Quem tem medo da troca de poder?*

Quest�es b�sicas recorrentes sobre a vida real em um relacionamento positivo baseado na troca de poder, na forma de resposta a uma pergunta feita por uma submissa preocupada com seu futuro como pessoa em um relacionamento nesse estilo


Por Polly Peachum e Jon Jacobs
Tradu��o por Dragomir Boutli

*T�tulo e subt�tulo dados pelo tradutor

Ao ler �Violence in the Garden� fiquei mexida at� o mais profundo de mim. Eu tenho fantasias de submiss�o desde sempre. Tamb�m fico excitada pela fic��o er�tica com conte�do submisso e dominante, mas vivenciar na realidade a vida que a Polly descreve despertou toda a emo��o que eu posso suportar de uma s� vez. Eu estava em um relacionamento que estava come�ando a ir em uma dire��o que me fazia mais submissa (infelizmente com um homem de mau temperamento), mas isso me assustou, me deixando desafiadora e teimosa. Polly, como pode voc� se manter centrada em um relacionamento como esse? Se Jon � que define quem voc� �, quando voc� tem sentimentos, id�ias e quer empreender a��es que n�o s�o aprovadas por ele, o que voc� faz? Eu estou com medo de ter de parar de sentir, de ter inclusive de deixar de tentar ser quem eu sou.
Eu n�o acho que eu poderia ir t�o fundo quanto voc� neste relacionamento, mas eu estou em um estado de perplexidade em rela��o aos intensos sentimentos er�ticos que a submiss�o e domina��o sempre despertaram em mim.
Gostaria muito de ter uma resposta de tua parte.

Kat



RESPOSTA DE JON E POLLY:

Estamos contentes que �Violence in the Garden� tenha tido um profundo efeito em voc�. Muitas pessoas t�m reagido desta maneira e por raz�es similares �s tuas. Muitas delas tamb�m t�m experimentado relacionamentos que se movimentaram no sentido da troca de poder, mas com um homem como o que voc� descreve, que � incompetente para controlar a si mesmo, que dir� para controlar outros. N�s conclu�mos que esse teu estado desafiador e de teimosia j� existiam antes do relacionamento que voc� descreve, e queremos te assegurar que ser desafiadora e teimosa n�o impossibilitam que voc� venha a ter sucesso em um relacionamento de troca de poder. Polly � ambos, de carteirinha.

Tuas perguntas s�o boas n�o tanto pela dificuldade que trazem, mas pelo fato de que s�o aquelas que s�o feitas com muita freq��ncia. Elas s�o baseadas num mal-entendido a respeito de relacionamentos de troca de poder: que a parte submissa se perde nesses relacionamentos, que s�o despidos de suas personalidades, que s�o de algum modo como uma extens�o da personalidade de seu dominante. Na realidade, nada poderia estar mais longe da verdade.

Voc� pergunta: como pode voc� se manter centrada? Uma das muitas vantagens de um relacionamento de troca de poder bem sucedido para a submissa � que ela � encorajada e usualmente at� mesmo for�ada a manter-se centrada. Um dos mais importantes m�ritos da maioria dos dominadores � ver sua parceira submissa desenvolvendo seus pr�prios interesses, entusiasmos e talentos, tanto quanto eles possam ser desenvolvidos. N�o que a realidade de tal relacionamento � especialmente a exposi��o da submissa �s id�ias e �s coisas pelas quais o dominante nutre entusiasmo � n�o traga freq�entemente mudan�as na vis�o e nos interesses da submissa; isso acontece em todos os relacionamentos �ntimos em um ou outro n�vel (e flui em ambas as dire��es: a estranha fascina��o da Polly por concursos de beleza na televis�o transferiu-se para o Jon, enquanto o amor sanguin�rio de Jon pelo boxe � agora compartilhado pela Polly). Nem se precisa dizer que parceiros submissos s�o geralmente for�ados a perseguir seus interesses e as coisas pelas quais nutrem entusiasmo muito al�m do que eles naturalmente fariam. A quest�o fundamental aqui � que um genu�no dominador, que ama sua parceira, quer que ela cres�a e que expanda todas as suas habilidades e interesses, assim como, atrav�s do processo de cura que � sempre um subproduto de um bom relacionamento de troca de poder, expanda tamb�m seu poder de recupera��o emocional.

