessa situação deve ser considerada a possibilidade de infecção oportunista, particularmente tuberculoses, lançando-se mão de investigação clínica e laboratorial específicas. Fadiga: também é freqüente manifestação da infecção sintomática inicial pelo HIV e pode ser referida como mais intensa no final de tarde e após atividade física excessiva. Fadiga progressiva e
debilitante deve alertar para a presença de infecção oportunista, devendo ser sempre pesquisada. Emagrecimento: é um dos mais comuns entre os sintomas gerais associados com infecção pelo HIV. Geralmente encontra-se associado a outras condições como anorexia. A associação com diarréia aquosa o faz mais intenso. Diarréia: consiste em manifestação freqüente da infecção pelo HIV desde sua fase inicial. Determinar a causa da diarréia pode ser difícil e o exame das fezes para agentes específicos se faz necessário. Sinusopatias: sinusites e outras sinusopatias ocorrem com relativa freqüência entre os pacientes com infecção pelo HIV. A forma aguda é mais comum no estágio inicial da doença pelo HIV, incluindo os mesmos agentes considerados em pacientes imunocompetentes. Outros agentes e fungos têm sido achados em sinusite aguda, porém seu comprometimento em sinusites crônicas é maior. Febre, cefaléia, sintomas locais, drenagem mucopurulenta nasal fazem parte do quadro.
Candidíase Oral e Vaginal (inclusive a recorrente): a candidíase oral é a mais comum infecção fúngica em pacientes portadores do HIV e apresenta-se com sintomas e aparência macroscópica característicos. A forma pseudomembranosa consiste em placas esbranquiçadas removíveis em língua e mucosas que podem ser pequenas ou amplas e disseminadas. Já a forma eritematosa é vista como placas avermelhadas em mucosa, palato mole e duro ou superfície dorsal da língua. A queilite angular, também freqüente, produz eritema e fissuras nos ângulos da boca. Mulheres HIV+ podem apresentar formas extensas ou recorrentes de candidíase vulvo-vaginal, com ou sem acometimento oral, como manifestação precoce de imunodeficiência pelo HIV, bem como nas fases mais avançadas da doença. Leucoplasia Pilosa Oral: é um espessamento epitelial benigno causado provavelmente pelo vírus Epstein-Barr, que clinicamente apresenta-se como lesões brancas que variam em tamanho e aparência, podendo ser planas ou em forma de pregas, vilosidades ou projeções. Ocorre mais freqüentemente em margens laterais da língua, mas podem ocupar localizações da mucosa oral: mucosa bucal, palato mole e duro. Gengivite: a gengivite e outras doenças periodontais pode manifestar-se de forma leve ou agressiva em pacientes com infecção pelo HIV, sendo a evolução rapidamente progressiva, observada em estágios mais avançados da doença, levando a um processo necrotizante acompanhado de dor, perda de tecidos moles periodontais, exposição e seqüestro ósseo. Úlceras Aftosas: em indivíduos infectados pelo HIV é comum a presença de úlceras consideravelmente extensas, resultantes da coalescência de pequenas úlceras em cavidade oral e faringe, de caráter recorrente e etiologia não definida. Resultam em grande incômodo produzindo odinofagia, anorexia e debilitação do estado geral com sintomas constitucionais acompanhando o quadro. Herpes Simples Recorrente: a maioria dos indivíduos infectados pelo HIV é co-infectada com um ou ambos os tipos de vírus herpes simples, sendo mais comum a evidência de recorrência do que infecção primária. Embora o HSV-1 seja responsável por lesões orolabiais e o HSV-2 por lesões genitais, os dois tipos podem causar infecção em qualquer sítio. Geralmente a apresentação clínica dos quadros de recorrência é atípica ao comparar-se aos quadros em indivíduos imunocompetentes, no entanto, a sintomatologia clássica pode manifestar-se independente do estágio da doença pelo HIV. Herpes Zoster: de modo similar ao que ocorre com o HSV em pacientes com doença pelo HIV, a maioria dos adultos foi previamente infectada pelo vírus varicela zoster, desenvolvendo episódios de herpes zoster freqüentes. Trombocitopenia: na maioria das vezes é uma anormalidade hematológica isolada com um número normal ou aumentado de megacariócitos na medula óssea e níveis elevados de imunoglobulinas associadas a plaquetas, síndrome clínica chamada púrpura trombocitopênica imune. Clinicamente, os pacientes podem apresentar somente sangramentos mínimos como petéquias, equimoses e ocasionalmente epistaxes.

