por Gilberto Puppet

Como irreverência exacerbada e barris de cerveja parecem ser requisitos mínimos para toda banda de ska que se preze, eles trataram de não fugir a regra. Mas junto disso, demonstram que o “Do it yourself” do punk rock tem tudo a ver com o ”Positive vibrations” do reggae. Eis a banda da Zona Oeste do Rio de Janeiro que traça uma convergência entre dreadlocks e moicanos. Skabong.

Skabong. Primeira página.

Rafild (guitarra e voz): Em meados do ano 2000, eu conheci o Daniel “Mullet”. Conversando, descobrimos que tínhamos gosto musical em comum e que ele tinha um mais de experiência musical do que eu, que era bem iniciante. A parada só começou mesmo em 2001 com a primeira formação (Dani no baixo, Rafael na guitarra e voz, Davi na batera) e três musicas próprias. Nós chegamos a ter um outro batera (o amigo Pedrinho), mas a banda só tomou jeito de banda mesmo a partir da entrada do Rafael (Amendoim) no final de 2001. Nós tivemos a idéia de montar a banda pra tocar o que a gente gosta, que é Sublime, Bob Marley, Long Beach etc e que nos motivou foi o fato de querer fazer este som praiano que é raro por aqui.

E qual seria o motivo deste som praiano ser raro justamente por aqui, no Rio de Janeiro?

Rafild: Eu digo raro no meio underground. Deve ser pelo fato das maiores influências da galera que está neste meio hoje em dia ser bandas que fazem estilos mais carregados e sentimentais, focando suas composições em problemas existenciais e de relacionamento. Isso acaba ficando repetitivo e maçante.

O interessante é que o último show que vocês fizeram foi junto de bandas punk/hardcore de vertentes mais agressivas e, mesmo assim, vocês colocaram todos para dançar, literalmente. Como vocês explicam aquilo?

Daniel “Mullet” (bateria): Pô, cara, foi sobrenatural! Eu sinceramente pensei "Putz, a galera não vai curtir...", e foi justamente o contrário. Deve ter sido pelo fato de termos quebrado um pouco aquele ambiente “heavy” e mostramos de perto como é o Ska, o Dub, o Reggae etc. Acho que foi isso...

Rafild: Nós tocamos com muita alegria e sinceridade. A galera que curte rock de verdade tem uma cabeça mais aberta em relação à música e tal...

Daniel “Mullet”: Pode crer...

Rafild: E a galera que curte o que está na moda repele tudo que for diferente.

Daniel “Mullet”: Depois nós, os rockeiros sujos, é que somos bitolados...

Costumam acontecer coisas surreais nos shows de vocês? Qual foi a mais?

DM: Cara, teve um show eu quase morri. Quando fomos tocar no Reggae Night (Curicica), fui de carro com o organizador até a casa dele na Vila Sapê buscar a bateria. Passamos entre várias vielas e cheguei em um largo aonde havia um monte de homens dando tiros pro alto. Assim que eles me viram, apontaram as armas pra mim. Eu só enxergava o laser das pistolas! Então o organizador abriu a janela rapidamente e começou a gritar "sou morador, sou morador!" Fiquei pasmo. Depois um dos pistoleiros veio falar comigo: "Aí irmão, chega devagar porque estão querendo tomar nosso pico". Daí foi isso e o show começou meia hora depois deste ocorrido.

Vocês possuem composições em inglês?

DM: Nem. Só em portuga mesmo.

E a galera realmente se liga nelas ou o que curtem mais é a “vibe”?

DM: Eu acho que o que curtem é a vibe mesmo...

R: Até porque, infelizmente, no underground o equipamento deixa muito a desejar às vezes e, como não temos muito material gravado, a galera não sabe as letras e tal...

DM: É verdade, mas estamos com planos de gravação para fevereiro! (Nota do Editor: a entrevista foi feita em janeiro)

E algum selo anda a espreita?

DM: Não. Selo por enquanto é algo que está fora dos planos. Só queremos tocar, fazer shows e beber cerveja.

Muitas bandas possuem pretensões que muitas vezes soam até megalomaníacas sobre o fato de sair do underground etc. Vocês possuem esta ambição?

DM: Acho q a galera do underground é mais fiel ao que curte. Eu desejo me manter nele, temo ter de mudar nosso som e tal...

R: Se aparecer uma proposta que envolva muito dinheiro, carrões, mulheres e excessos eu topo amarradão, mas acho que isso não vai acontecer, então estou feliz como estou agora. Por uns milhões eu mudo.

DM: Aí eu largo banda, abro um puteiro e me mudo para Long Beach (risos).

A banda andou estagnada por um período. Neste tempo de retomada, o que vocês sentem que mais mudou (ou não) entre vocês?

DM: Cara, evoluímos muito, engordamos mais, temos mais maturidade, equipamentos, idéias, influências etc. Enfim, muita coisa. Acho que nós três estamos mais apegados também. O Rafild está quase aprendendo a tocar mais ou menos (risos).

2007 está aí, recém-nascido. Deixem suas resoluções para este ano.

R: O objetivo será ensaiar bastante pra melhorar o som e gravarmos um cd com algumas músicas pra começar a fazer quantos shows forem possíveis e acima de tudo evoluir musicalmente para levar para a galera a nossa mensagem verdadeira de diversão e paz.

DM: E beber mais cerveja ainda.

R: E trepar muito também...

D: YEAH! Até cair!

Conheça o Skabong:
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