Voc� pergunta: �Se Jon � quem define quem voc� �, quando voc� tem sentimentos, id�ias e quer empreender a��es que n�o s�o aprovadas por ele, o que voc� faz?� Isso pode funcionar um tanto diferente de um relacionamento para outro, mas em nosso relacionamento a coisa funciona segundo um princ�pio simples, ainda que seja um princ�pio que n�o � sempre simples de ser aplicado: se a Polly quer fazer algo que Jon n�o quer que ela fa�a, Jon tenta ver porque a Polly quer faz�-lo. J� que Jon quer que Polly fa�a tanto do que ela gostaria de fazer quanto poss�vel, se aquilo que ele acaba sabendo sobre as raz�es da Polly fazem sentido para ele e se ele n�o sente que aquilo que ela quer fazer � auto-destrutivo ou de alguma maneira muito negativo, ele a deixa faz�-lo. Se, ap�s ter tentado entender ao m�ximo suas raz�es para querer empreender aquela a��o, ele ainda se op�e a ela, Polly n�o o faz (ainda que nem sempre sem uma conseq�ente discuss�o e resist�ncia). Ainda que seja verdade que, quando as discord�ncias n�o podem ser resolvidas, a Polly pode se sentir frustrada �s vezes por n�o poder fazer o que quer, essa ocorr�ncia � relativamente rara e, quando isso ocorre, Polly �s vezes simplesmente aceita a decis�o, �s vezes fica de mau-humor ou infeliz, �s vezes tenta discutir indefinidamente � isto pode variar com seu humor, com a import�ncia da quest�o e at� mesmo com o per�odo do m�s. Por fim, se ela n�o pode mudar a opini�o do Jon, ela simplesmente aceita a decis�o e que isso n�o a faz sempre feliz ou mesmo satisfeita. Ao longo do tempo, claro, essas situa��es, mesmo desconfort�veis, ajudam-na em sua consci�ncia de ser controlada, que � algo que ela adora.

Quando voc� se refere acima a �sentimentos e id�ias�, n�s conclu�mos que voc� pensa em sentimentos e id�ias que levam a a��es que Jon n�o aprova, mas elas levantam uma outra importante quest�o sobre a qual voc� pode n�o ter pensado. Muitas pessoas que nunca se envolveram em rela��es de troca de poder � incluindo a grande maioria dos homens que figuram nas paradas da Internet como dominadores e que n�o s�o � trabalham com a absurda concep��o que submissas em relacionamentos de troca de poder n�o t�m �permiss�o� para expressar sentimentos ou id�ias que sejam desconfort�veis para seus parceiros dominantes, que os desafiam de algum importante modo, ou que �complica� suas vidas. Qualquer autoproclamado �dominador� que acredita em tal coisa ou qualquer submissa envolvida com tal �dominador� tem de contar com uma grande (m�) surpresa s�bita. Um dos m�ritos fundamentais de um relacionamento de troca de poder para o parceiro submisso � um m�rito que precisa estar l� na realidade se � que o relacionamento tem de funcionar � � que o dominador cria em torno dela uma ilha de seguran�a emocional, um lugar onde ela � ao mesmo tempo encorajada e exigida a expressar seus mais profundos sentimentos, n�o importa qu�o problem�ticos eles sejam para ela ou para o seu dominador, sem qualquer medo de puni��o de qualquer tipo, f�sica ou emocional. Este conceito n�o � de ordem simplesmente ideol�gica; ele � verdadeiro porque, a n�o ser que a submissa se sinta absolutamente livre para se expressar clara e livremente e sem qualquer medo de vingan�a de qualquer tipo, ela vai ser impossibilitada de ser totalmente honesta e aberta com seu parceiro, o que vai acarretar que ele vai perder a informa��o da qual necessita para que possa control�-la e assim garantir o sucesso do relacionamento; a n�o ser que a base de confian�a na qual ele se sustenta comece a ser estabelecida desde o in�cio do relacionamento, esse relacionamento vai certamente dar errado.

Voc� diz: �Eu estou com medo de ter de parar de sentir, de ter inclusive de deixar de tentar ser quem eu sou�. Por que? Existe algo de errado com quem voc� �? Sua personalidade precisa ser expurgada? Se voc� acha que sim, voc� precisa de terapia e n�o de domina��o. Voc� quer dizer que voc� iria parar de ser quem voc� � porque seu dominador iria desencorajar voc� a ser quem voc� �? Se � isso � partindo do princ�pio que voc� est� com um genu�no dominador � a coisa j� est� resolvida, j� que ele vai encoraj�-la a ser sempre o mais de voc� mesma. Talvez ajude, se voc� nos disser por que voc� deixaria de tentar ser quem voc� �.

A verdade � que um homem genuinamente dominador quer estar com uma mulher que � segura de si, que goste de si mesma e de sua personalidade e das coisas pelas quais nutre entusiasmo e que aprecia seu valor para si mesma e para ele ao extremo. A maioria das mulheres submissas, quando entram em um relacionamento de troca de poder, trazem consigo uma carga de m�goas e de comportamentos autodestrutivos que surgiram da dificuldade em ser uma mulher submissa num mundo convencional. Um homem genuinamente dominador vai ajud�-la a curar essas feridas de tal forma que ela possa se tornar mais forte, ser mais ela mesma ao inv�s de menos, ainda que ela fique a maior parte do tempo na presen�a de e subordinada a uma personalidade mais assertiva e segura. Qualquer homem que n�o ajuda sua parceira a se tornar mais o que ela mesma � n�o � um dominador, mas t�o somente algu�m louco por controle.


Publicado no site www.submissivewomenspeak.net Pendente de autoriza��o

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