Doenças oportunistas
São doenças que se desenvolvem em decorrência de uma alteração imunitária do hospedeiro. Estas são geralmente de origem infecciosa, porém várias neoplasias também podem ser consideradas oportunistas. As infecções oportunistas (IO) podem ser causadas por microrganismos não considerados usualmente patogênicos, ou seja, não capazes de desencadear doença em pessoas com sistema imune normal. Entretanto, microrganismos normalmente patogênicos também podem, eventualmente, ser causadores de IO. Porém, nesta situação, as infecções necessariamente assumem um caráter de maior gravidade ou agressividade para serem consideradas oportunistas.
As doenças oportunistas associadas à aids são várias, podendo ser causadas por vírus, bactérias, protozoários, fungos e certas neoplasias,
TRATAMENTO
Existem, até o momento, duas classes de drogas liberadas para o tratamento anti-HIV que são os inibidores da transcriptase reversa (drogas que inibem a replicação do HIV bloqueando a ação da enzima transcriptase reversa que age convertendo o RNA viral em DNA) e os inibidores da protease (drogas agem no último estágio da formação do HIV, impedindo a ação da enzima protease que é fundamental para a clivagem das cadeias protéicas produzidas pela célula infectada em proteínas virais estruturais e enzimas que formarão cada partícula do HIV).

OVELHA DOLY – CLONAGEM
Inglaterra - 24/02/1997 - Segunda-feira

Numa façanha que pode ser uma das operações de engenharia genética mais previstas e mais temidas do que qualquer outra, um grupo de pesquisadores da Inglaterra conseguiu fazer pela primeira vez o clone de um mamífero adulto usando o DNA. Essa conquista deixou surpresos outros pesquisadores importantes, segundo os quais isso era algo impossível. Os pesquisadores supunham que o DNA de células adultas não agiria como o DNA formado quando o gene de um espermatozóide se mistura pela primeira vez com o gene de um óvulo. Teoricamente, dizem os pesquisadores, a nova técnica poderá ser usada para criar um ser humano geneticamente idêntico – uma espécie de gêmeo atrasado no tempo. Essa perspectiva levanta as mais espinhosas questões éticas e filosóficas. A experiência de Ian Wilmut foi simples. Uma célula mamária foi retirada de uma ovelha adulta e seu DNA preparado para que fosse aceito por um óvulo de outra ovelha. Depois os cientistas retiraram o DNA próprio desse óvulo, substituindo-o pelo DNA da ovelha adulta por meio da fusão do óvulo com a célula adulta. As células fundidas, que traziam o DNA adulto, começaram a crescer e dividir-se, exatamente como um óvulo fertilizado, perfeitamente normal, para formar um embrião. Wilmut implantou o embirão em outra ovelha: em julho de 1996 e ela pariu um filhote chamado Dolly. Embora Dolly pareça perfeitamente normal, os testes de DNA mostram que ele é o clone da ovelha adulta que forneceu seu DNA. As justificativas dos cientistas se baseiam no fato de que, com essa nova técnica, pode-se produzir mais produtos destinados à saúde; estudar as doenças genéticas para as quais ainda não existe cura e ainda fazer cópias múltiplas de animais excelentes na produção de carne, leite ou lã. O anúncio da primeira clonagem de um animal adulto provocou polêmica no mundo todo e reacendeu o temor de médicos, especialistas em ética e religiosos sobre a produção de "frankensteins" em série. O receio de todos, é que essas novas técnicas científicas estarão ao alcance de todos os cientistas do mundo, independente de suas restrições morais. A ovelha foi batizada em homenagem à cantora de música country norte-americana Dolly Parton. O criador, Ian Wilmut, disse que a idéia surgiu porque ele utilizou células das glândulas mamárias para criar Dolly. "É difícil imaginar glândulas mamárias tão impressionantes como as de Parton", disse. Em 1999, cientistas notaram que as células de seu corpo mostravam sinais de envelhecimento precoce. Em 2002 foi anunciado que ela desenvolveu artrite, aumentando o debate sobre as consequências da clonagem. O Instituto Roslin, na Escócia, informou que foi preciso sacrificá-la (14/02/03) após ser diagnosticada uma doença pulmonar progressiva. Uma ovelha pode viver de 11 a 12 anos. Infecções como a verificada na Dolly são comuns em animais mais velhos, de acordo com o instituto. "Um exame pós-morte será conduzido e nós anunciaremos quaisquer descobertas", afirmou o diretor do centro, Harry Griffin.

