O que é TPE e o que a diferencia de uma relação D/s 24/7 com submissão negociada? *

Por missy
Tradução por WYSIWYG



TPE = TOTAL POWER EXCHANGE = Submissão Absoluta ou Total Entrega de Comando
Nota inicial da Autora: Estas idéias e definições são meramente minhas e de modo algum uma definição oficial de TPE. Todo tipo de relação TPE é única (com características próprias e diferenciadas). Eu acho entretanto que, existem algumas similaridades. Também digo que, como Leo e eu, homem Dominador e mulher submissa, eu acho natural usar "ELE" para o Dom e "ELA" para a sub. Mas obviamente que existem relações inversas, Domme e Sub.

É deveras interessante para mim, nova no mundo do BDSM descobrir o quanto hostis muitas pessoas deste meio se apresentam quando se defrontam com relacionamentos diferentes como o chamado TPE (TOTAL POWER EXCHANGE = Submissão Absoluta ou Total Entrega de Comando). Como vivo uma relação TPE, isto se torna algo muito natural para mim, e eu não vejo qualquer "ameaça" que muitos vêem nisto. Mas eu entendo que uma relação TPE não é pra qualquer um. Nem digo que TPE é melhor que outros tipos de D/s. O que eu digo é que é algo totalmente diferente.

Então, O que é TPE? (Total Power Exchange = Total Submissão ou Total Entrega de Comando)
O nome já diz. Significa Total, oposto de parcial. Significa que a parte submissa entrega à parte Dominante seu Corpo, Alma e Mente sem restrições. O Dom por sua parte assume a enorme responsabilidade de possuir a submissa. Assim, como estas atitudes fazem a TPE diferente de D/s? Usarei Leo e eu nos exemplos, porque eu conheço nosso relacionamento melhor que outros.

1- É um compromisso para toda vida.

A morte de um dos parceiros é a única saída da relação. A maioria dos casais TPE que conheço estão nesta relação para o resto da vida. Quando eu e Leo casamos, eu lhe prometi amar, honrar e obedecê-lo até que a morte nos separe. Para as pessoas presentes, foi como qualquer cerimônia de casamento. Nada fora do usual para um casamento normal, exceto talvez a parte sobre OBEDECER.

2- Leo e eu aceitamos nossos votos literalmente (Sem restrições)

A submissa não pode deixar a relação. (E nem o Dom, de acordo com o item acima) Ela entregou sua liberdade ao Dom, assim abriu mão do direito de terminar a relação. Ela não pode sair. Este é um dos fatores que fazem muitas pessoas se retrairem quando falam de TPE. Argumentam - "Voce pode deixar a relação se quizer". É claro que isto é válido no sentido de que eu poderia deixar a relação ou abandonar a casa se eu não estiver normal ou enlouquecida. Entretanto, Leo viria atrás de mim e me traria de volta. Isto é seu direito. Muitos casais TPE criam um ambiente onde ações praticas tornam "impossível sair ou abandonar a relação".
Em nosso caso, existem várias coisas. Eu não tenho emprego fora de casa. Consequentemente eu não tenho meu dinheiro. Quando eu preciso de dinheiro, tenho que pedir, e ele me dá. Se eu tenho troco após as compras, eu devo lhe devolver tudo. Não tenho carro, e assim não posso ir à lugar algum à pé pois não existe transporte coletivo perto. Portanto, mesmo que eu subitamente me tornasse insana e quisesse partir, seria muito difícil.
Sei que para a maioria das pessoas isto parece uma prisão. Mas o que vocês precisam entender é que é numa prisão que eu quero estar. Existem questões práticas para apoiar este desejo de ambos. Penso nisto como uma determinação que eu compartilho com outros pessoas muito comprometidas ou que fizeram juramento, como freiras ou monjes. A comparação com religiosos termina aqui! *risos. Tenho visto que ao longo do tempo a idéia de deixar a relação se torna mais e mais distante. Isto é algo simples e não um problema. Como qualquer outra propriedade de Leo, eu fico aqui. Como seu carro que não pode sair por conta própria, eu não posso também sem sua ordem.