PROJETO GENOMA – O CÓDIGO GENÉTICO

Estados Unidos e Inglaterra - 27/06/2000 - Terça-feira O genoma humano foi mapeado e sua sequência estabelecida pela primeira vez na história da humanidade. O impacto no conhecimento foi comparado ao da descoberta da América, em 1492, da chegada do homem à Lua, em 1969, e da invenção do microprocessador, em 1970. O genoma é um conjunto de instruções para construir um ser humano e está contido no núcleo de cada célula, organizado em 23 pares de cromossomos. Cada cromossomo, carrega milhares de genes (sequência de letras A,T,C e G com a receita de uma proteína específica), que são os trechos específicos de DNA (ácido desoxirribonucléico – molécula em formato de escada torcida – composta por pares de bases nitrogenadas), onde se encontram instruções hereditárias específicas. O código de instruções compõe-se de quatro letras químicas, as bases nitrogenadas A,T,C e G (adenina, timina. Citosina e guanina) e um erro (mutação) nas sequências, pode resultar numa doença. O evento deve revolucionar a medicina nos próximos anos e os cientistas tentarão desenvolver tratamentos que atuem nos genes envolvidos em determinadas doenças ou criar um remédio baseado na função da célula que faz com as pessoas não tenham o mal, ou mesmo, evitar já na infância, que determinadas doenças apareçam. A finalização de um rascunho com mais de 90% dos 3 bilhões de letras do código genético humano, promete a era da biomedicina de precisão. Com esse conhecimento, cientistas podem, em teoria, desvendar os mecanismos moleculares de todas as aflições do corpo. Antes, é preciso entender como o DNA é afetado pelas informações do ambiente em que interagem os organismos, do útero à sociedade. Pouquíssimos genes – as palavras de DNA contidas no genoma – foram já identificados. Mais raros ainda são aqueles cuja mutações estão descritas com detalhe, ou como essa falha de ortografia genética contribuem para o caos bioquímico que se acredita estar por trás de doenças como o câncer. São provavelmente mais de 40 mil os genes usados pelo corpo humano para produzir outro tanto de proteínas, torrente de sinais que normalmente resultam na sinfonia a que se dá o nome de saúde. Um dos genes mais conhecidos é o BRCA1 e as 5.711 letras A,T,C e G representam, cada uma, uma substância enfileirada na longa molécula em forma de escada torcida do DNA. Mais de 500 tipos de mutações já foram descobertas no BRCA1, cujos defeitos estão associados ao câncer de mama e ao de ovário em 60% dos casos hereditários. Nem por isso a ciência foi capaz de produzir uma cura, embora tenha contribuído enormemente para refinar diagnósticos. Na maioria dos casos, informação genética ainda equivale a uma condenação mais precoce. Entre os efeitos negativos previsíveis dessa revolução nos diagnósticos está um crescimento no número de abortos seletivos, para impedir o nascimento de crianças com predisposição – nunca 100% segura – para certa doença. E ainda, a invasão de privacidade por seguradoras e empregadores. Mas se abre também a perspectiva de projetar remédios em computador, sob medida para a coleção peculiar de genes do paciente.



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