3- Não existe contrato

Muitos teóricos do D/s dizem que deve-se negociar um contrato antes de estabelecer um D/s 24/7. Um contrato para colocar as coisas em ordem. Numa relação sem submissão absoluta, é normal a necessidade de contrato. E existem setores da vida dos parceiros que são mantidas fora da Dominação/Submissão. Filhos e emprego da parte submissa são preservados. E muitos momentos da relação são mantidos fora do circulo de poder.
Numa relação TPE o contrato é insignificante. A parte submissa entregou sua liberdade ao Dom. Não existe razão para delimitar as áreas de poder sobre a submissa. O Dom tem todo o comando. Ela nada. Não existe razão para escrever isto em papel.
O único pedaço de papel que temos são nossos votos de união, quando eu fui encoleirada 6 meses após nosso casamento.
Não existem regras. Quando estabelecemos nossa união TPE, tentamos obter toda informação que pudemos, quanto a fazer isto direito. Todos diziam que precisavamos de regras. Tentamos, seriamente. Anotamos varias sugestões que achamos que nos adequaria. Mas por fim, achamos que era perda de tempo, pois Leo tem a palavra final. Se ele me diz para ir tingir meu cabelo de vermelho, é isto que eu faço. Suas decisões sobre mim muitas vezes chegam a alguns detalhes quanto ao que eu devo usar, quando ir ao banheiro e rotinas diárias. Mas se por alguma razão ele quiser, ele pode dizer tudo que tenho que fazer em minúcias. É seu direito.
Na maioria das vezes, ele traça o principal. No exemplo do cabelo, eu sei que ele gosta que eu tenha cabelos curtos, e é comigo decidir quando cortá-lo. Quando acho que é hora de corta-lo, pergunto se posso marcar hora na cabeleireira e peço lhe dinheiro para ir.
Quanto a coisas mais importantes, Leo decide como fazer as coisas no dia a dia. Como usar o tempo e quando me é permitido deixar a casa. Ele decidiu que eu não teria um emprego. Não tenho meu dinheiro nem meu carro. A maioria das pessoas diriam que isto é uma prisão. E elas não vêem que de fato esta é vida que me faz bem.

4- Não existe Safeword

Para minha surpresa, acho que as pessoas realmente ficam ofendidas quando ouvem que não tenho safeword. Eu nem entendo o conceito de safeword. Me sentiria como se tivesse o controle da situação ao gritar algo para parar. Numa relação TPE não existe interrupção ou safewords. O Dom é quem manda todo o tempo. Ele sabe minhas reações o bastante para avaliar o que esta acontecendo, quando parar ou continuar. Para isto é como o técnico de um time. O técnico força os limites, muitas vezes além do que o jogador imagina. E um bom técnico faz isto sempre. Ele às vezes usa de psicologia reversa para me motivar. Diz -"Ok, vamos parar. Eu sabia que voce não era capaz disto". Então eu tenho que admitir se sou incapaz de continuar ou não.

5- Não existe negociações ou limites conhecidos

Muitos praticantes combinam limits antes de iniciar uma sessão. Não é assim para um casal TPE. Isto é totalmente irrelevante. Eu entreguei meu corpo, mente e alma, e ele tomou a responsabilidade de gerenciar e controlar meus limits. Claro, todas as pessoas tem limites, incluindo a parte submissa numa relação TPE. Eu tenho vários. Mas parte de nossa emoção é encontrá-los, e para Leo é forçá-los, quaisquer que sejam os limites que ele queira forçar.

6- Finalizando e Concluindo

Portanto, qual é o objetivo de um casal vivendo uma relação TPE? Eu diria que é uma simbiose - quase se tornar uma pessoa somente, ou como se fosse um organismo que é único, mas constituído de duas células dependendo uma da outra. Certamente isto não é para todos. As duas pessoas envolvidas devem realmente desejar e tirar prazer disto. A parte submissa tem que sentir o desejo de entregar sua liberdade, e o Dom por sua vez, tem que ter a necessidade de total controle.

Seria realmente possível atingir um objetivo como este? Talvez não. Mas num sentido que realmente importa, a jornada em tentar atingir este objetivo é por demais prazeirosa em si mesma. E nós gostamos desta viagem.


* Título original: What is TPE and how does it differentiate from a D/s relationship
Publicado no site www.albanypowerexchange.com

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